CRISMA, SACRAMENTO DO COMPROMISSO

Celebrações nas paróquias – Em geral, ao nos aproximarmos do final do ano, muitas são as celebrações de Crisma, que ocorrem nas paróquias. Em nossa Diocese, o período regular de preparação para a Crisma é de três anos. Durante esse tempo de preparação catequética, certamente, cria-se expectativa para a recepção desse Sacramento que envolve, além dos crismandos, seus padrinhos, familiares, catequistas e membros das comunidades paroquiais. Aqueles que aproveitam bem a preparação e fazem um caminho de amadurecimento de vida cristã, com maior probabilidade, vivenciarão mais intensamente a preparação próxima e o momento celebrativo do Sacramento. Em geral, no período de proximidade à Crisma, as paróquias oferecem encontros de preparação para pais e padrinhos, organizam ensaios para orientar os jovens de modo a aproveitarem melhor a celebração, realizam retiro espiritual, atendem confissões dos crismandos, de seus padrinhos e dos familiares que os acompanham. Desta maneira a Crisma de um jovem envolve a preparação de várias outras pessoas e da comunidade paroquial e se torna um acontecimento vivenciado por muitos. Como, na maioria das paróquias, devido a pandemia, as Crismas tiveram que ser adiadas, neste ano aumentou muito o número daqueles que serão crismados e, consequentemente, daqueles que os acompanharão. Ao participarem da celebração da Crisma de um parente ou afilhado, as pessoas crismadas têm oportunidade de recordar a experiência que tiveram, agradecer pela graça recebida e reafirmar os propósitos decorrentes deste Sacramento.

O dom do Espírito Santo à Igreja Pelo sacramento da Crisma, a Igreja celebra o dom que Jesus prometeu à sua Igreja, com palavras como esta: “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito, que permanecerá convosco. É o Espírito da verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Vós, porém, o conhecereis porque ele permanecerá convosco e estará em vós” (Jo.14,15-17). Ou ainda: “Para vós é conveniente que eu vá, pois se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, eu o enviarei” (Jo.16,7). Na Igreja, o Espírito Santo é recebido de maneira sacramental, isto é, por meio de um sinal sensível, conferido pela Crisma. Juntamente com o Batismo e a Eucaristia, a Crisma completa a iniciação à vida cristã. No livro dos Atos dos Apóstolos, podemos ler um fato muito significativo: “Os apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo, visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas tinham sido somente batizados em nome do Senhor Jesus. Então os apóstolos lhes impuseram as mãos e eles receberam o Espírito Santo” (At.8,14-17). O sinal visível da Crisma é a unção com o Óleo do Crisma e a imposição das mãos do bispo, sucessor dos Apóstolos. Por esses dois gestos e pela oração da Igreja, de maneira sacramental, o Espírito Santo, dom de Deus, é comunicado aos fiéis. Ungir significa “cristificar”. Jesus é chamado “Cristo”, isto é, “ungido”. Jesus é o ungido do Pai para a missão de anunciar a Palavra Divina e de nos conduzir à salvação. Quem recebe a Crisma torna-se ungido e, unido a Jesus, participa de sua missão de anunciar a Palavra e conduzir as pessoas à comunhão com Deus e à participação na Igreja.

Compromisso decorrente Portanto, pelo sacramento da Crisma o fiel assume o compromisso de testemunhar e difundir a fé por palavras e atitudes de vida. Quem recebe esse Sacramento assume o compromisso do apostolado e da manifestação pública da fé. Da mesma maneira que na Igreja nascente aqueles que receberam o Espírito Santo, no dia de Pentecostes, deram testemunho corajoso da fé, anunciando o Senhor pelo mundo, assim também quem é crismado tem igual responsabilidade. É isso que Jesus espera daqueles a quem comunica o Espírito Santo: “O Advogado, que eu enviarei a vocês é o Espírito da Verdade que procede do Pai. Quando ele vier, dará testemunho de mim. Vocês também darão testemunho de mim” (Jo.15,26-27). O testemunho, manifesto por palavras e atitudes, é o compromisso decorrente do sacramento da Crisma. Pelo Batismo nós já recebemos o Espírito Santo que nos capacita a viver como cristãos, seguidores de Cristo, membros da família de Deus que é a Igreja. Pela Crisma recebemos o Espírito Santo como força que vem do alto a fim de darmos testemunho de nossa fé, conduzindo outros à comunhão com Deus e à participação na Igreja. Portanto, pela Crisma, recebemos o dom do Espírito Santo em vista ao testemunho da fé. Conscientes disso, aproveitemos toda oportunidade para transmitir a todos o que recebemos de nosso Senhor.

Dom Wilson Angotti
Bispo Diocesano de Taubaté-SP

 

 

 

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