A celebração eucarística: lugar do ir ao encontro

No itinerário espiritual, catequético e litúrgico que fazemos na experiência de nossa fé, temos a oportunidade de diária ou dominicalmente encontrar os irmãos e irmãs. A celebração eucarística (Missa) torna-se o centro de toda caminhada comunitária, pois ali, nos reunimos em torno do Cristo Palavra e Alimento. Celebrar o banquete, é entender a oportunidade de vivenciar a atitude de bendizer aquele que nos reúne no amor de Cristo.

Ir ao encontro de Deus. Na dinâmica de nossa celebração, vamos compreendendo como se faz necessário ir ao encontro. Estar com aquele que não pensou duas vezes para antes de nós, oferecer um lugar de convivência e de entrelaçamento dos anseios. Quando vamos para a missa, podemos experimentar uma ação divina que já veio ao nosso encontro e continuará deixando-se encontrar nos atos celebrativos.

Ir ao encontro do Outro. Não podemos viver uma fé individualista, isolada, fria, egoísta. A fé, insere-nos na vida de Cristo e do outro que é membro do mesmo corpo. A missa é uma oportunidade clara para superar os “egos da fé”. Aprendemos em cada celebração a colocar a necessidade do outro antes da nossa. Rezamos juntos, proferimos as orações (na sua maioria), no plural. Somos ali o corpo eclesial que faz das palavras uma prece de unidade, de ação de graças, de intercessão, de misericórdia. Rompemos com aquilo que nos fecha, quando dizemos no início da Oração Eucarística que nosso coração está em Deus.

Ir ao encontro da Palavra. A missa é composta de dois grandes banquetes: o da Palavra e do Corpo e Sangue de Cristo oferecidos com alimento espiritual. Participar da celebração diária ou dominical é desejar pautar a vida, a consciência, o coração, tendo como referência a Palavra que é do Senhor e que é de Salvação. Abrir-se ao anúncio da Palavra é fazer o encontro com a Palavra que se fez carne e habitou entre nós. Cristo não é apenas palpável na condição de ser humano, mas é também, experimentado no conjunto dos verbos, dos substantivos, dos adjetivos e de tudo aquilo que envolve a dinamicidade da palavra proclamada.

Ir ao encontro do Alimento. Depois do banquete da Palavra, somos conduzidos pelo Espírito a ir ao encontro do Cristo que se faz oblação, entregando seu corpo e sangue para que entendamos que ali, somos nutridos da misericórdia, da aliança, do amor, do carinho e do afeto eterno que Deus tem por nós. A sociedade está carente de tantos valores, por isso, cada católico, que participa da mesa do sacrifício, deve entender que não vai ali apenas para cumprir um rito, um gesto mecânico, mas acima de tudo, vai ali buscar um alimento que quer nutrir o coração, a consciência, para que depois reflitam nos gestos e comportamentos.

Ir ao encontro das realidades. Do encontro com Deus, com o outro, com a Palavra, com o alimento, temos um grande desafio vivencial: ir ao encontro de nossas realidades. Não podemos entender que a Missa é um lugar onde fugo da realidade, pelo contrário, ela nos insere cada vez mais, fazendo-nos enxergar aquilo que nem sempre queremos ou temos coragem. As realidades da família, da conjugalidade, dos filhos, de si mesmo, dos parentes, dos amigos, dos colegas, do vizinho, como tudo isso, reflete aquilo que buscamos na missa?

É bom ir ao encontro, melhor ainda, é fazer deste um espaço do querer ser melhor. Liturgia é isso, encontro de corações que não querem permanecer parados, mas dar passos, para que um dia possamos celebrar a festa da eternidade. Pense como sua participação nas missas, nos ritos litúrgicos de nossa igreja, proporciona um encontro, para assim, superarmos os desencontros da vida.

Pe. Kleber Rodrigues da Silva

Fonte: Jornal O Lábaro – edição agosto/2016

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