O Papa Francisco convida a rezar “para que aqueles que em várias partes do mundo arriscam as suas vidas pelo Evangelho contagiem a Igreja com a sua coragem e o seu impulso missionário”.
Tertuliano (160-240 d.C.) dizia que: “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. São Mártires homens e mulheres que sacrificam suas vidas pelo amor de Deus. São torturados e mortos porque professam a fé e demonstram por seu testemunho profundo de amor a Deus. O mártir é aquele que morre como testemunha da fé.
O martírio não pode ser visto como uma finalidade em si mesmo, pois seria uma escolha suicida, mas sim como consequência de um testemunho na busca da justiça. Segundo Santo Agostinho (354-430): “O que faz o mártir não é a pena (sofrimento), mas a causa (defendida)”. O martírio se relaciona a todo sofrimento físico ou moral, extremamente penoso.
O grande impacto do martírio de inumeráveis cristãos entre os anos 67 (condenação de São Pedro e São Paulo) até o ano 313 (Constantino), estimados em 10 mil mártires, estimulou o culto destes, marcando toda a história da Igreja. Esta memória se intensificou após a grande perseguição de Diocleciano nos anos 304 a 313.
Desde a antiguidade, contudo, este título de mártir é dado a cristãos que não tiveram de padecer a morte pela sua fé, mas só suplícios ou o exílio. Por extensão, o que teve de sofrer ou de morrer por uma causa nobre e justa. Dois elementos marcam o martírio: o testemunho e o sangue.
Na Igreja o primeiro mártir foi Santo Estêvão chamado protomártir, nos capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos, encontramos um longo relato sobre o martírio de Estêvão, que é um dos sete primeiros diáconos nomeados e ordenados pelos Apóstolos. O apóstolo Tiago de Zebedeu, morto à espada por Herodes no ano 44 d.C., o outro Tiago atirado do muro do templo em 61. D.C.
O Papa Francisco lembrou que “Hoje há mais mártires na Igreja do que nos primeiros séculos do cristianismo”.
O martírio dos cristãos é uma realidade atual, nas mais diversas condições históricas e em todas as partes do mundo. Os cristãos ainda são infelizmente vítimas do ódio e da perseguição.
São João Paulo II afirmava no ano 2000: “A experiência dos mártires e das Testemunhas da Fé não é uma característica exclusivamente da Igreja dos primórdios, mas delineia todas as épocas da sua história. De resto, no século XX, talvez ainda mais do que no primeiro período do cristianismo, muitíssimos foram os que testemunharam a fé com sofrimentos não raros heroicos” (Comemoração dos mártires da fé do séc. XX, 7.5.2000).
No Evangelho lemos: “Se o grão de trigo, caído à terra, não morre, permanece só; se, pelo contrário, morre, produz muito fruto” (Jo 12, 24). Neste sentido, o Papa Francisco nos lembra que: “A Igreja é Igreja se é Igreja de mártires, que pede santos de todos os dias.”
No Apocalipse lemos a respeito dos mártires: “Vêm da grande tribulação e lavaram as suas vestes, tornando-as brancas como a neve no sangue do cordeiro” (7, 17). São homens e mulheres que confessaram e testemunharam Jesus Cristo até à morte.
Mártires são pessoas que mostram uma razão para viver. Viver o Evangelho de Jesus dá sentido à sua existência cotidiana.
Existe os mártires anônimos, cristãos que são fiéis a Jesus Cristo, que vivem o amor a Deus e ao próximo, que são guiados pelo Espírito Santo e anunciam o Evangelho com seu testemunho. São discípulos-missionários que vivem o Evangelho com coerência e sem medo de testemunhá-lo, muitas vezes em circunstâncias difíceis de ódio, perseguição e incompreensões. Testemunham que Jesus Cristo está vivo! Os mártires testemunham a alegria de viver na fé!