O Papa Francisco pede que: Rezemos pelas religiosas e consagradas, agradecendo-lhes a sua missão e a sua coragem, para que continuem a encontrar novas respostas diante dos desafios do nosso tempo.
Ao longo da sua história, a vida consagrada exprimiu-se numa grande variedade de formas originais, umas em forma de consagração a título pessoal, como os primeiros ascetas, as virgens e as viúvas, outras em forma de grupos organizados, como as ordens monásticas, as mendicantes, os clérigos regulares, etc., que constituem a vida religiosa propriamente dita.
Mais recentemente, a vida consagrada encontrou novas formas de expressão nos institutos seculares e outras experiências novas que se não reconhecem nos modelos jurídicos precedentes.
Tal variedade atesta a vitalidade e a criatividade da Igreja em ordem a uma resposta às exigências do Evangelho e às necessidades de cada época. Os próprios modelos bíblicos inspiradores da vida religiosa são também variados.
O texto-chave do Concílio Vaticano II, o n.15 do Decreto Perfectae caritatis (Sobre a renovação da vida religiosa) propõe como modelo privilegiado da comunidade religiosa a comunidade de Jerusalém (não é o único modelo de comunidade do Novo Testamento nem sequer do Atos dos Apóstolos). Cada época criará e modelará os seus modelos de vida religiosa.
As novas formas de vida religiosa e consagrada têm características importantes: a prioridade da vida sobre as estruturas; a redescoberta do Espírito Santo, da oração, do louvor e dos valores da celebração; a sensibilidade aos pobres, nomeadamente aos novos pobres e excluídos da nossa sociedade; a atuação em estruturas e lugares seculares; a hospitalidade e acolhimento a quantos queiram partilhar sua vida.
A vida consagrada, como afirmou o Santo Papa João Paulo II, como qualquer realidade da Igreja, está atravessando um tempo delicado e duro. Perante a diminuição numérica que a vida consagrada, particularmente feminina, existe a tentação do desânimo. Porém o medo não deve ser este, e sim o de deixar de ser luz que ilumine a nossa sociedade. São chamadas a ter grande confiança no amor de Deus. Ser sentinelas que anunciam a chegada da aurora; para ser fermento onde quer que se encontrem.
Há muitas pessoas que esperam e precisam do testemunho e ação das religiosas e consagradas. De palavras que semeiem esperança e cure as feridas de tantos. Religiosas que abram caminho novos às culturas e às sociedades. Abrindo sendas para levar a luz do Evangelho às diferentes culturas em que vivem e trabalham. O caminho da vida consagrada é o caminho da inserção eclesial. Ampliar sempre os espaços de uma presença mais incisiva. Seja qual for o modo de estarem presentes no mundo ao serviço de Deus, acompanham as transformações e vicissitudes próprias de cada época e de cada experiência cultural. A vida religiosa inserida no mundo contemporâneo enfrenta as contrariedades e tenta responder aos seus desafios.
A vida religiosa e consagrada não apenas interpela criticamente os grandes ídolos da civilização contemporânea. Mostra também que há, afinal, outros caminhos por onde, sem ganância, sem obsessão de poder e sem idolatria do prazer, se conquista a felicidade de amar, de dar a vida e de servir.
Desempenham, na perspectiva introduzida pelo Concílio Vaticano II, a função de sentinelas de Deus, em permanente vigília orante, como sinais proféticos de um Mundo Novo de harmonia e paz, cujo advento acompanha a agitada aventura humana.
Prof. Dr. José Pereira da Silva
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