Após muita reflexão e trabalho, com a colaboração dos responsáveis pela formação, a Diocese de Taubaté dá um passo muito importante: a elaboração de um diretório que norteará todo o processo formativo dos candidatos ao Ministério Presbiteral que, no Seminário, são preparados para serem padres a serviço do Evangelho, na Diocese de Taubaté. Sobre este assunto, conversamos com os padres Marcelo Henrique e Gustavo Sampaio, reitores do Seminário Diocesano Santo Antônio.
O LÁBARO: O que é o Diretório Para a Formação e por que ele é necessário?
Pe. Marcelo: Podemos dizer que o Diretório é um guia pedagógico e um documento legislativo. Ele não é um capricho da nossa Diocese, mas uma exigência da Ratio Fundamentalis e das Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil (2018), para todos os Seminários. Para que a formação seja de fato programada e vista como um processo integral, evitando todo improviso. Neste sentido, o Diretório garante aos formadores e formandos uma visão mais ampla e segura do processo formativo. É uma bússola.
O LÁBARO: Como foi o processo de elaboração do Diretório?
Pe. Gustavo: Foi um processo longo, mas de muito crescimento para nós reitores. Iniciamos a redação no início do ano de 2020, por um pedido do nosso Bispo Diocesano Dom Wilson. Quando iniciamos os trabalhos tínhamos em mãos os documentos oficiais da Igreja para a formação sacerdotal, mais alguns Diretórios de outras Dioceses. Nós, reitores, tínhamos reuniões de trabalho semanalmente para escrever e organizar o material, e também vários outros encontros com o Conselho Diocesano de Formação que foi nos dando sugestões e contribuições valiosas. Nos recordamos do Pe. Osmar Cavaca que nos ajudou muito, com suas correções e experiência, na primeira versão do Diretório. Contudo, a primeira versão do Diretório, aprovada ainda em 2020, estava bem limitada às ideias de outros lugares. Já a segunda versão, promulgada em 2023, contempla mais a nossa visão e método acerca da formação sacerdotal inicial, como de fato a Diocese se propõe a formar os seus futuros ministros.
O LÁBARO: Como o Diretório está estruturado? Que aspectos ele contempla?
Pe. Marcelo: Basicamente está estruturado em quatro partes: Diretrizes Diocesanas, Itinerário Formativo por Etapas, Itinerário para o Estágio Pastoral e Regimento Interno. Nas Diretrizes, temos o aspecto normativo da formação. No Itinerário das etapas, contemplam-se os objetivos gerais e específicos da formação, meios de realização e critérios de avaliação; seria o nosso modus operandi. No Itinerário Pastoral, indicam-se as propostas pastorais para cada ano no estágio paroquial, contemplando as pastorais sociais e evangelizadoras. E, por fim, no Regimento Interno, temos as regras gerais da comunidade formativa, das rotinas internas da casa.
O LÁBARO: De que forma se dará a aplicação dessas diretrizes formativas e que efeitos se esperam produzir a curto, médio e a longo prazo?
Pe. Gustavo: O cotidiano do Seminário é o lugar, por excelência, da sua aplicação. Esperamos muito que a curto e médio prazo possa colaborar com o discernimento e a preparação integral dos candidatos ao ministério presbiteral. Temos consciência de que o tempo do Seminário comporta crises, altos e baixos, mas quando se tem uma estabilidade no processo e nas atividades formativas, isso favorece mais rápido a superação das crises, e até mesmo o discernimento para permanecer ou se desligar do Seminário. Agora, a longo prazo, acreditamos que possibilite ao futuro presbítero condições para a realização da missão evangelizadora da Igreja com todas as suas exigências, pastorais e administrativas. Sentimos que hoje os trabalhos de todos os formadores (Conselho de Formação e Equipe Formativa) caminham nesta direção, o que é muito bom para nossa Diocese.
O LÁBARO: O processo formativo em vista do presbiterato é uma construção participativa em que o formando também precisa se sentir protagonista de sua formação. O que é feito para despertar esse senso de responsabilidade dentro do Seminário?
Pe. Marcelo: O mais importante é ir criando consciência da importância de cada orientação da Formação. Um elemento que contribuí muito são as conversas pessoais com os reitores, que acontecem, no mínimo, mensalmente ou, ainda, sempre que necessário. Outro elemento que nos ajuda é delegar funções específicas a cada ano aos nossos seminaristas, de tal modo que eles possam aprender o maior número de trabalhos nos anos que estão conosco. Eles nunca permanecem em um único trabalho ao longo de todo processo formativo, mas a cada novo ano são desafiados a uma tarefa nova. Sabemos que ninguém é bom em todas as áreas de atuação, mas é possível por meio das tarefas e equipes ir percebendo e aprofundando os dons e talentos de cada seminarista, que depois estarão a serviço da Igreja de um modo bem mais amplo. O modo como cada seminarista vai se dedicando em tudo o que faz é um bom termômetro para a Formação, de como ele será no ministério presbiteral. Não apenas o que ele faz, mas como ele faz.
O LÁBARO: Quais os principais desafios da formação presbiteral hoje e que caminhos a Diocese de Taubaté tem feito para superá-los?
Pe. Gustavo: Muitos são os desafios, mas olhando o nosso caminho até agora, podemos destacar dois: o amadurecimento integral e uma relevância ministerial não personalista. O amadurecimento integral pode ser oferecido aos seminaristas por meio de uma equipe formativa que seja multidisciplinar. O reitor não é tudo e não precisa ser perito em toda as áreas, mas ele necessita contar com a ajuda de outros especialistas e gerir a atuação destes, em suas intervenções com os seminaristas. Hoje, o nosso Seminário, além de contar com o Conselho de Formadores, que trabalha de modo sério e organizado, conta com uma equipe de formadores: diretores espirituais, professores de doutrina e língua portuguesa, os padres do estágio pastoral, psicóloga e outros. Já o segundo desafio é formar bons ministros para as nossas paróquias, que não sejam personalistas, mas eclesiais, e que estejam inteiramente a serviço da missão de Cristo. Talvez o caminho de superação seja o fortalecimento dos trabalhos na dimensão comunitária e espiritual. Ainda não descobrimos plenamente a resposta para este desafio.
Por Pe. Jaime Lemes, msj