O Concílio Vaticano II foi convocado pelo Papa João XXIII (1958-1963) e celebrado sob o seu pontificado e do Papa Paulo VI (1963-1978) entre 1962 e 1965, ao longo de quatro sessões, aproximadamente uma por ano, em geral de outubro a dezembro.
O Concílio Vaticano foi o mais representativo dos 21 concílios da história da Igreja, com a participação de mais de 2 mil bispos do mundo. O maior evento eclesial do século XX. O Concílio Vaticano II quis “aggionar-se”, ou seja, atualizar-se e dialogar com os desafios do mundo.
O Concílio Vaticano II ainda precisa ser descoberto por muitos cristãos católicos. Perceber-se a necessidade de se conhecer o Vaticano II, ou pelo menos se ter uma ideia dele.
Por vontade do Papa São João XXIII foi um concílio pastoral, isto é, não foi dedicado a condenar erros mas procurar a atualização da doutrina da Igreja face à sociedade contemporânea. O Papa João XXIII participou na primeira sessão conciliar e o Papa Paulo VI presidiu às restantes.
A convocação do Concílio Vaticano foi feita através da Constituição Apostólica Humanae Salutis, na qual o Papa João XXIII apresenta algumas mazelas da sociedade e reconhece a necessidade de mudança que parte do aggiornamento (atualização) da Igreja e do testemunho adequado dos cristãos. A palavra agigiornamento para o Papa São João XXIII tinha o sentido de Pôr luz sobre a Boa-Nova evangélica chamada a se tornar palavra de vida para os homens de nosso tempo.
O Concílio Vaticano II é um convite à esperança, destacando a importância da Sagrada Escritura, de sua leitura e meditação, a colaboração entre presbíteros e leigos, a restauração do diaconato permanente, o ecumenismo e o diálogo inter-religioso entre outros. Enfim, a abertura ao mundo e seus desafios. O Concílio Vaticano II influenciou substancialmente a maneira de viver como Igreja hoje. É importante os cristãos lerem e relerem os textos conciliares que devem ser compreendidos numa perspectiva de continuidade em relação à Tradição, ou seja, da tradição viva. Lembrando que Deus se revela aos homens dentro da História.
O Concílio Vaticano II foi “uma grande dádiva do Espírito Santo à sua Igreja”, segundo São João Paulo II, e um extraordinário evento eclesial nascido do coração de Deus, por meio de uma intuição de São João XXIII.
Como cristãos católicos somos convidados a reviver a sua história e a conhecê-la melhor. Devemos ler, meditar, contemplar, rezar, viver e partilhar seu conteúdo.
Do encontro conciliar resultaram 16 documentos, que se agrupam desta forma: quatro constituições (os de maior importância), nove decretos e três declarações.
- Constituições: Constituição sobre a Sagrada Litúrgia ( Sacrosanctum Concilium (SC), 4.12.1963; Constituição Dogmática sobre a Igreja (Lumen Gentium) (LG), 21. 11.1964; Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina (Dei Verbum) (DV), 18.11. 1965); Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo atual (Gaudium et spes) (GS), 7.12. 1965.
- Decretos: Decreto sobre os meios de comunicação social ( Inter Mirifica) (IM), 4. 12. 1963; Deecreto sobre as Igrejas Católicas Orientais (Orientalium Ecclesiarium) (OE), 21.11. 1964; Decreto sobre o Ecumenismo (Unitatis Redintegratio) (UR), 21. 11. 1964; Decreto sobre o ministério pastoral dos bispos ( Christus Dominus) (CD), 28. 10. 1965; Decreto sobre a formação sacerdotal ( Optatam totius) (OT, 28. 10. 1965; Decreto sobre a conveniente renovação da vida religiosa (Perfectae Caritatis) (PC), 28. 10. 1965; Decreto sobre o apostolado dos leigos (Apostolicam actuaositatem) (AA), 18.11. 1965; Decreto sobre a atividade missionária da Igreja ( Ad gentes), 7. 12.1965; Decreto sobre o ministério e vida dos padres (Presbyterorum Ordinis) (PO), 7. 12. 1965.
- Declarações: Declaração sobre a Educação Cristã (Gravissimum Educationis) (GE), 10. 1965; Declaração sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs (Nostra Aetate) (NA), 28. 10. 1965; Declaração sobre a liberdade religiosa ( Dignitatis Humanae) (DH), 7. 12. 1965.
Graças ao Concílio Vaticano II a Igreja voltou a dialogar com o mundo e os cristãos para serem na sociedade sal e fermento. Passaram a ter uma maior consciência da sua identidade de cristãos. A tarefa dos cristãos é a de dialogar com todas as pessoas contemporâneas, colocando-se ao seu serviço, prolongando o serviço exercido por Deus. Deus fez-se homem para servir a humanidade e a Igreja prossegue esta serviço (diakonia), fazendo-se serva dos homens e anunciadora do Evangelho.
O Papa São João XXIII costumava dizer: “não é o Evangelho que muda , somos nós que o compreendemos melhor”. O Concílio Vaticano II ajudou a compreender melhor o Evangelho diante dos desafios contemporâneos. Como uma bússola capaz de orientar o caminho da vida cristã.
Prof. José Pereira da Silva