O que é o homem, para dele te lembrares?

A astronomia com seus números impressionantes faz mal a autoestima da pessoa. Tomar consciência das dimensões astronômicas é ver atropelada a soberba humana, levar um banho de água fria na arrogância. Ela mostra o quão é absurdo pretender ser o centro de tudo.

Pense-se na observação de Carl Sagan, astrônomo mundialmente conhecido, ao ver uma foto da terra feita pela sonda espacial Voyager 1, quando ela estava na periferia do sistema solar, mostrando nosso planeta como um “pálido ponto azul”. E isso, na vizinhança do sistema solar, ainda próximo do nosso planeta. Um sistema entre milhões dentro de uma mesma galáxia, a nossa Via Láctea.

Se antes, telescópios cada vez mais poderosos, instalados aqui no chão da Terra, vasculhando os céus, descobriam coisas maravilhosas, agora, equipamentos orbitando o planeta mostram imagens de formações siderais fantásticas e descobertas de fenômenos astronômicos tão instigantes quanto inexplicáveis.

Imagine a infinitude dos números relativos a estrelas, sistemas estelares, planetas e galáxias. Tente visualizar eventos astronômicos, como buracos negros girando a velocidade da luz, sugando tudo ao seu redor e fazendo desaparecer num único ponto e ninguém sabe para onde vai tudo.

Cremos num Deus criador de todas as coisas existentes. Todo esse universo de números esmagadores de nossa soberba foi criado por Ele.

Contudo, como é difícil libertar-se da arrogância de se achar centro de tudo e pensando que Deus passa seu tempo fiscalizando os nossos mais insignificantes instantes de existência, os nossos pensamentos aleatórios e efêmeros, entre tantos achismos narcisistas. Somos nada mais que viajantes nesse minúsculo grão de areia, existindo num universo infinito de planetas e estrelas. Visto de Saturno, planeta no mesmo sistema planetário da Terra, nosso mundo está construído num “pálido ponto azul”.

Pior é alguém pensar que possa aconselhar ou determinar algo ou o tempo de ação desse Deus criador desse universo repleto de imensidões de galáxias. Ou que, com suas ações e palavras, podem definir algo que o Criador tenha determinado.

No entanto, para o humilde que reconhece a infinita grandeza de Deus, acomete-lhe ao coração, diante de tantas maravilhas, a mesma oração do salmista. “Quando contemplo o céu, obra de tuas mãos, a lua e as estrelas que formastes. (Eu me pergunto) O que é o homem, para dele te lembrares? O ser humano, para que o visites? Tu o fizeste pouco menos do que um anjo e o coroaste de glória e esplendor” (Sl 8,4-6).

Se Deus se ocupa do ser humano é porque assim Ele quer. Não porque alguém Lhe ordenou, ou porque fez algo que possa exigir retribuição. Menos ainda, arrancar de Deus a salvação a partir de práticas e observâncias rigoristas.

 

Pe. Silvio José Dias

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