Proteção incondicional ao direito à vida

Está chegando o Natal. Celebração solene do nascimento de nosso Salvador, Jesus Cristo. Uma criança que nasce trazendo esperança de vida para todos. Essa comemoração natalícia é oportuna para refletirmos sobre o direito à vida.

A vida é inviolável. O direito à vida assim como a dignidade humana é afiançado por Deus (cf. EV, n. 9). Por isso a Igreja defende a vida desde a sua concepção até o seu fim natural. Com isso, é dever inalienável do cristão opor-se irredutivelmente ao aborto. Devemos defender a vida inocente que está para nascer.

Mas a defesa da vida não se resume na oposição ao aborto. O cristão, inspirado pelo Cristo, que veio ao mundo “para que todos tenham vida (Jo 10,10), se empenhará para que a vida humana seja protegida contra qualquer ameaça e em qualquer idade e situação. Disto podemos concluir que não é cristão defender ou promover a violência que extingue ou cerceia a vida.

Por isso, não é cristão apoiar políticas que excluem pessoas do acesso aos bens que fomentam a vida e lhe dão qualidade. Não é cristão aceitar a pena de morte, porque a vida é concedida e tirada por Deus. Não é cristão concordar que se diminua os direitos que garantam a dignidade de vida a uma pessoa.

Assim, desrespeita a vida um cristão com a consciência amortecida, que não se escandaliza com a desigualdade social quando tantas vidas, entre elas recém-nascidos e crianças, são condenadas a uma vida miserável e sem esperança de melhorar. O preconceito, muitas vezes envernizado com pontos surripiados à fé, inibe a vida de ser vivida na sua plenitude.

Em prol da vida é preciso defender o meio ambiente da ganância assassina que invade, queima, depreda e mata em nome do enriquecimento próprio disfarçado de interesse nacional. As alterações climáticas decorrentes da depredação ambiental levam morte, também dor e sofrimento que diminuem a vida de muita gente pobre e indefesa diante dos interesses de poderosos. Não podemos esquecer que a vida humana depende da vida dos outros seres viventes que habitam esse planeta, nossa Casa Comum.

Importante compreender, a luz do evangelho, que a defesa da vida assim como a defesa da verdade deve ser feita sob as leis de um estado de direito. Pois a violência gera somente a violência. “Quem com a espada fere, com a espada será ferido” (Mt 26,52). A vida em uma sociedade livre e democrática é sempre “estruturada em volta de comunidades organizadas, precisa de regras de convivência cuja livre violação exige uma resposta adequada. Isto implica que a autoridade pública legítima possa e deva ´infringir penas proporcionadas à gravidade dos delitos´ e que se garanta ao poder judiciário ´a necessária independência no âmbito da lei´”. (Fratelli Tutti, n. 264).

Feliz Natal a todos!

Pe. Silvio José Dias

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