Da espiritualidade cristã podemos falar de práticas fundamentais que não podem faltar. São elas 1) a meditação da Palavra de Deus; 2) vida de oração; 3) frequência aos sacramentos (eucaristia e confissão); 4) vivência da caridade; 5) prática das virtudes evangélicas (pobreza, castidade e obediência) e 6) a comunhão eclesial.
Não importa o movimento ou família de espiritualidade, para ser cristã é preciso ter esses seis elementos básicos. O que diferencia um grupo espiritual de outro será o carisma do fundador (ordens e congregações religiosas) ou do movimento e o modo de praticar os elementos essenciais da espiritualidade cristã.
Sem meditar a Palavra ninguém pode conhecer a Deus; se não refletir sobre o evangelho, em espírito de oração, não é possível conhecer a Jesus, o Mestre. A oração é essencial na vida espiritual, a qual, sem a oração sequer existe. A oração é aquele momento de íntima relação com Deus, é o permanecer com o Senhor. A participação nos sacramentos da Igreja nos une sempre mais a Deus. A frequência aos sacramentos da Eucaristia e da Confissão vai aperfeiçoando o nosso ser cristão.
O exercício desses três pontos citados leva a crescer na caridade, que é expressão concreta do ser cristão. As virtudes evangélicas foram propostas por Jesus a todos os cristãos e não são uma exclusividade dos que se consagram a vida religiosa. Cada cristão deve praticá-las segundo o estado em que vive, se solteiro, casado, consagrado ou membro da ordem sacra.
Por fim, a espiritualidade cristã nasce e se desenvolve na comunhão eclesial que acontece em duas vertentes, na comunhão fraterna e em comunhão com a hierarquia da Igreja. Se não está em comunhão com a Igreja nessas duas vertentes, a espiritualidade deixa de ser eclesial, deixa de ser cristã.
É nesse sexto ponto que tenho observado grave falta relativo a algumas falas de pessoas que se dizem defensoras dos valores cristãos. Muitas ressaltam sua ligação a algum movimento de espiritualidade. Enfatizam sua piedade e devoção. Contudo, defendem seu ponto de vista de modo hostil, com palavras rancorosas, desacatando o Papa e os bispos. Essas pessoas romperam com a comunhão eclesial negando obediência aos pastores constituídos da Igreja.
É fácil perceber que os seis elementos assinalados acima estão intimamente ligados, não é. Quem hostiliza o Papa, os bispos e padres em defesa de ideias particulares, ou de elementos não essenciais do cristianismo, como é o caso da tradição, demonstram, na verdade, pouco afinidade com todos os elementos essenciais da espiritualidade cristã. Se assim agem é porque conhecem pouco da Palavra de Deus. Se rezam, não aprofundam a experiência de estar com um Deus que é misericórdia e compaixão. Se participam da Missa, o fazem entendendo apenas a vertente da comunhão com Deus esquecendo os irmãos. Evidentemente não há sinal de caridade em discurso de ódio, baseado em falso testemunho ou, pior, expressando adesão a ideologias mundanas que servem apenas ao bem de alguns excluindo a maioria.
Se não obedecem aos pastores e são obstinadamente apegados às próprias ideias, dificilmente entenderão os conselhos evangélicos. É fácil perceber que não estão na comunhão eclesial e que suas atitudes os separam da Igreja e, portanto, de Cristo.
Pe. Silvio José Dias