Pe. Jaime Lemes, msj
O presépio, montado pela primeira vez por São Francisco de Assis no século XIII, se tornou o principal símbolo do Natal. Tradicionalmente, no Tempo do Advento, nas igrejas e nas casas cristãs católicas se montam o presépio para celebrar o grande mistério do Natal do Senhor. Na casa do Amaury não é diferente, mas com elementos bastante inovadores. José Amaury de Melo Júnior, 49, é funcionário público e atua como catequista na Paróquia São José, na cidade Tremembé. Desde criança ele é apaixonado pelos bonecos da Playmobil e se tornou um colecionador. Em 2010, resolveu transformar a sua paixão em arte, montando um presépio diferente do convencional com os famosos bonequinhos. Foi um sucesso. A montagem, além de retratar a cena do nascimento de Jesus, apresenta um panorama da história da salvação, com diversas passagens da Bíblia e, também, com aspectos da devoção popular local. A cada ano são acrescentados novos elementos e, atualmente, o presépio conta com 1.500 peças; algumas, bastante raras. A montagem é minuciosa e leva bastante tempo. Para isso, há o envolvimento de toda a família. Amaury entende que o seu trabalho, mais do que despertar sensibilidade lúdica, é uma forma de evangelizar. Nesta entrevista, ele nos conta um pouco de sua experiência.
O LÁBARO: De onde vem a sua paixão por colecionar bonecos Playmobil? Conte-nos um pouco dessa história.
Amaury: Aos 5 anos de idade ganhei o meu primeiro conjunto, era de soldados da cavalaria. Os filmes de faroeste estavam em alta naquela época, e o brinquedo Playmobil se tornou meu brinquedo favorito, do qual passei a ser colecionador depois de adulto.
O LÁBARO: Como e quando surgiu a ideia de montar um presépio utilizando os bonecos do Playmobil?
Amaury: Desde criança minha mãe me ensinou a tradição do presépio e sempre montei em casa. Em 2010 vi que tinha sido lançado o presépio de Playmobil pela empresa Geobra, então eu comprei de um importador. Daí as pessoas começaram a gostar, e a cada ano fui colocando mais peças, para poder evangelizar.
O LÁBARO: Atualmente, a montagem do presépio retrata não apenas a cena do nascimento de Jesus, mas os principais eventos bíblicos que compõem a história da salvação. Qual é a sua intenção ao criar esse panorama narrativo?
Amaury: A ideia é de ser uma catequese. Em 2016 tivemos a ideia de fazer o presépio bíblico, contando não só o nascimento, mas outras passagens bíblicas da história da salvação.
O LÁBARO: A arte pode ser uma forma de evangelização? De que modo a Catequese pode explorar mais esse instrumental?
Amaury: Toda arte gera sentimentos, de gostar, de se emocionar e até de não gostar. Assim como a música, as artes plásticas também evangelizam; as imagens que temos em casas e as pinturas. A ideia do presépio foi de São Francisco, para que ao olhar as cenas, as pessoas possam imergir na cena que da bíblia transborda. Os brinquedos já são muito utilizados na pedagogia com crianças; o lúdico faz parte do universo infantil. Então, também se pode refletir sobre isso na catequese. A primeira vez que vi ser usado foi pela catequista Dona Irene, que montou um presépio com as crianças, de peças de resina, e, a cada peça, ela ia explicando o sentido. Meu TCC de Pedagogia foi sobre o uso pedagógico do brinquedo Playmobil. Desta forma, uni as duas paixões: presépio e playmobil.
O LÁBARO: Neste ano, o presépio ganhou um espaço especial: a Capela de Nossa Senhora Auxiliadora. Como isso aconteceu?
Amaury: Eu comecei montando o presépio na mesa de centro, depois em uma mesa maior, e outra maior, até que não coube mais na sala e foi para a garagem. A cada ano acrescentava mais figuras, e mais, e cenários. No ano passado não tinha mais espaço para crescer. Então neste ano a Paróquia reformou a capela, que tem 60 anos, e o Padre Alan fez o convite para fazer a exposição lá, que ficou um espaço perfeito para a montagem do presépio.
O LÁBARO: Neste tempo de Natal, que mensagem você deixa aos nossos leitores?
Amaury: Que celebrem o Natal, que montem o presépio, e, no dia 25, coloquem a imagem do menino Jesus e rezem em família. O Papai Noel é legal, mas estamos esquecendo do aniversariante e de seu ensinamento de amor e humildade. Resgatar a mensagem do Natal que não é presentes, mas o Presente do amor de Deus por nós.