Proposta pastoral para a pandemia e para além dela
A Coleção de Vídeos “Família Iniciadora da Fé” apresenta-se como um esforço evangelizador para esse tempo de pandemia. No entanto, seu alcance é bem mais amplo, pois responde também a problemas pastorais centrais da cultura geral e eclesial, alcançando uma intersecção desafiadora entre família, formação e comunicação.
As últimas duas assembleias diocesanas elegeram entre suas prioridades o contexto familiar como âmbito necessário de atenção, emergida da observação e dores concretas do povo de Deus, audível também na voz do magistério, no documento recente ‘Amoris Leatitia’ (A Alegria do Amor), do Papa Francisco. O primeiro aspecto desafiador é ser família cristã, que se reuni para rezar e partilhar o evangelho.
Uma segunda prioridade atual da Diocese é a formação e catequese. Nossa religiosidade histórica como povo diocesano tem muitas virtudes e, naturalmente, aspectos a desenvolver. Um deles é a formação. Desafio amplo, sabemos, por parte do povo e por parte dos líderes; tempo escasso pelas longas jornadas de trabalho, formações pouco didáticas ou atrativas, etc. Segundo grande desafio, quer pessoal, quer institucional; dispor-se moralmente e espiritualmente para estudar a fé. Possibilitar condições sólidas e atrativas para a formação.
Um outro fato urgente, acentuado pela pandemia, é a comunicação. Para evangelizar nesse período de quarentena, foi necessário para grupos pastorais, abrir ‘matas fechadas’, ‘revitalizar estradas’, ‘duplicar rodovias’ de comunicação em nossas paróquias, experimentando diversos limites: técnicos, de estrutura e de experiência. Terceiro desafio, comunicar melhor a fé através dos meios de comunicação, parte tão integrante da cultura atual.
Em síntese, a iniciativa da coleção de vídeos “Família Iniciadora da FÉ” é significativa, pois se põe num âmbito de relevância, fazendo frente a problemas, a carências e a questões centrais e pontuais do nosso tempo, onde as fragilidades e as dificuldades despontam. Traz um indicativo importante, mostrando que estamos lidando com as feridas, ao invés de deixá-las expostas. Além disso, indica que estamos encarando tais iniciativas com noção de processo, olhando frente a frente os desafios motivados pela fé e pelo compromisso pastoral. E como sugeriu o Papa Francisco, se permitindo ser uma Igreja em saída, ativa, “ainda que acidentada” pelo esforço em agir a ser uma Igreja inerte, aparentemente perfeita, uma noção de falsa perfeição, que surge por não ver seus limites, ao preço de nada fazer.
Por isso, encaremos nas imperfeições e fragilidades de nossas famílias, nos nossos compromissos e propostas formativas, na nossa comunicação, o desafio de sermos Igreja. Passo a passo, desafio a desafio, rumo às águas mais profundas que Jesus no convida (cf. Lc 5,4).
Fonte: Jornal O Lábaro – maio/2020
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