O grande Papa João XXIII, em uma de suas alocuções sobre o “Sacerdócio” nos diz que “o sacerdote é, antes de tudo, e, sobretudo, “homem de Deus” – “vir Dei”. Assim também pensa de vós e vos julga o povo cristão, assim vos quer o Senhor”.
Ao chamar o sacerdote de homem de Deus, o Papa quer dizer que tudo o que não é de Deus, deve ser excluído da vida do padre. Pois bem, numa época hedonista e ateísta em que vivemos, o sacerdote deve, por sua postura e modo de viver, evocar sempre Deus. O sacerdote, através da renovação diária do sacrifício de Cristo, deve, aos poucos, ir conformando sua mente, seus atos, seu modo de tratar as pessoas, ao modo de viver e pensar do próprio Cristo. O Divino Mestre seja seu único amigo e consolador, quer na vigília junto ao sacrário, quer no estudo das Sagradas Escrituras, quer no cuidado dos pobres e doentes ou no ministério da pregação.
E o Papa João XXIII, continuando em sua já citada alocução, assim se refere ao Cura d’Ars: “Falar de São João Batista Vianney é evocar a figura de um sacerdote excepcionalmente mortificado que, por amor de Deus e pela conversão dos pecadores, privava-se de alimento e sono, impunha-se penitências e, sobretudo, levava a renúncia de si mesmo a um grau heróico. Se é certo que comumente não é pedido a todos os fiéis que sigam este caminho, a Divina Providência dispôs que nunca faltem almas, que, levados pelo Espírito Santo, não hesitem em caminhar-se por estas vias, porque tais homens operam com este exemplo o regresso de muitos, milagres de conversão ao bom caminho e à prática da vida cristã!”
Na nossa vida como sacerdotes devemos ir copiando os traços de Jesus Cristo, Sumo Sacerdote, que outra coisa não fez em sua vida, do que plantar nos corações o Deus vivo, seu e nosso Pai.
Hoje, os sacerdotes são chamados a muitas atividades salutares no cumprimento da missão evangelizadora da Igreja em nossa época. Entretanto, a missão do sacerdote no mundo de hoje, sua razão de ser, é que ele seja sempre e em tudo, apesar de tudo, um homem de Deus, quer pela oração, quer pela vivência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, quer pelo anúncio da Boa-nova, missão recebida do próprio Senhor: “Foi-me dado todo poder no céu e na terra. Ide, pois, ensinai a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar o que vos mandei. E eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28, 19-20).
O Papa Bento XVI, no Ângelus do último dia 26 de julho, afirmou com propriedade que o sacerdote é instrumento de salvação e de entrega a Deus: “Neste Ano Sacerdotal, recordamos que especialmente nós, os sacerdotes, podemos nos ver neste texto de João, tomando o lugar dos apóstolos, quando dizem: ‘Onde poderemos encontrar pão para toda esta gente? ’ Lendo sobre aquele anônimo jovem (Jo 6) que tem cinco pães de cevada e dois peixes, também a nós vem espontâneo dizer: mas o que é isso para uma tal multidão? Em outras palavras: quem sou eu? Como posso, com os meus limites, ajudar Jesus na sua missão? E a resposta nos dá o Senhor: precisamente colocando em suas mãos ‘santas e veneráveis’ o pouco que Eles são, os sacerdotes tornam-se assim instrumentos de salvação para tantos, para todos!”
Pe. Leandro dos Santos
Assessor Diocesano do SAV/PV