Cidade do Vaticano (RV) – Setenta e dois pronunciamentos em duas congregações gerais, representando todos os continentes e, de certa forma, todas as línguas. Com esses dados, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, introduziu a coletiva desta terça-feira sobre os trabalhos da XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.
Acompanhado do Cardeal Paul-André Durocher, ex-presidente da Conferência Episcopal do Canadá, e do presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais e, no Sínodo, presidente da Comissão para a Informação, Dom Claudio Maria Celli, o religioso jesuíta fez uma síntese aproximativa dos pronunciamentos: dez da América Latina, sete da América do Norte, vinte e seis da Europa, doze da África, oito da Ásia e Oceania, seis do Oriente Médio.
Ainda segundo Pe. Lombardi, as línguas mais utilizadas nos pronunciamentos têm sido o italiano – cerca de 23, e o inglês – cerca de 21; 15 ou 16 em francês e depois alguns pronunciamentos em espanhol – sete, dois em alemão e um em português.
Com esses números, disse Pe. Lombardi aos jornalistas presentes na coletiva, vocês se dão conta do ambiente linguístico que se respira na Assembleia do Sínodo.
Uma Assembleia sinodal em continuidade com a de 2014, durante a qual a doutrina católica sobre o matrimônio não foi modificada: foi o que observou o Papa Francisco no breve pronunciamento da terceira Congregação Geral, esta terça-feira, seguida dos Círculos menores. O Santo Padre evidenciou os três documentos oficiais, o Relatório do Sínodo (Relatio Synodi) e os dois discursos pontifícios de abertura e de conclusão dos trabalhos; destacou Pe. Lombardi na coletiva.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé referiu também a segunda observação do Papa em seu breve pronunciamento da manhã desta terça-feira:
“Não devemos deixar-nos condicionar e reduzir o nosso horizonte neste Sínodo, como se o único problema fosse o da comunhão aos divorciados e recasados ou não. Portanto, considerar a amplitude dos problemas e das questões propostas na Assembleia sinodal, dos quais o ‘Instrumentum Laboris’ dá uma ampla perspectiva.”
Respondendo aos jornalistas, também o Arcebispo Claudio Maria Celli evidenciou ulteriormente o breve pronunciamento do Papa:
“A minha impressão é de que o pronunciamento do Papa na manhã desta terça-feira, ao recordar que os documentos de referência em nossa discussão são a ‘Relatio Synodi’ e seus dois discursos, de abertura e de conclusão, mantém aberto uma atitude da Igreja profundamente pastoral em relação a essa realidade dos divorciados. Porém, se deve considerar também o que o Papa disse, ou seja, que o Sínodo não tem essa questão como único ponto de referência. É um dos pontos.”
A propósito do relatório introdutivo do Sínodo, apresentado na segunda-feira pelo Cardeal Peter Erdő, o Cardeal Paul-André Durocher convidou a “entrar em diálogo com o mundo”:
“No primeiro parágrafo de seu pronunciamento, o Cardeal Erdő recorda aquela cena em que Jesus vê uma multidão, teve dó daquela multidão e se dirigiu a ela. O Cardeal Erdő recorda-nos que isso corresponde, de certo modo, às três etapas desse processo do ‘Instrumentum Laboris’ e do processo sinodal. Portanto, neste momento queremos – junto com Jesus – olhar para o mundo que está diante de nós. Na segunda etapa, a da piedade, avaliar como julgar essa situação. Na última, como seremos capazes de responder às expectativas deste povo, do mundo que está diante de nós.”
Nos temas abordados pelos 72 padres sinodais que se pronunciaram – representativos de todos os continentes e de todas as línguas – tocaram os vários âmbitos relacionados à família e à Igreja.
Em primeiro lugar, um esclarecimento da parte do secretário-geral do Sínodo, o Cardeal Lorenzo Baldisseri, a propósito da metodologia de trabalho da Assembleia, modificada em relação ao passado, solicitação feita durante a discussão livre da segunda congregação geral.
Em particular, o pupurado deteve-se sobre as funções dos Círculos Menores e sobre a Comissão, nomeada no início de setembro pelo Santo Padre para a redação do Relatório final do Sínodo.
Em seguida, o destaque para os temas abordados: a revolução cultural que caracteriza a época em que vivemos, em que a Igreja é chamada a acompanhar as famílias e, em geral, todo o povo de Deus, para encontrar respostas e soluções adequadas aos problemas de hoje.
Além disso, explicou Pe. Lombardi, falou-se de uma linguagem apropriada da parte da Igreja, inclusive “para evitar impressões de julgamentos negativos em relação a situações e pessoas”:
“Ainda sobre o tema da linguagem, alguns mencionaram de modo muito positivo a linguagem utilizada nas catequeses do Papa Francisco durante este ano, como modo concreto, simples, claro e positivo de falar da realidade da família no mundo de hoje.”
Foi também ressaltada a necessidade de ajudar, seja os casais de cônjuges a crescer e a amadurecer na fé e no matrimônio, seja os jovens a redescobrir a beleza do amor e da profunda inter-relação entre amor e matrimônio. Ademais, evidenciando que o testemunho das famílias missionárias é indispensável para a vida da Igreja.
Refletiu-se também sobre os núcleos familiares que vivem situações difíceis, sobre o drama da pobreza na família, sobre violências que atingem a própria família, sobre a chaga do trabalho infantil, sobre o drama dos refugiados e dos migrantes e das perseguições aos cristãos.
Além disso, se detiveram sobre a questão das pessoas com tendências homossexuais: elas fazem parte da Igreja, foi dito, esclarecendo, ao mesmo tempo, que o matrimônio é a união sacramental entre um homem e uma mulher, fundamento da família em sua integridade. (RL)
Fonte: Rádio Vaticano
Comente