Durante a visita ao Santuário da Padroeira do Brasil, onde esteve pela última vez em 2007, Papa Francisco confiou a Jornada Mundial da Juventude a Nossa Senhora Aparecida. O pontífice afirmou que a sua visita ao local representava uma visita, simbólica, a todo o Brasil. O trajeto até a cidade foi feito de avião, devido ao mau tempo. Ao chegar, foi recebido por Frei Domingos Sávio da Silva, reitor do Santuário e por uma multidão de peregrinos, a quem o Papa aconselhou. “Deixem-se surpreender pelo amor de Deus”
O Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, que também é presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) presenteou o Papa com uma réplica da estátua da Virgem. Segundo o Arcebispo, a cor negra da estátua é resultado da ação da lama do rio e das velas, mas foi interpretado como uma “referência ao sofrimento das pessoas pobres e marginalizadas, ao longo da história do Brasil”, explicou. Cerca de 12 mil pessoas participaram da missa dentro da Basílica enquanto milhares acompanharam do lado de fora, apesar da chuva e do mau tempo.
No início da homilia, Papa Francisco destacou a V Conferência Geral do Espiscopado da América Latina e do Caribe (Celam), realizada em 2007. Para o pontífice, o encontro foi um grande momento da vida da Igreja. Dele, nasceu o Documento de Aparecida, entre os trabalhos dos pastores e a fé simples dos romeiros, sob a proteção maternal de Maria.
“É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E por isso a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria. Venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Para tal, gostaria de chamar a atenção para três simples posturas: conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria”.
Para o Papa, o mal se faz presente em nossa história, mas não é o mais forte. “Deus é o mais forte, Deus é a nossa esperança”, disse, alertando para a solidão e o vazio que levam as pessoas à busca de compensações no que chamou de “ídolos passageiros”, como dinheiro, sucesso, poder e prazer.
Referindo-se à história de Aparecida – quando três pescadores foram surpreendidos por uma imagem da Virgem na rede de pesca, ele disse: “Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho. Se nos aproximamos d’Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece água fria, aquilo que é dificuldade, aquilo que é pecado se transforma em vinho novo de amizade com Ele”. E completou, afirmando que devemos “viver na alegria”. “O Cristão não pode ser pessimista! Não pode ter uma cara de quem parece em um constante estado de luto”.
No final da missa, Papa Francisco cumprimentou as pessoas que acompanhavam a celebração, entre elas representantes de outras denominações religiosas. Na sequencia, foi até a sacada do santuário para abençoar os milhares de peregrinos que acompanhavam do lado de fora e gritavam “Francisco, Francisco!”.
“Obrigada por terem vindo”, saudou o Papa, em espanhol. “Pedi a Virgem que abençoe suas famílias, seus filhos, seus pais e toda a nação”. E continuou, perguntando: “A mãe esquece seus filhos?”. À resposta – um sonoro “não” – ele retrucou: “Não. A mãe não esquece dos filhos. Ela cuida dos seus filhos”.
Papa Francisco abençoou as pessoas com a réplica da imagem da Virgem de Aparecida, antes de pedir que rezassem por ele. “Eu preciso”, disse, antes de anunciar: “Vejo vocês em 2017”. Em 2017, serão comemorados os 300 anos da aparição da Virgem no rio Paraíba do Sul.