Educar para a fraternidade

Intenção de oração do papa Francisco janeiro de 2022

O Papa Francisco olha e reza para as diversas realidades do mundo. Intenções de orações  para cada mês do ano de 2022. Para o mês de janeiro o tema é: Educar para fraternidade.

Diz o Papa Francisco: “Rezemos para que todas as pessoas que sofrem discriminações e perseguições religiosas encontrem nas sociedades onde vivem o reconhecimento dos próprios direitos e da dignidade que nasce de ser irmãos”.

Farei um comentário mensalmente de cada intenção de oração pedida pelo Papa Francisco.

O verdadeiro sentido da vida volta a estar em jogo, convida-nos a procurar a felicidade e exige que encontremos novos canais de convivência e fecundidade espiritual.

Educar para fraternidade é educar a viver. O problema da sociedade atual é a ausência de valores.  Faltam muitas vezes valores que relacionem e aglutinem as vontades humanas, que dêem sentido à vida, a ideais pelos quais viver ou lutar.

É preciso através da educação para a fraternidade e convivência capacitar as pessoas a participarem ativamente de uma sociedade complexa e em contínua transformação, fundamentada em princípios democráticos e participativos.

Educação para fraternidade deve permitir o exercício dos valores que tornam possível a vida em sociedade, especialmente o respeito aos direitos e às liberdades fundamentais e a aquisição de hábitos de convivência e de respeito mútuo.

A vocação do ser humano tem um caráter essencialmente comunitário. Ele é um ser sociável por natureza, foi criado à imagem e semelhança de Deus. Deus é dom e o ser humano tende naturalmente a doar-se.  Desse estímulo espontâneo para a doação nascem a convivência e a sociedade.

Por outro lado, o ser humano abandonado às próprias forças seria incapaz de alcançar sua perfeição integral. Mas o instinto de sociabilidade o leva a unir-se aos seus semelhantes, para com eles alcançar o seu fim último por meio de uma colaboração mútua e de uma convivência solidária e fraterna.

O indivíduo humano não pode encontrar sua perfeição fechando-se em si mesmo, mas na comunhão com os demais, na sociedade humana, na comunhão homem e mulher e pais e filhos na sociedade familiar, na comunhão no grupo étnico, na nação , na humanidade.

Na vida pública houve um processo de concentração de poderes, como econômico e o político, que agigantam e tornam visíveis as desigualdades, dificultando o exercício do amor.

Isso contribui também para que se perca progressivamente a consciência do nós e possibilita a falta de preocupação e de responsabilidade comunitária de muitos, acentuando um individualismo feroz que penetra inclusive no ambiente sagrado do lar, para desintegrá-lo.

O direito à liberdade religiosa é fundamental na construção da paz. Esse respeito é tão crucial que, quando falta, quando é ignorado ou, pior ainda, quando é deliberadamente violado, fica muito difícil para os fiéis das várias religiões contribuírem para a paz.

Para praticar a religião de uma maneira digna da pessoa humana, a liberdade é necessária. O ser humano precisa estar livre de coações exercidas por indivíduos, por grupos ou mesmo pela autoridade legitimamente constituída, local ou nacional, religiosa ou civil.

A liberdade religiosa é um direito, uma exigência moral feita a outras pessoas e um clima necessário para colaboração com outros fiéis para formar uma sociedade harmoniosa.

“Essa liberdade”, diz o Concílio Vaticano II, “consiste nisso: todos os homens devem ser imunes à coação, tanto por parte de pessoas particulares quanto de grupos sociais e de qualquer poder humano, de tal sorte  que em assuntos religiosos a ninguém se obrigue a agir de maneira contrária às suas crenças, em particular ou em público, só ou associado a outros, dentro dos devidos limites” (Dignitates Humanae, 2).

A pessoa humana é por natureza impelida e moralmente compelida a procurar a verdade, sobretudo a verdade religiosa, a aderir à verdade quando esta é conhecida e a ordenar a vida pessoal segundo as exigências da verdade objetiva. Isso lhe confere uma elevada dignidade e uma grave responsabilidade.

Para poder corresponder a essas exigências, o homem precisa estar imune às coações externas. O direito à liberdade religiosa fundamenta-se na dignidade da pessoa humana, como sabemos tanto pela razão como pela revelação divina. A religião não é apenas uma questão de foro íntimo, e por isso a liberdade de religião não pode ficar restrita ao domínio puramente pessoal.

A liberdade religiosa compreende não apenas liberdade de consciência, mas também liberdade de viver, de professar e propagar a religião, sozinho ou com outras pessoas.

 Prof. Dr. José Pereira da Silva

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