Mara Rosangela: uma catequista apaixonada pela missão de transmitir a fé

Mara Rosangela Freire Reyes, 61, casada há 39 anos, é mãe, avó e, além da profissão de psicóloga, se dedica há 26 anos ao trabalho da Catequese. Atuante na Paróquia São Pio X, em Caçapava, cidade onde nasceu e reside, é coordenadora da Comissão Diocesana de Catequese. Mara também revela que é uma amante de artesanato, ornamentação, coleciona presépios e é encantada pelo mar. No dia 05 deste mês ela viveu um momento histórico ao integrar o primeiro grupo que recebeu o Ministério de catequista na Diocese de Taubaté.

 O LÁBARO: Conte como foi a sua formação cristã.

Mara: Recebi a Primeira Eucaristia com 12 anos, depois comecei a participar de um grupo de jovens. Meus pais eram membros atuantes do Cursilho e presenciei o envolvimento e dedicação deles. Com minha entrada na faculdade e morando em outra cidade, afastei-me do grupo de jovens. Voltei a participar mais ativamente da comunidade quanto nasceram meus filhos e senti a necessidade de iniciá-los na fé.

O LÁBARO: Como começou a sua história na Catequese?

Mara: Quando meus filhos entraram na catequese, fui conhecendo um pouco mais da missão das catequistas, sua dedicação e comprometimento. A admiração transformou-se em amizade e esse foi o início de uma grande identificação com a arte de catequisar.

Um dia um pároco recém-chegado na paróquia, Frei Aloisio, bateu em minha porta e fez o convite para ser catequista. A princípio não quis aceitar o convite por não me sentir preparada para tal missão, mas ele argumentou que teria formação adequada, o que me animou a dizer o meu Sim, fui participando de formações e retiros organizados pela paróquia, fui me apaixonando e envolvendo cada vez na catequese. Quanto mais me envolvia, mais amadurecia minha fé, mais aprofundava minha vontade de conhecer a verdade da fé para servir melhor.

O LÁBARO: O que te encanta nesse trabalho com a Catequese?

Mara: A possibilidade de lançar sementes no coração das crianças e adolescentes e vê-las desabrochar. Vê-las descobrir o amor que Deus tem por nós, levá-las a conhecer Jesus Cristo, nosso bem maior. É indescritível a alegria de ver seu catequizando se tornar adulto e participar da comunidade, estar lá com sua família

O LÁBARO: Que ações significativas você destacaria nesse tempo de coordenação da Catequese na Diocese de Taubaté?

Mara: Resolvi antes de tudo conhecer as realidades paroquiais. Realizei pesquisas junto aos coordenadores paroquiais, para conhecer suas realidades quanto às formações dos catequistas, as dificuldades e desafios dos coordenadores paroquias, quais materiais catequéticos utilizados nas paróquias, quais as dificuldades dos catequistas no seu dia a dia com os catequizandos, em preparar os encontros e também como eram feitos os planejamentos paroquiais. A partir daí, nós da equipe, com a assessoria do padre Fábio, fomos definindo as prioridades quanto à formação a ser oferecida aos coordenadores. Vimos a necessidade de uma reestruturação na base. Focamos no planejamento, unidade nas comunidades quanto ao material escolhido, onde todos devem falar a mesma língua. A promulgação do Diretório dos Sacramentos em 2019 muito ajudou nesta tarefa. Hoje podemos dizer que as paróquias caminham juntas. Destaco também a iniciativa de pelo menos uma vez por ano nos reunir com os coordenadores paroquiais em suas próprias Foranias. Momento rico para conhecer a realidade e ajudá-los nos desafios.

O LÁBARO: O que é ser catequista e qual perfil de catequista se espera formar para os tempos atuais?

Mara: Ser catequista é ser uma pessoa encantada por Jesus Cristo a ponto de não medir esforços em mostrar este amor aos catequizandos e levá-los a terem este encontro. Só conduz ao Mistério quem se deixou alcançar (envolver) por ele. Ser catequista é ser um educador da fé, que se serve da pedagogia de Jesus para ensinar a Palavra. E que fala e age em nome da Igreja. O catequista deve ser uma pessoa que assume sua vocação com entusiasmo, que procura sempre se formar e entende a necessidade de ter uma formação sólida e permanente, devendo buscá-la sempre. O catequista deve ser uma pessoa dotada de espiritualidade, envolvido e atuante em sua comunidade e portador da alegria de quem realmente se encontrou com o Senhor.

O LÁBARO: Com o Motu Próprio “Antiquum Ministerium”, o Papa Francisco instituiu em 2021 o Ministério de Catequista. Qual a importância dessa iniciativa para a Igreja?

Mara: O ministério valoriza a presença e o protagonismo do catequista na evangelização. É um compromisso que, dado pela Igreja e assumido por nós catequistas, nos torna responsáveis por essa função, e devemos responder adequadamente. A instituição do ministério de catequista é, para nós, o reconhecimento da missão que abraçamos e que respondemos com alegria e responsabilidade a este chamado de Jesus, para anunciar e testemunhar com nossa vida nosso amor ao Mestre. Ser instituído significa para nós catequistas a confirmação do nosso sim para realizar um serviço importantíssimo, mas que requer muita dedicação e preparação. Diante da visibilidade e importância do ministério, será imprescindível que tenhamos uma formação sólida. Acredito que teremos catequistas mais bem preparados e párocos preocupados em proporcionar a seus catequistas esta formação sólida e também mais critério e cuidado para fazer convite a novos catequistas.

O LÁBARO: No dia 12 de fevereiro deste ano, na missa de envio dos Catequistas, na Catedral, você foi instituída no Ministério de Catequista, juntamente com outros três. Como você descreveria esse momento?

Mara: Foi um momento de muita alegria, e ao mesmo tempo, tenho ciência que o desafio e a responsabilidade aumentaram, e que devo a cada dia ser uma melhor catequista, me preparar mais para corresponder a essa graça recebida. Muita gratidão pela confiança que Dom Wilson depositou em mim. Naquele momento fiz memoria do meu chamado, das pessoas que ajudaram a ser a catequista que sou hoje. No final da celebração ao receber os cumprimentos alguém disse que se sentia representada por mim. Foi uma injeção de ânimo.

O LÁBARO: Outros catequistas serão instituídos? Como isso vai acontecer na Diocese de Taubaté?

Mara: Outros catequistas serão instituídos, mas nem todos, haverá critérios a serem seguidos para a instituição do ministério. Em nossa diocese os critérios estão sendo estudados pela Equipe Diocesana. Eles serão de acordo com os critérios apresentados pelo Papa Francisco no Motu Próprio “Antiquum Ministerium” e também de acordo com o sugerido pela CNBB. Essas sugestões serão adequadas à nossa realidade e com a anuência do Bispo Diocesano. Será observada a experiência e formação do catequista. Há necessidade de uma sólida formação. Dom Wilson ressaltou na sua catequese no dia da nossa instituição, que um catequista que não esteja preparado e bem formado, compromete sua missão e a vida cristã de seus catequizandos. A formação é indispensável, e mesmo para os catequistas instituídos, a formação tem que ser contínua e permanente. O Papa Francisco ressaltou, ainda, que para esse ministério sejam chamados, mulheres e homens de fé profunda, maturidade humana, que tenham participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, e que recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para ser solícitos comunicadores da verdade da fé e já tenham uma madura experiência prévia de catequese.

O LÁBARO: Este tempo de pandemia tem sido de muitos desafios e provocou mudanças drásticas em muitos setores da sociedade. Como a Catequese tem lidado com essa realidade e quais as perspectivas para o futuro?

Mara: O desafio realmente foi muito grande, tínhamos a necessidade de não cortar o vínculo com os catequizandos, mas como fazer isso? Foi criado um grupo de “WhatsApp” com os coordenadores e neste período fomos orientando, tentando ajudá-los nas dificuldades, motivando para participação de formações “online” e orientando que fizessem o mesmo com seus catequistas. Houve muita desistência de catequistas por causa da dificuldade com as mídias sociais.

Em 2021 o projeto de uma catequese mista, proposto pela diocese, deu uma nova esperança de continuidade. Os encontros presenciais com os padres nas paróquias foram muito produtivos e trouxeram muitos frutos, tais como mais proximidade entre catequizandos e padres, bem como, a participação mais efetiva das famílias em busca de conhecimento. Muitos pais estão vindo à igreja em busca sacramentos. Em muitas paróquias a catequese com os padres continuará, pois a experiência foi muito boa.

A nossa catequese diocesana neste ano de 2022 será presencial, respeitando todas as regras sanitárias vigentes. Os coordenadores foram orientados a estarem atentos, motivando e orientando os catequistas para este novo recomeço. Todos catequistas e catequizandos ansiosos e desejosos desta volta, porque catequese é encontro, partilha de experiência.

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