Mais uma aquisição do “complexo de vira-lata”. Halloween é mais uma data que segue a tendência de importar comemorações estrangeiras trocando as que já temos no nosso calendário nacional, como celebrar dia dos namorados em fevereiro em vez de junho, celebrar San Patrick decorando tudo de verde, and so on.
O Halloween saiu dos filmes americanos da seção da tarde (ainda tem?) direto para as escolas, academias de exercícios físicos e condomínios descolados. Mas disso para dizer que é festa de aniversário do diabo, ou falar em “celebração” em sentido litúrgico já beira a paranoia religiosa. É só mal gosto mesmo. Nada que justifique encher as redes sociais de condenação a quem se fantasia neste dia, pede doces, e, enfim, copie aquilo que viu em filmes enlatados norte-americanos.
A meu ver, o maior pecado de festejar o Halloween é eclipsar costumes nacionais antigos para copiar as coisas dos Estados Unidos. De criança, eu me lembro, na escola tinha a semana do folclore. Aliás, dia 22 de agosto é Dia do Folclore brasileiro. Nessa semana, a gente aprendia as histórias do Curupira, do Boitatá, de Iara Mãe D’água, do Saci Pererê. Lendas de Pindorama. Era assim que os povos indígenas chamavam essas terras antes dos portugueses a chamarem de Vera Cruz primeiro, e depois Brasil.
Agora é duende no lugar do Saci, bruxas e monstros da mitologia nórdica no lugar das criaturas das florestas brasileiras. Talvez, justamente porque as florestas desapareceram é que se deu essa invasão de seres tenebrosos do Halloween. Naquele tempo, nunca ouvi um padre na missa excomungando a Semana do Folclore. As professoras, que a gente via também nas missas, não ficavam cheias de escrúpulos religiosos por promoverem o folclore nacional.
Nem vou falar do Papai Noel e da decoração de Natal com árvores cobertas de neve falsa. É um desgaste desnecessário quanto inútil contrapor o Menino Jesus ao Bom velhinho. A gente não precisa estragar a festa dos outros.
Interessante que ninguém faz guerra santa contra o nosso carnaval. Ele tem seus excessos, é verdade. E nessa festa tem muita gente que se fantasia de diabo e de bruxa. Mesmo assim ninguém vê nisso um culto religioso. Esse Halloween parece com carnaval brasileiro, mas com sotaque gringo. Tem gente fantasiada, tem decoração cafona. O que não tem é celebração litúrgica de uma religião maligna. Halloween não é um culto. Não é uma religião. É só importação de uma festa de país estrangeiro.
Difícil acreditar em crianças que vão à escola fantasiadas para o dia de Halloween (principalmente nessas escolas bilíngues, ou formatada nos moldes anglo-saxônicos), sendo vistas lá participando de ritos satânicos ou de religiões pagãs. Nem os professores nesse dia, se tornam sacerdotes de um culto religioso anticristão.
Halloween não é um culto religioso. É só mais uma moda importada do estrangeiro.
Pe. Silvio José Dias