EDUCAR SEGUNDO O EVANGELHO

Preocupados com as consequências da desregulada ação humana que gera degradação do planeta e alterações climáticas, a ONU realizou na 1ª quinzena de novembro, no Egito, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022, designada como COP-27. O objetivo é reduzir as altas emissões de poluentes e investir em energia limpa. As agressões ao ambiente têm consequências sobre a vida no planeta e sobre a vida humana. A Organização Mundial da Saúde apresentou que milhões de pessoas já adoeceram devido as emissões de poluentes e muitas outras adoecerão. Para evitar esses danos é que os países têm buscado planejar ações que reduzam tais danos.

                Movido também por essas mesmas preocupações e considerando o compromisso cristão em relação à vida humana, o cuidado da criação e da casa comum, em 2015, o Papa Francisco escreveu uma carta encíclica intitulada “Laudato Si”. Expressão tomada de São Francisco de Assis, ao louvar a Deus pela criação. Para que se alcance objetivos como: o de preservar o meio ambiente, sem se deixar levar pela ganância de lucros inconsequentes; para que se possa conviver pacificamente em meio às diferenças de um mundo pluralista; para que sejamos capazes de ver o outro como irmão e não como adversário a ser combatido; para que o ser humano seja construtor da paz, o Papa propôs (ao final de 2019) um Pacto Educativo Global. Esse projeto foi dificultado pela pandemia e vem sendo retomado. Não existe mudança que se faça sem uma caminhada educativa. Em nossa Diocese estamos reorganizando a Pastoral da Educação tendo em vista esses ideais, contando, sobretudo, com os professores cristãos que acreditam nesses valores e estejam dispostos a colaborar na construção de um mundo mais justo, fraterno e preservado.

                Em que consiste esse Pacto Educativo Global? Trata-se de um compromisso em prol das gerações mais jovens, tendo em vista uma educação que valorize a pessoa, seja inclusiva, capaz de escuta, diálogo construtivo e mútua compreensão. Uma educação para formar pessoas maduras, inspiradas pelos valores do evangelho, capazes de superar diferenças em vista a estabelecer relações mais fraternas, situadas em um mundo que tem que ser preservado, pois é obra de Deus e nossa casa comum. A educação é um dos caminhos mais eficazes para gerar novos paradigmas, para humanizar o mundo e a história, nos diz o Papa. Esse Pacto Educativo Global, tem em vista as gerações mais jovens, mas envolve as famílias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, enfim, a todos em vista a se estabelecer relações mais fraternas e responsáveis. O valor e a eficácia da educação não há que ser medido pela capacidade de fazer alguém superar avaliações ou concursos, mas se é capaz de tocar os corações, de formar a pessoa, de criar solidariedade e fazer nascer uma nova cultura. Os valores a serem cultivados são: a atenção, o respeito, o acolhimento ao outro, a solidariedade, a beleza, a bondade, a justiça, a paz, a fraternidade. Como referência para se construir novas relações entre as pessoas é oferecida a Doutrina Social da Igreja, inspirada na Palavra de Deus e no humanismo cristão.

                Em vista a concretização deste Pacto Educativo Global são propostos 7 compromissos: 1- Colocar a pessoa no centro, valorizando o que é específico de cada um e cultivando o relacionamento com os outros; 2- Ouvir as gerações mais jovens para construir juntos um futuro de justiça e de paz, com base no respeito ao outro; 3- Promover a mulher favorecendo sua participação nas decisões e no processo educacional; 4- Co-envolver a família como importante sujeito educador; 5- Abrir-se à acolhida, sobretudo aos mais vulneráveis e marginalizados; 6- Renovar a economia e a política de modo que atendam ao bem comum, colocando-as a serviço do ser humano; 7- Cuidar da casa comum, protegendo seus recursos, adotando estilos de vida mais sóbrios, utilizando energias renováveis e promovendo o respeito ao meio ambiente.

                Diante desses sete compromissos, cada um se pergunte o que pode fazer, no âmbito de sua ação pessoal, de sua instituição ou organização. Sobretudo as famílias e os educadores cristãos empenhem-se em oferecer o que estiver ao próprio alcance a fim de concretizar tais compromissos. Haja empenho de todos em promover oportunidades iguais, sem qualquer discriminação; favorecer a corresponsabilidade dos estudantes e das famílias com o processo educacional; favorecer projetos de inclusão de todo tipo; incentivar atitudes de serviço à comunidade; criar consciência em vista à preservação do ambiente, etc. Essas são atitudes que dizem respeito não só aos educadores, como também às famílias e a todos os membros da sociedade, em especial aos cristãos. Empenhemo-nos para concretizar tudo o que estiver ao nosso alcance.

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