O que é ser missionário?

“A ordem dada aos doze, ‘Ide, pregai a Boa Nova’ continua a ser válida, se bem que de maneira diferente, para todos os cristãos”, disse o papa São Paulo VI na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, 13. A Igreja nasce da ação evangelizadora de Jesus e dos doze.

Todo batizado, mergulhado no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, também é chamado e enviado a fazer novos discípulos. Portanto, a missão não é privilégio de alguns, e sim, um chamado à toda a Igreja, a todos os batizados. Mas, do meio do povo de Deus, alguns homens e mulheres sentem o chamado latente em fazer de suas vidas verdadeira missão.

Para isso, se preparam e consagram suas vidas em institutos ou congregações religiosas para se lançarem de corpo e alma nos campos de missão, dentro ou fora da sua pátria, fazendo ecoar a novidade do Reino nas mais variadas situações existenciais.

Missionar não é levar Cristo, mas, em primeiro lugar, despertar o espírito missionário, pois antes mesmo do missionário, o Espírito Santo ali está trabalhando. Sua missão é despertar as sementes do Verbo naquela cultura. O missionário é aquele que faz experiência com o primeiro missionário enviado do Pai, Jesus, o Verbo encarnado, para depois anunciar aquilo que viu, ouviu e experimentou.

Diz São Policarpo de Esmirna: “Dentro do coração do missionário há uma preocupação contínua pelos mais longe”. Portanto, é sair de si e ir ao encontro, propor e não impor uma ideia, mas uma pessoa – Jesus de Nazaré. Primeiro, conhecer a realidade, inculturar-se e, a partir disso, fazer um caminho juntos, aproveitando o que de bom e “sagrado” aquela realidade já vive. Viver inquieto, anunciar com ousadia, usar novas metodologias para chegar realmente a todos.

Corremos o risco em querer levar a Boa Nova aos distantes, afastados, mas quantos cristãos católicos, apenas batizados e não evangelizados estão em nosso meio?! O Concílio Vaticano II nos aponta o caráter missionário de todo o povo de Deus, em particular, o apostolado dos leigos. Por isso, é necessário que todo fiel leigo seja despertado para sua responsabilidade missionária que nasce da dignidade batismal. Portanto, a missão não é uma ideia, um programa, um projeto, mas a experiência do acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anuncia-lo, contando sempre com a graça de Deus, que age silenciosamente onde e quando menos esperamos.

Despertemos o espírito missionário que está em nós!

Pe. Abílio Dantas, msj
Superior Geral dos Missionários de São José

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