A catequese no ano passado e neste ano – Os efeitos da pandemia da Covid se fazem sentir não só no âmbito da saúde, do trabalho, das relações sociais, da economia, mas também no âmbito eclesial e, particularmente, sobre a catequese, assunto que trataremos neste espaço. Em 2020, no dia 26 de fevereiro tivemos a primeira morte causada por Covid, no País e, em março, época do início da catequese nas paróquias, juntamente com o fechamento das escolas, tivemos a suspensão também da catequese. Não imaginávamos por quanto tempo isso duraria. Transcorridas algumas semanas, atônitos com tudo o que ocorria e sem previsão possível de retomada da catequese regular, produzimos doze vídeos que abordaram temas fundamentais da fé cristã e foram apresentados por alguns de nossos padres. Servindo-se da internet e redes sociais, os catequistas fizeram chegar a todos os catequisandos quer fossem adultos, jovens ou crianças. Recomendamos que pais ou responsáveis ajudassem os pequenos na compreensão da mensagem. Em sequência, procurando chegar a todos da maneira como podíamos, foram produzidos mais doze vídeos, intitulados “Nós Cremos”, que abordaram cada um dos artigos do Credo Apostólico. Esses vídeos foram apresentados pelos três seminaristas que concluíam a formação presbiteral. Portanto vinte e quatro temas catequéticos foram, virtualmente, oferecidos em 2020.
Neste ano de 2021, tendo já ultrapassado a cifra de 265 mil mortos pela Covid, segundo dados oficiais, e sem podermos retomar a catequese regular, estabelecemos para Diocese um modelo extraordinário que conjuga encontros presencias e acompanhamento virtual. Teremos oito encontros presenciais com temas pré-estabelecidos, que serão apresentados pelos padres que servem cada paróquia. Os temas e roteiros são fornecidos pela Diocese. Outros oito encontros serão por acompanhamento à distância, realizados pelos catequistas das paróquias. Os temas serão destacados do próprio livro adotado, em geral da coleção “Crescer em Comunhão”. Resumo e atividades serão enviados aos catequizandos de modo impresso ou virtual, com o intuito de fazê-los refletir sobre os temas catequéticos. Sobretudo os catequizandos da primeira fase, ou seja, aqueles que ainda não receberam o sacramento da Eucaristia, deverão contar com a ajuda da família. Estas já foram chamadas e orientadas a ajudar nesse processo. Assim, serão dezesseis encontros, presenciais e virtuais, realizados por padres e por catequistas, contando com o suporte da família dos catequizandos, a fim de continuar o processo de evangelização, que Jesus confiou à Igreja, comunidade de seus discípulos (cf. Mt.28,20).
Múltiplos agentes: Família, Catequistas, Padres – Esses agentes são responsáveis por contribuir para a transmissão da fé, a fim de evitar que, devido a pandemia, tenhamos um hiato no processo catequético. Não são só os catequizandos que terão que se adaptar à nova e extraordinária maneira de realizar a catequese, mas também as famílias, os catequistas e os padres. A todos pedimos que não resistam ao novo. Adaptemo-nos às circunstâncias inusitadas a fim de que a mensagem do evangelho possa chegar a seus destinatários, por meio do empenho de cada um. Em vista a isso, de todos esperamos solicitude e espírito colaborativo.
Reporto aqui significativos e breves textos que destaco de documentos recentes do Magistério da Igreja e podem nos servir de orientação e motivação. Sobre o papel das famílias: “A educação dos filhos deve estar marcada por um percurso de transmissão da fé. (…) Isso pressupõe que os pais vivam a experiência real de confiar em Deus. (…) A oração, a vivência da fé em família, as expressões de piedade podem ter mais força evangelizadora do que todas as catequeses e todos os discursos. (…) O exercício de transmitir a fé aos filhos permite que a família se torne evangelizadora. (…) A família constitui-se como protagonista da ação pastoral através do anúncio explícito do Evangelho” (Papa Francisco, Amoris Laetitia nn. 287-290). Sobre os catequistas: “Os leigos, mediante a inserção no mundo oferecem um precioso serviço à evangelização. A vocação ao ministério da catequese nasce do sacramento do Batismo e é fortalecida pela Confirmação. Do amoroso conhecimento de Cristo nasce irresistível desejo de anuncia-lo, de evangelizar e de levar outros ao ‘sim’ da fé. Sentir-se chamado a ser catequista e receber da Igreja a missão para fazê-lo … constitui-se sempre como serviço e preciosa colaboração” (Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, Diretório para a Catequese, nn.121-123). Sobre os padres: “O presbítero, como primeiro colaborador do Bispo e por seu envio, na qualidade de educador na fé, tem a responsabilidade de animar, coordenar e dirigir a atividade catequética da comunidade que lhe foi confiada. A referência ao magistério do Bispo no único presbitério diocesano e a obediência às orientações que, em matéria de catequese, são emanadas, para o bem dos fiéis, por cada Pastor e pelas Conferências Episcopais, constituem para o sacerdote elementos a serem valorizados na ação catequética. (…) O pároco é o primeiro catequista da comunidade paroquial” (Pont. Cons. Nova Evangelização, Diretório da Catequese, nn.115-116).
Assim sendo, nesses tempos difíceis, com a colaboração de cada um e de toda a comunidade, confiando na ação do Espírito Santo, realizemos tudo o que estiver ao nosso alcance a fim de que a evangelização e a transmissão da fé continuem seu curso. Que Deus nos ajude.
Dom Wilson Angotti
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