Páscoa é celebração da vida que vence a morte

No Brasil, todavia, contam-se os mortos numa velocidade estarrecedora. Resultado de tantos enganos, descuidos e má vontade. Antes, nessa pandemia que vivemos, ao que parece, morreu a sensibilidade e a capacidade de empatia de muitos de seus habitantes.

São uns que fecham olhos e ouvidos e não querem ouvir falar de pandemia nem de mortes, como se essa atitude fosse apagar as estatísticas ou afastar o vírus e a morte do seu círculo de convívio ou da bolha de conforto em que se encapsulou.

São outros que esbravejam e insultam vítimas da doença ou da carestia decorrente da pandemia acusando-os de chorumelas e de fraqueza moral no enfrentamento da dura realidade.

São jovens “vendendo saúde”, garotos e garotas sarados cheios de vitalidade e sequiosos por baladas e diversão. Sua justificativa é a socialização mas seu desleixo se transforma em desprezo aos mais velhos, aos que sofrem comorbidades e em franco desrespeito a sociedade como um todo empenhada em limitar os meios de transmissão do vírus mortal. Sem sucesso, porém.

São cidadãos “politizados” pela última postagem dos gurus das redes sociais, protestando defender sua própria liberdade concordando com a Lei apenas quanto aos seus direitos ao mesmo tempo em que os nega aos outros.

Mais triste é ver cristãos, pessoas que se intitulam gente do bem multiplicando falsas informações e teorias conspiratórias estapafúrdias. É gente que faz novenas pra santo, que frequenta missa ou culto dominical, que cita passagens bíblicas e na sequência, destilam ódio contra seus “inimigos” preferidos.

Tem católico praticante que não checa as fontes daquilo que replicam em suas redes sociais, sem pensar no mal que causam mesmo porque não veem pessoas mas apenas a tela do celular. Do Evangelho, lembram somente os versículos que cabem no seu quadrado.

Celebrar a Páscoa é celebrar a vida. É converter-se das práticas que promovem a morte para atitudes que semeiam a vida.

Por enquanto, o vírus do egoísmo e da indiferença parece estar vencendo, na esteira do novo coronavírus e da pandemia provocada por ele. Esse é “um vírus que se espalha pelo pensamento de que a vida é melhor se for melhor para mim e que tudo ficará bem se for bom para mim”, como denunciou o Papa Francisco no início da pandemia. Esse vírus já é muito antigo e difícil de vencer. Muitas Quaresmas, tempo de conversão, já aconteceram e ele permanece firme. Outras Páscoas serão celebradas antes que ele seja vencido.

No final, contudo, assim creio, assim crê a Santa Igreja, Cristo vencerá, Ressuscitará. E com ele ressuscitaram todos os que viveram de acordo com o seu Evangelho. Aleluia!

Pe. Silvio José Dias

 

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