O LÁBARO! VOCÊ SABE A RAZÃO DESSE TÍTULO PARA O NOSSO JORNAL DIOCESANO?

Vale a pena sabê-la, pois é um título esclarecedor e motivador… No passar do tempo, tal expressão foi caindo em desuso… Hoje, praticamente só encontramos a palavra lábaro como título do nosso Jornal, em nosso Hino Nacional, nos dicionários e no Google. Com seu desuso foi perdendo a força inspiradora. Entretanto a origem histórica, o sublime significado, a paixão evangélica do seu Fundador, Dom Epaminondas, aí contidos, pedem-nos que tal título seja evidenciado.

 Vejam…

Referência histórica… Na origem, aos 10 de janeiro de 1910, o título “O Lábaro” vinha acompanhado por um lema “In hoc signo vinces…”, ou seja: “por este sinal (cruz de Cristo) vencerás”. Título e lema posteriormente eram encimados pelo desenho de uma cruz.

O lema do O lábaro era o mesmo lema de Constantino I, Imperador romano (306-337). Este lema faz referência, de um lado, à pequenez dos recursos humanos e, de outro, ao poder da fé. Sua origem remonta a uma visão do Imperador Romano em outubro de 312, às vésperas de uma importante batalha contra Maxêncio, imperador tirano que ameaçava Roma. Conta-se que o sol estava se pondo e, olhando para ele, o Imperador Constantino viu acima deste uma cruz luminosa e com ela as letras gregas (X) Chi e (P) Rho, as duas primeiras letras do nome de Cristo em grego, e ouviu vozes celestiais que lhe garantiam: “Por este sinal vencerás…” Este fato foi contado pelo próprio Imperador Constantino a Eusébio de Cesaréia, o primeiro historiador da Igreja cristã, falecido em 341. E foi o que aconteceu… Apesar de inferiorizado, Constantino venceu seu rival Maxêncio em duas batalhas. Após a primeira batalha (Saxa Rubia) nova voz se fez ouvir. Ordenava a Constantino que removesse a águia imperial dos escudos romanos, colocando em seu lugar o símbolo da cruz. De imediato, Constantino providenciou a alteração, afixando neles as letras gregas vistas na primeira visão e que simbolizavam Cristo. Em 26 de outubro de 312, aconteceu a segunda batalha junto ao rio Tibre em Roma, e novamente e em definitivo, Constantino saiu vitorioso. No ano 326, segundo a Tradição atestada por vários escritores, coube à sua mãe, Santa Helena, a descoberta milagrosa da cruz de Cristo, onde hoje se encontra a Basílica do Santo Sepulcro, cuja construção lhe é atribuída. Constantino I foi o 1º imperador romano a se converter ao cristianismo.

Esses acontecimentos, com elementos lendários ou não, tiveram notável efeito na história da fé do mundo ocidental, visto que a vitória de Constantino na ponte Milvio acelerou a conversão dos romanos à religião de Jesus Cristo. E o monograma tornou-se símbolo dos primeiros cristãos e ainda hoje é apresentado na Liturgia.

 Mente de Dom Epaminondas. Em 1908, foi criada a Diocese de Taubaté e de imediato é nomeado o seu primeiro bispo: Dom Epaminondas… São muitas as dificuldades de organização, administração e manutenção da recém criada Diocese. Quais seriam as prioridades? Dom Epaminondas não pensou muito. Logo decidiu: Seminário Diocesano e criação de um Jornal diocesano “O Lábaro”. A respeito escreveu Mons. Ascânio, grande biógrafo de Dom Epaminondas: “O primeiro Bispo de Taubaté teve, o que se poderia denominar, duas santas manias, dois ideais, duas ideias fixas durante todo o seu laborioso e fecundo episcopado: Imprensa e Seminário. Mal se pôs em contato com seu clero e povo já sem demora exige: um Seminário e um Jornal diocesano. Apresentaram-lhe mil objeções e dificuldades. Venceu todas… Para a imprensa Diocesana arranje-se logo uma tipografia, dizia ele, e não se retarde a publicação de um jornal católico…  Pois em menos de três meses, tudo estava arranjado, graças à sua têmpera enérgica e arrojado espírito apostólico” (pg. 93). Em fevereiro de 1910, estava inaugurado o Seminário Diocesano; aos 09 de Janeiro de 1910, já tinha sido publicado o primeiro número do Jornal da Diocese: “O Lábaro”, com o lema: “Por este sinal vencerás…” Para explicitar o lema, aos 9 de setembro de 1954 foi acrescentado ao título a imagem da cruz. O próprio Dom Epaminondas inaugurou as oficinas do Jornal Diocesano, com não poucos sacrifícios, Ao lado da pena de Dom Epaminondas, a pena brilhante de outros colaboradores ilustravam as páginas do jornal.  Para Dom Epaminondas, a boa imprensa era uma questão de vida ou de morte. Ele sabia muito bem da importância, da valia, do alcance e mesmo da necessidade da boa imprensa para a propagação do Evangelho.

O Lábaro, se tem origem em situação muito precária economicamente falando, também a tem numa vontade férrea, num coração apaixonado pela causa do Reino, fortemente iluminado pela fé. A vitória de Constantino foi o resultado da sua confiança no poder da Cruz. Constantino acreditou e mesmo com pobreza de recursos partiu para sua missão: defesa de Roma. A vitória não se fez esperar. Dom Epaminondas, querendo um jornal que lutasse pela defesa da verdade e da fé, pela evangelização,

Embora com marcada carência optou por um jornal sob a égide da cruz, como fez Constantino que assinalou seus estandartes e escudos com o símbolo de Cristo. E lá se vão 114 anos…

A sobrevivência do “O Lábaro” nunca foi fácil, mostra-nos a História… Dificuldades de toda ordem o rodearam. Mas não só… Também a dedicação e generosidade de muitos que com coragem e fé deram continuidade à proverbial, salutar, oportuna e preciosa paixão iluminada e robustecida pela fé de Dom Epaminondas.

Tal passado seja estímulo para nós, certamente também apaixonados pela causa do Reino e desejosos de que os valores e as lições que emanam da cruz de Cristo fortaleçam nossas estruturas eclesiais e sociais.

Mons. Irineu Batista da Silva. Fev. 2024

 

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