A vida consagrada, ou vida religiosa, é uma forma de viver a vocação cristã. Homens e mulheres, chamados a trabalhar pela construção do Reino de Deus, consagram suas vidas a Cristo, pela profissão dos votos. Seja pela vida contemplativa, seja pelo apostolado missionário, com uma diversidade de carismas, são, nas palavras do Papa Francisco, “testemunhas da alegria do Evangelho”, semeadores do Reino. No contexto do Ano Vocacional, Frei Acacio Giovanelli, 35, da Congregação dos Irmãos dos Pobres de São Francisco, nos fala da beleza da vida consagrada. Frei Acacio é sacerdote, tem 11 anos de vida religiosa, é Mestre de Noviços da sua congregação, também é vigário da Paróquia Sant’Ana em Pindamonhangaba e coordena o núcleo da CRB na Diocese de Taubaté.
O LÁBARO: O que é a Vida Consagrada e qual a importância dela dentro da Igreja?
Fr. Acacio: Falar de vida consagrada é falar de amor. O amor de Deus que escolhe e o amor da pessoa que abraça esse chamamento. A vida consagrada é uma comunhão de corações, um encontro permanente e um diálogo de amor, entre o Coração de Deus e o coração humano. Portanto, a vocação religiosa é vivenciada por homens e mulheres que dizem “sim” a Deus e entregam suas vidas, em plenitude, a seguir Cristo e servi-lo no outro. A vida Consagrada caminha com a Igreja, A vida religiosa está inserida no próprio coração da Igreja. Ela é um elemento decisivo para a sua missão, já que exprime a íntima natureza da vocação cristã.
O LÁBARO: Há uma diversidade de Ordens, Congregações, Institutos e Comunidades, masculinos e femininos, que integram esse universo da Vida Consagrada. Em que se diferenciam e em que se assemelham?
Fr. Acacio: A diferença: Cada Ordem religiosa, Congregações, Institutos e Comunidades tem seu carisma próprio; ou seja, seus fundadores decidiram e, depois, a Igreja os aprovou para viver a radicalidade do Evangelho. Os fundadores lhes deram normalmente uma regra de vida e Constituições ou apenas Constituições, que lhes dão organização e normas de vida comum.
A semelhança: Aqueles que respondem livremente a este apelo à vida consagrada vivem os conselhos evangélicos por amor ao Reino dos Céus. Mas o que são estes conselhos evangélicos? São a pobreza, a castidade e a obediência.
O LÁBARO: Estamos vivenciando o 3º Ano Vocacional. Qual a importância desse acontecimento para a Igreja?
Fr. Acacio: Celebrar e vivenciar este ano vocacional será uma oportunidade de nos levar a refletir sobre o papel e a identidade de cada vocação, lembrando que por meio do nosso batismo, todos temos vocação. Assim, a nossa vocação é uma resposta a uma iniciativa de Deus. Precisamos compreender nossa verdadeira vocação, seja ela como leigo ou como consagrado a Deus, e então analisar como tem sido minha resposta a Deus.
O LÁBARO: O lema do Ano Vocacional, “Corações ardentes, pés a caminho”, é uma referência aos Discípulos de Emaús. O que a experiência daqueles discípulos tem a nos ensinar nos dias de hoje?
Fr. Acacio: A experiência dos discípulos de Emaús: o caminho, as dúvidas, a revelação, o encontro, a recuperação vocacional da missão. Esta experiencia, também nós religiosos estamos vivenciando hoje; estamos neste caminho, redescobrindo a essência da vida consagrada. Neste caminho, nós, consagrados, devemos olhar com gratidão o percurso que já foi caminhado, “viver com paixão o presente” e “abraçar com esperança o futuro”.
O LÁBARO: Já há algum tempo, pesquisas demonstram a queda de vocações à vida religiosa e sacerdotal, também no Brasil. Qual a sua análise sobre isso, e de que modo a celebração de um ano vocacional pode ajudar a mudar esse cenário?
Estamos vivenciando um tempo de profundas mudanças de época e um modo mais superficial de viver a fé. A sociedade, hoje, está cada vez mais embrenhada no hedonismo que atualmente é o sinônimo muitas vezes de consumismo ou individualismo. Assim, em sua forma extrema, significa também buscar prazeres imediatos sem medir as consequências ou pensar no outro. Nesta filosofia de vida não há espaço para se comprometer com o Evangelho. Portanto, a celebração de um ano vocacional pode ser um grito urgente no meio desta realidade, despertando a própria vocação da Igreja em si: “a Igreja diz que se reconhece como uma Luz no meio do povo, a ‘Luz dos Povos’. Sua vocação é ser uma luz indicativa, mas também instrumento de salvação de Deus, sinal e sacramento da união de todos com Deus e da unidade da espécie humana”.
O LÁBARO: A Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) é um organismo que promove a unidade e a convivência entre as diversas comunidades religiosas. Como acontece essa organização na Diocese de Taubaté e que atividades são realizadas?
Fr. Acacio: Na diocese de Taubaté, a CRB é dividida em dois núcleos: Taubaté e Campos do Jordão. O objetivo destes núcleos é animar e promover a comunhão entre os membros dos diversos Institutos Religiosos na Diocese. Durante o ano, são promovidos diversos encontros e celebrações com o objetivo de viver a Intercongregacionalidade.
O LÁBARO: Deixe uma mensagem aos nossos leitores.
Fr. Acacio: A vida consagrada nasce de um encontro com Jesus. Ela move-se por um duplo caminho: por um lado, a iniciativa amorosa de Deus, da qual tudo começa e à qual devemos sempre regressar. Por outro lado, a resposta da pessoa, que é o verdadeiro amor quando é dado sem desculpas, e quando decidimos imitar Jesus, pobre, casto e obediente. Jovem, não tenha medo de dizer sim à felicidade. A felicidade de encontrar Deus pelo caminho. Siga as orientações que Ele lhe passar, se seu coração arde, não deixe a chama apagar. Pedimos também que continue rezando pelos que são chamadas ao sacerdócio e à vida consagrada! Paz e bem!
Pe. Jaime Lemes, msj