O ano Jubilar de 2025, também conhecido como Jubileu ou Ano Santo, traz como tema: “Peregrinos da Esperança”. Papa Francisco afirma que é necessário cultivar um olhar cheio de esperança, apesar dos fracassos e das contrariedades da vida. Para isso, se faz necessário a virtude da paciência: “assim como precisa ter esperança para ver crescer a semente de mostarda. É a paciência de saber que nós semeamos, mas é Deus que faz crescer” (Homilia de Santa Marta, 29 de outubro de 2019).
Assim, diante dessa perspectiva e preparação para o Ano Santo, convido à reflexão de uma outra data importante: o Dia Nacional da Família, instituído pelo Decreto nº 52.748, de 24 de outubro de 1963. Comemorado em 8 de dezembro, no Dia da Imaculada Conceição, é também comemorado em mais duas ocasiões: Dia Nacional da Família na Escola (24 de abril) e Dia Internacional da Família (15 de maio). E porque será que existem tantas datas para homenagear e lembrar da família?
Apesar de a família ter passado por inúmeras transformações nas últimas décadas e vários tipos de arranjos na atualidade, as funções básicas desempenhadas pela instituição familiar permanecem as mesmas. Por isso, é possível afirmar que a família desempenha um papel fundamental no desenvolvimento emocional, social e psicológico de seus membros, pois é dentro do contexto familiar que as pessoas estabelecem vínculos afetivos de amor e amizade, relações de cuidado, apoio mútuo e convivência, contribuindo significativamente para o bem-estar e o desenvolvimento pessoal de cada indivíduo.
Todavia, sabemos que são inúmeros os problemas enfrentados pelas famílias contemporâneas, o que acaba gerando muitas crises familiares. Existem vários tipos de crises familiares, algumas relacionadas a fatores internos (mudanças de objetivos de um dos cônjuges ou comportamentos demasiadamente rígidos dos pais) e outras a fatores externos (desemprego, problemas de saúde, morte de um ente querido, crises financeiras, abuso de substâncias). Apesar de muitos eventos serem previsíveis (envelhecimento dos pais) ou planejados (gravidez) ainda podem causar sofrimento emocional devido à mudança de rotina e estrutura familiar, seja de modo temporário ou permanente.
Entretanto, como dizem os empresários: “crise e oportunidade são dois lados da mesma moeda”. A crise pode ser uma oportunidade para mudança e crescimento. E, para transformar uma crise em uma oportunidade, é importante aceitar a realidade e compreender seu impacto. Cabe lembrar que, em momentos de crise, a esperança pode ser um recurso poderoso, pois diante de períodos de incerteza, a esperança oferece uma âncora emocional, permitindo que as pessoas mantenham a perspectiva de que a situação pode melhorar, bem como, incentivando a buscar soluções e alternativas. A esperança, portanto, é uma ferramenta essencial para enfrentar e superar crises.
No campo da Psicologia, a esperança é considerada um fator significativo para o bem-estar emocional e mental, pois estudos mostram que pessoas que cultivam a esperança tendem a ter uma melhor saúde mental e menores índices de depressão e ansiedade. Assim, a esperança atua como um mecanismo de enfrentamento, ajudando os indivíduos a lidar com situações difíceis e a encontrar significado em suas experiências. Por isso, ela está associada à motivação e à resiliência, uma vez que a esperança não é apenas um sentimento passageiro, mas uma construção mental que pode ser cultivada e fortalecida ao longo do tempo.
A esperança também está associada à felicidade, pois pessoas esperançosas tendem a elevar os níveis de satisfação com a vida devido as suas expectativas de um futuro melhor e a crença em possibilidades positivas, promovendo sentimentos de alegria e gratidão. Assim, diante desse contexto, te convido a entrar no clima do Ano Santo, celebrado desde a Idade Média como um acontecimento de grande relevância espiritual, eclesial e social, para sermos de fato peregrinos da esperança em meio às tantas crises, em especial, às crises familiares, pois como diz o Papa Francisco: “a esperança é o ar que o cristão respira”.
Fabiana M. de Oliveira Rocha
Psicóloga Clínica CRP 06/119176
Pós-graduação em Terapia Familiar Sistêmica e TEA