Somente Deus é imutável, tudo o mais pode ser renovado!

Para abraçar a novidade é preciso romper com o passado possibilitando avançar para o futuro.

Pensemos na conversão dos pagãos. Foi preciso que eles rompessem com a tradição e a cultura de sua religião anterior, o paganismo. A mesma coisa precisou fazer os que vieram da tradição judaica abraçando o cristianismo. Sem esse rompimento com o passado e a tradição não foi possível viver a novidade do cristianismo.

Pensemos também na conversão pessoal, proposta pelo Evangelho. É preciso deixar morrer o homem velho para fazer renascer o homem novo (cf. Rm 6,6). Aquele é o homem prisioneiro do pecado. O outro, renovado pelo Espírito, é o homem renascido à imagem de Jesus Cristo.

No Evangelho Jesus faz nítida referência a esse rompimento com o velho para um renovamento da vida a partir da novidade do seu evangelho. Como exemplo temos a parábola da roupa nova e dos odres e o vinho (cf. Lc 8,36-39).

Sabemos que a conversão é uma constante exigência em nossa vida cristã, se quisermos progredir espiritualmente. Ela é também uma necessidade constante na Igreja que está sempre em conversão, passando por mudanças buscando ser fiel ao seu Mestre e Senhor, Jesus Cristo, e constantemente renovar seu ardor evangelizador.

Eis a razão das mudanças levadas a efeito pelo Concílio do Vaticano II. Eis porque desde esse Concílio o Magistério da Igreja tem exortado à renovação da Igreja e seus fiéis, dos serviços e ministérios, das associações e movimentos, para estarem sempre mais adequados para a missão de evangelizar.

Dez anos após o Concílio do Vaticano II, o Papa São Paulo VI promulga a Exortação Apostólica pós Sinodal Evangelii Nutiandi deixando claro que a Igreja, e nela todo batizado, existe para evangelizar. São João Paulo II, em seu longo pontificado, insistia no tema da Nova Evangelização, a qual devia ser nova na linguagem, nova nos métodos e nos meios, mas sempre fiel ao seu conteúdo, o mesmo lembrado por Paulo VI, o Reino de Deus. O tema da Nova Evangelização esteve presente no magistério de Bento XVI.

Atualmente, o Papa Francisco dá continuidade ao tema das mudanças que se fazem necessária para que a Igreja seja fiel a sua missão de evangelizar. Ele não teme em falar de mudanças para que se mantenha o frescor evangelho. Na Exortação Apostólica pós Sinodal, Evangelii Gaudium, o Papa Francisco universaliza o conceito da Conversão Pastoral já presente no Documento de Aparecida, com as conclusões da V Conferência dos bispos da América Latina, documento publicado com a aprovação de Bento XVI, Papa que abriu aquela reunião acontecida em 2007, no Brasil.  Para o Papa Francisco não se deve ter medo de rever alguns costumes e tradições da Igreja “não diretamente ligados ao núcleo do Evangelho, alguns dos quais profundamente enraizados ao longo da história” (n. 43).

Com efeito, nada deve ser tomado por imutável senão Jesus Cristo e a mensagem do evangelho. Nem tradições, nem costumes, nem regras ou organizações devem se tornar um absoluto na Igreja. Tudo pode ser renovado para melhor servir ao Reino de Deus e do modo mais adequado para produzir em todos, os frutos da verdadeira conversão.

Pe. Silvio José Dias

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