Neste artigo, proponho uma breve reflexão sobre o sentido da visita pastoral e a função do bispo numa igreja particular, ou seja, numa diocese. Neste ano, na Diocese de Taubaté, iniciei a segunda fase das visitas pastorais. A primeira ocorreu em 2016, realizada com o intuito de conhecer as comunidades. Foi uma visita breve, de apenas um dia em cada uma das 49 Paróquias que compõem nossa Diocese. Nesta segunda fase, tenho dedicado quatro dias a cada paróquia. Ordinariamente, a visita se inicia na quinta-feira e termina no domingo.
Para entendermos o sentido da visita pastoral é necessário considerarmos a índole apostólica da Igreja. Faremos isso, ao considerar muito sucintamente o que é chamado de notas distintivas da Igreja iniciada por Jesus Cristo: ela é Católica Apostólica Romana. 1- É Católica, e isso significa “universal”, pois Cristo a constituiu e a enviou com a missão de ir a todos e ensinar tudo o que dEle recebemos. A Igreja comunica a salvação de Cristo, que é destinada a todos, universalmente. 2- A Igreja é Apostólica porque Cristo estabeleceu sua Igreja sobre o alicerce dos Apóstolos e também porque a Igreja conserva fielmente e transmite, de século a século, esses ensinamentos recebidos do Senhor. Os doze Apóstolos foram chamados, preparados e enviados com a mesma autoridade que Jesus recebeu do Pai: “Como o Pai me enviou, eu também os envio…” (Mt. 28,18-20). Por meio dos Apóstolos nós recebemos tudo o que o Senhor Jesus fez e ensinou. 3- A Igreja é Romana porque o sucessor de Pedro, o Papa, tem sua sede em Roma, igreja que preside na caridade. O Papa é bispo de Roma; dentre todos os bispos ele tem primazia e tem jurisdição não só sobre a diocese de Roma, mas sobre toda a Igreja. O Papa fala em nome de toda a Igreja e expressa a unidade eclesial. A Igreja de Cristo é edificada sobre Pedro: “Tu és Pedro e sobre você eu edifico a minha Igreja”, disse Jesus (Mt 16,18).
Os Bispos são os autênticos e legítimos sucessores dos Apóstolos. Ao final de sua missão na terra, Jesus Cristo enviou os Apóstolos dizendo: “Vão e ensinem a todos tudo o que eu vos ensinei. Quem crer e for batizado será salvo. Batizem em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,20 e Mc 16,16). Os Apóstolos saíram e foram constituindo as primeiras comunidades a partir daqueles que acreditaram no anúncio que eles fizeram. Eles constituíam as comunidades e continuavam o caminho, indo à frente e anunciando o Evangelho a outros. Nas comunidades formadas, os Apóstolos constituíam os presbíteros e os bispos, estes encarregados de as dirigir, organizar e conduzir completando a evangelização. (Sobre isso recomendo ler: Carta de Paulo a Tito 1,4-5 e At 20,28). Assim, na Igreja de Cristo, os bispos são os legítimos sucessores dos Apóstolos e os padres e diáconos são seus diretos colaboradores.
Para sermos verdadeiramente Igreja de Cristo, temos que acolher e nos empenhar em viver a Palavra de Deus, ser batizados e estar em comunhão com os legítimos Pastores do Povo de Deus. Cada diocese é uma igreja particular confiada ao governo de um bispo. “Na Igreja de Cristo nem o presbítero, nem o diácono, nem o leigo deve fazer algo sem o bispo”. Essa regra é da época apostólica, ensinada por Santo Inácio de Antioquia, no ano 107 (cf. Epístola aos Magnésios VII). Isso quer dizer que tudo o que se faz na Igreja tem que ser em estreita comunhão com o Bispo local. Desvinculados do Bispo nós não somos Igreja de Cristo. O Papa exprime a unidade de toda a Igreja, e os bispos exprimem a pluralidade e a diversidade das igrejas locais com suas particularidades, próprias de cada povo. O Papa e o Colégio dos Bispos expressam a comunhão e a unidade de toda a Igreja de Cristo.
Atualmente, a Diocese ou Igreja Particular de Taubaté é composta por 11 municípios e 49 paróquias. Cabe ao Bispo Diocesano o governo da Diocese e isso se dá com a cooperação do Clero e dos fiéis leigos que assumem diversos serviços. Cabe ao Bispo Diocesano, o encargo de servir a todos, como mestre da doutrina, sacerdote do culto sagrado e ministro do governo. O bispo é o primeiro responsável por anunciar a Palavra de Deus, santificar a comunidade pelos sacramentos e governá-la, orientando a vida da igreja e todos os trabalhos por ela realizados, especialmente os pastorais. Em nossa Diocese, contamos com a cooperação de mais de 100 presbíteros (padres) e, aproximadamente, de 50 diáconos. A visita pastoral que é realizada tem por objetivo conhecer melhor, acompanhar, orientar e incentivar cada comunidade paroquial e os trabalhos ali realizados para que estejam em estreita sintonia com as diretrizes estabelecidas a partir de nossa Assembleia Diocesana de Pastoral. Que as visitas pastorais intensifiquem nossa fé, fortaleçam nossa comunhão e nos animem na missão de evangelizar e servir ao Reino de Deus.
Dom Wilson Angotti
Bispo de Taubaté