Dom Wilson Luís Angotti Filho é o Sétimo Bispo Diocesano de Taubaté

Sucedendo Dom Carmo João Rhoden, scj, Dom Wilson Luís Angotti Filho, 57 anos, será o 7º Bispo Diocesano de Taubaté. Transferido da Arquidiocese de Belo Horizonte, pelo Papa Francisco, no dia 15 de abril, ele tomará posse no sábado, dia 13 de junho, às 16 horas, em celebração Solene na Catedral de Taubaté. Bispo desde julho de 2011, Dom Wilson trabalhou, nesses quase quatro anos de seu episcopado, como bispo auxiliar pastoreando uma das regiões episcopais daquela sede metropolitana.

Origem e despertar vocacional

Filho de Wilson Luís Angotti, advogado e bancário, e da professora Iracy Fernandes Angotti, dom Wilson nasceu na cidade paulista de Taquaritinga, no dia 5 de abril de 1958. Primeiro de cinco irmãos, ele cresceu na sua cidade natal, vivendo uma infância comum, andando de bicicleta e gostando de passear na zona rural. Viveu a sua adolescência estudando, namorando e saindo com seus amigos.

O desejo de ser padre surgiu nesse período, quando cursava o ensino médio em Taquaritinga. Dom Wilson atribui o despertar de sua vocação a influência da religiosidade de sua família e do engajamento na paróquia de sua cidade, onde participava da equipe de liturgia, do grupo de jovens, e atuava, algumas vezes, como catequista. De sua participação na comunidade paroquial foi criando gosto pela vocação e pela vida eclesial. Ele morava numa casa a apenas 50 metros de distancia da igreja matriz de Taquaritinga, onde sua mãe ia para participar da missa todos os dias. Certo dia, o jovem Wilson Luis Angotti, resolveu acompanhar a mãe numa missa celebrada num santuário mariano, em Taquaritinga. Era o mês de maio, Mês de Maria. Durante a missa, ouvindo uma homilia sobre Nossa Senhora, sentiu-se chamado a dar o seu sim, a exemplo de Maria, para colaborar a fim de que a salvação de Deus se concretizasse na história. Tinha, então, 16 anos.
A família reagiu com certo espanto quando aquele adolescente, que ainda cursava o segundo ano do colegial, manifestou o seu desejo de ser padre. Ele queria entrar no seminário já no ano seguinte. Seus pais pediram para esperar um pouco, para amadurecer melhor a vocação. Diziam que era muito cedo, perguntavam se não seria melhor fazer uma faculdade antes.

Seminário e ministério sacerdotal

A vocação amadureceu, e o filho do bancário e da professora entrou no Seminário Diocesano de São Carlos para estudar filosofia. Jaboticabal, sua diocese de origem, não tinha seminário próprio. Por três anos, de 1976 a 1978 fez seus estudos filosóficos. De 1979 a 1982, o seminarista Wilson Anggotti estudou teologia no Seminário Arquidiocesano de Ribeirão Preto. Depois de quatro anos, concluído o curso de teologia, ele foi ordenado padre, com 24 anos, no dia 19 de dezembro de 1982, pela imposição das mãos de Dom Luiz Eugênio Peres.

Depois da ordenação, Padre Wilson Angotti, por quatro anos, trabalhou na sua diocese. O início de seu ministério sacerdotal foi em Bebedouro, iniciando como vigário paroquial da Paróquia de São João Batista. Nesse período trabalhou na formação dos leigos, na animação dos jovens, e na catequese.

Em 1987, Padre Wilson foi enviado para estudar em Roma. Por dois anos, ele fez o mestrado em Teologia Dogmática, na Pontifícia Universidade Gregoriana.
Dom Luiz Eugenio, o bispo que o mandou estudar em Roma, queria que, voltando, se dedicasse a formação dos leigos. Assim, retornando ao Brasil, ele se dedicou à formação do laicato na diocese. Nesse período recebeu a incumbência de instalar uma nova paróquia, na cidade de Jaboticabal. Acabou que ele ficou 19 anos como pároco da Paróquia São Judas Tadeu. Nesse período, toda segunda-feira dedicava-se a formação dos leigos.
Outras funções que Padre Wilson ocupou na Diocese de Jaboticabal foram as de coordenador diocesano da Pastoral Vocacional, assessor diocesano da Catequese, coordenador diocesano de Pastoral. E ainda, ele integrou as Equipes de Formação do Seminário, do Conselho de Presbíteros e Colégio de Consultores. Como professor de Teologia Dogmática, deu aulas no Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, no Instituto de Teologia Nossa Senhora do Carmo, em Jaboticabal, e no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese de Brasília.

Convidado por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Padre Wilson foi assessor dessa comissão de 2007 até maio de 2011. Nesse período, residindo em Brasília, ele integrou também, o Instituto Nacional de Pastoral (INP) e o Conselho Editorial das Edições CNBB.

Nomeação episcopal e bispo auxiliar de Belo Horizonte

Padre Wilson já estava há quatro anos como assessor da Comissão da Doutrina e Fé da CNBB. Certo dia foi convocado a comparecer na Nunciatura Apostólica, vizinha do prédio onde trabalhava. Lá recebeu do próprio Núncio Apostólico sua nomeação episcopal. Ele foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte pelo Papa Bento XVI, no dia 4 de maio de 2011.

A ordenação episcopal foi celebrada no dia 1º de julho do mesmo ano, em sua terra natal, na Igreja Matriz de São Sebastião, mesma igreja onde foi ordenado padre havia quase 29 anos antes. Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo Metropolita de Belo Horizonte, foi o sagrante principal. Ao seu lado estavam como bispos consagrantes Dom Antonio Fernando Bochini, à época bispo Diocesano de Jaboticabal, e Dom Luís Eugênio Peres, bispo emérito, o qual o havia ordenado sacerdote. Outros 25 bispos estavam presentes, além de quase 100 padres e mais de 500 fiéis.

Dom Wilson Angotti iniciou seu ministério episcopal como bispo referencial da Região Episcopal Nossa Senhora da Conceição. Essa região abrange nove municípios circunscritos à Arquidiocese de Belo Horizonte, onde vivem cerca de 1 milhão e 600 mil habitantes, é composta por 81 paróquias, 477 comunidades e 48 casas religiosas. A primeira coisa que fez, ao assumir sua função, foi procurar conhecer a realidade da região a ele confiada. Começou por visitar cada uma das 81 paróquias, passando o dia em cada uma, para conhecer as realidades, conversando com os padres e os leigos. Fez o mesmo com as casas religiosas, procurando estar próximo. Foi esse encontro que proporcionou maior conhecimento dos desafios para o seu ministério episcopal à frente daquela região.

Ao todo levou um ano e um mês para visitar todas as paróquias, permanecendo de um a dois dias em cada uma, dependendo da sua extensão. Como resultado dessas visitas, ele escreveu uma carta pastoral aos padres da região pedindo empenho maior no ministério da palavra. Sua preocupação era a formação da fé, porque identificou fragilidade nesse ponto, resultando, muitas vezes, em abandono da igreja.
Concomitante aos trabalhos pastorais à frente da Rensc, Dom Wilson presidia os Conselhos Pastoral Regional, Presbiteral Regional, Pastoral de Forania, Pastoral Paroquial, Paroquial de Administração e Pastoral de Comunidade na Região Episcopal. Presidiu também a articulação do Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp) nas cidades da Região. Realizou acompanhamento pastoral das unidades da PUC Minas, do Colégio Santa Maria (CSM) e de outras entidades vinculadas presentes na Rensc. Discutia e definia com as instâncias competentes provisões e transferências.

Dom Wilson continua na Comissão Doutrina da Fé da CNBB, como bispo membro. No próximo de 13 de junho, ele se tornará o 7º bispo a ocupar a Sé Episcopal de Taubaté.

Simbologia do Brasão de Armas

brasao_dom_wilson

O chapéu simboliza Jesus Cristo, cabeça da Igreja, e seus doze apóstolos. A cruz pastoral dourada recorda que o ministério do bispo está em referência e continuidade com o ministério pastoral de Cristo.
O Escudo tem como fundo a cor azul que evoca o infinito e o próprio Deus. No campo superior esquerdo, a flor de liz faz referência a Nossa Senhora, que sob os títulos respectivos: do Carmo e da Boa Viagem é Padroeira da Igreja Diocesana de Jaboticabal, da qual o novo Bispo é oriundo e também da Igreja Metropolitana de Belo Horizonte, onde ele inicia a missão episcopal.

O lírio, no campo esquerdo inferior, recorda São José, guardião da Sagrada Família e patrono de toda a Igreja. No centro do brasão, o coração é referência ao Sagrado Coração de Jesus, em cuja solenidade litúrgica realizou-se a Ordenação Episcopal. Ele é também uma referencia à caridade pastoral que deve caracterizar o bispo no exercício de seu ministério pastoral.

A cruz dourada que perpassa todo o brasão simboliza o trono glorioso de Cristo e a redenção que Ele nos permitiu através de sua morte e ressurreição. O anúncio da salvação realizada por Cristo deve chegar a todos e a cruz, indicando os quatro pontos cardeais, recorda a universalidade da missão da Igreja. As doze chamas dispostas de alto a baixo no brasão recordam-nos que a força vem do alto. Elas simbolizam os doze apóstolos, dos quais os bispos são sucessores. Intimamente unidos a Cristo e animados pelo Espírito Santo eles são enviados pelo próprio Cristo como continuadores de sua missão.

O listel prateado traz a inscrição latina “Cor Unum” que é o lema assumido pelo novo bispo. Esta expressão bíblica é tomada dos Atos dos Apóstolos 4,32. É uma referência afetuosa de dom Wilson à Taquaritinga (SP), sua cidade natal, que ostenta, em seu brasão e hino, a mesma expressão. Ela foi escolhida pelo Cônego Lourenço Cavallini, antigo pároco do local, que batizou esse que é o primeiro padre e primeiro bispo ordenado na Cidade.

O conjunto todo expressa a ideia de Igreja em comunhão. A partir do mistério pascal de Cristo, nasce a Igreja, que por Ele foi querida e preparada. A Igreja de Cristo se manifestou ao mundo no dia de Pentecostes e tem os doze Apóstolos como seu fundamento. Todos os membros da Igreja, tanto os que peregrinam neste mundo como os que já estão na glória, unidos a Nossa Senhora e a São José, constituem com Cristo um só coração.

Por: Pe. Silvio Dias

Fonte: Jornal O Lábaro edição de abril e maio de 2015

Comente

×