Por Pe. Silvio José Dias
Muito bem adaptado a zona urbana, o Aedes aegypti tem gosto preferencial pelo sangue humano. Dai ele preferir as nossas casas na hora de se reproduzir. Para maturar os ovos fertilizados pelos machos, a fêmea do mosquito precisa das proteínas contidas no sangue humano. E para conseguir isso, elas podem percorrer mais de 2 km de distancia. Ela pode picar uma família inteira de cinco pessoas transmitindo uma das quatro doenças mais conhecidas do qual é vetor, se ela estiver contaminada.
O site do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) informa que mosquitos de qualquer espécie costumam picar uma só pessoa para reproduzir um lote de ovos. O mosquito da dengue, porém, “tem uma peculiaridade que se chama ‘discordância gonotrófica’, que significa que é capaz de picar mais de uma pessoa para um mesmo lote de ovos que produz”. Com a pança cheia de sangue humano, depois de três dias maturando seus ovos num cantinho escuro da casa, a fêmea está apta para por seus ovos quando, então, ela sai pra buscar um local para desovar.
Um mosquito oportunista e flexível
Especialmente no verão somos obrigados a conviver em nossas casas com dois intrusos indesejados: o Anopheles e a Aedes aegypti. O primeiro, mais conhecido como pernilongo, é um mosquito de hábitos noturnos, transmissor da malária, que invade as casas dos incautos que, ao anoitecer, esquecem-se de fechar portas e janelas. Já de noite pagarão pela distração ouvindo uma sinfonia desagradável ao ouvido e picadas muitas vezes dolorosas.
O segundo é um mosquito mais ativo durante o dia. Ele tem como vítima preferencial o homem e praticamente é silencioso antes de picar. Mede menos de 1 centímetro, é preto com manchas brancas no corpo e nas pernas. É um predador bastante flexível em suas táticas de ataque. De modo geral, o Aedes aegypti é diurno, ele prefere sair em busca de sangue pela manhã ou no fim da tarde evitando, assim, os momentos mais quentes do dia. “Mas ele é oportunista. Se não tiver conseguido se alimentar de dia, vai picar de noite. Isso não ocorre com o pernilongo, por exemplo, que é noturno e só vai estar quando o sol começa a se pôr”, afirma a bióloga Denise Valle, pesquisadora do IOC/Fiocruz em entrevista para a BBC Brasil
A fêmea Aedes aegypti costuma pôr os seus ovos em pequenas quantidades de água limpa e parada. Essa preferencia é estratégica para se evitar predadores presentes na água ou que ela seja muito ácida, com alta salinidade. Ela vai preferir, ainda, a água que esteja à sombra e o mais próximo possível de uma casa. “O mosquito prefere água limpa para colocar seus ovos, e qualquer objeto ou local serve de criadouro. Mesmo numa casca de laranja ou numa tampinha de garrafa, se houver um mínimo de água parada, seus ovos se desenvolvem”, ensina Fabiano Carvalho, entomologista e pesquisador do Fiocruz Minas, outro especialista consultado pela BBC Brasil.
Mas a falta de água limpa não impede que o Aedes aegypti se reproduza. Estudos científicos já mostraram a versatilidade do mosquito que pode depositar seus ovos em água com maior presença de matéria orgânica. Outra prova de sua flexibilidade, fator do sucesso de sobrevivência da espécie, é que os ovos podem permanecer inertes em locais secos por até um ano, e, ao entrar em contato com a água, desenvolvem-se rapidamente, num período de sete dias, em média. Outros mosquitos não tem tanta capacidade assim de resistir ao ambiente. É essa vantagem do Aedes aegypti que explica sua presença em quase toda parte do mundo, a não ser em lugares onde é muito frio, e a dificuldade em se combater o mosquito.
Outro aspecto que favorece a reprodução desse mosquito é o fato de a fêmea colocar em média cem ovos de cada vez, mas, ela não faz isso em um único local. Em vez disso, ela os distribui por diferentes pontos. Isso dificulta o extermínio dos ovos ou larvas, pois, um criadouro pode passar despercebido.
Combate ao Aedes Aegypti
O Brasil já sofreu, em tempos passados, surtos de dengue. O grande sanitarista nascido em São Luiz do Paraitinga, Oswaldo Cruz, coordenou uma ampla campanha de erradicação do Aedes aegypti, um dos vetores da febre amarela, no ano de 1904, alcançando grande sucesso. Mas o mosquito voltou com força nas décadas de 1960 e 1970, vindos, provavelmente, dos países vizinhos, os quais não haviam conseguido exterminar o bichinho. Em anos recentes, a vigilância sanitária de várias instâncias de governo vem registrando surtos de dengue, notificando casos sintomáticos e índices de mortes. Dengue mata.
Desde o ano passado, sabemos que o Aedes aegypti, além da dengue, transmite também, o zika vírus e a chikungunya. Apesar de não haver maiores dados, ele pode estar associado ao surgimento de casos de febre amarela em Goiás e no Amapá em 2014. “O Aedes aegypti está ligado ainda a males mais raros, do grupo flavivírus . Entre os agentes de contaminação, esse mosquito é o que tem a capacidade de transmitir a maior variedade de doenças “, afirma Felipe Pizza, infectologista do hospital Albert Einstein.
Por tudo isso, a sociedade civil tem somado forças para combater esse portador de tantas doenças. É muito importante conhecer o inimigo, seus hábitos, onde se esconde e como se reproduz para podermos exterminá-lo e proteger nossos lares, nossas famílias e entes queridos desse flagelo que ameaça nossas vidas.
Vale sempre lembrar os métodos de combate ao mosquito. Já tem anos que somos informados do modo de combatê-lo. Segundo informa o site do IOC/Fiocruz, o Aedes aegypti “é um mosquito doméstico, que vive dentro ou ao redor de domicílios ou de outros locais frequentados por pessoas, como estabelecimentos comerciais, escolas ou igrejas, por exemplo”. Dai ser mais comum ele estar presente em áreas urbanas e infestar principalmente regiões com grande número de habitantes, “principalmente, em espaços urbanos com ocupação desordenada, onde as fêmeas têm mais oportunidades para alimentação e dispõem de mais criadouros para desovar”.
Preferindo o calor, o Aedes aegypti surge com mais freqüência no verão, época também, em que é maior a quantidade de chuvas o que facilita a eclosão dos ovos e surgimento das larvas. Ações preventivas, no entanto, devem ser adotadas o ano todo, só assim conseguiremos eliminar os focos do mosquito. E como o mosquito prefere estar próximo de nossas casas, essas ações dependem essencialmente do empenho de toda a população.
Os principais criadouros do Aedes aegypti sãos os grandes reservatórios de água, como caixas d’água, galões e tonéis, esses são os mais perigosos. Outros criadouros exigem uma busca e atenção mais apurada. Esses são os lugares que acumulam pequena quantidade de água, mas que servem ao propósito do mosquito de se reproduzir. São os vasos de plantas, calhas entupidas, garrafas, lixo a céu aberto, bandejas de ar-condicionado, entre outros.
É importante saber o ciclo de vida do mosquito e o modo como ele se alimenta, para que assim, possamos organizar o melhor modo de combatê-lo. “Em condições ambientais favoráveis, após a eclosão do ovo, o desenvolvimento do mosquito até a forma adulta pode levar um período de 10 dias. Por isso, a eliminação de criadouros deve ser realizada pelo menos uma vez por semana: assim, o ciclo de vida do mosquito será interrompido”, instrui o IOC/Fiocruz.
Nos quadros abaixo você encontrará as ações básicas para eliminar os focos do Aedes aegypti em sua casa e no seu bairro. Se você dedicar dez minutos por semana, ocupados nessas ações, muitas vidas serão salvas e pessoas não ficarão doentes. Mãos as obras. Todos contra o Aedes aegypti.
Dengue
Doença tropical infecciosa causada por vírus presente na saliva do Aedes aegypti. São de quatro tipos imunológicos identificadas como de tipo 1, 2, 3 e 4. Os sintomas da doença incluem febre, dor de cabeça, dores musculares e articulares e, por vezes, surgem manchas vermelhas pelo corpo semelhante à causada pelo sarampo. Em casos raros, a doença pode evoluir para a dengue hemorrágica com risco de morte, resultando em sangramento, baixos níveis de plaquetas sanguíneas, extravasamento de plasma no sangue ou até diminuição da pressão arterial a níveis perigosamente baixos. Contudo, muitas das pessoas infectadas com o vírus da dengue não apresentam sintomas da doença, ou apenas sintomas leves, como uma febre simples. Algumas sofrem complicações mais graves quando uma pequena proporção tem risco de morte.
Depois de curada, a pessoa adquire imunidade contra o tipo de vírus que contraiu e imunidade parcial e temporária contra os outros três tipos. Mas, se for contagiada novamente, por algum tipo diferente do vírus, aumenta o risco de complicações graves para a pessoa. Como não há vacina disponível no mercado, a melhor forma de evitar a epidemia é a prevenção, através da redução ou destruição dos focos do mosquito transmissores e diminuindo a exposição as picadas.
Os sintomas da doença duram em média sete dias. O tratamento da dengue é de apoio, com reidratação oral ou intravenosa para os casos leves ou moderados e fluidos intravenosos e transfusão de sangue para os casos mais graves. O período de incubação, isto é, o tempo entre a contaminação e o aparecimento dos sintomas, varia de três a quatorze dias, mas na maioria das vezes é de quatro a sete dias. As crianças, muitas vezes, apresentam sintomas semelhantes aos de um resfriado comum ou da gastroenterite (vômitos e diarreia). Elas correm risco maior de complicações graves; embora os sintomas iniciais sejam geralmente leves, eles incluem febre alta.
O número de casos da doença tem aumentado drasticamente desde os anos 1960, com cerca de 50 a 390 milhões de pessoas infectadas todos os anos.
Zika Virus
Com sintomas muito parecidos com o da dengue, o zika é outro vírus que pode ser transmitido pelo Aedes aegypti. Ano passado o governo federal entrou em alerta com uma epidemia que se alastrou por 14 Estados, a maioria no Nordeste.
Há pouco conhecimento sobre o zika vírus, mas, já se sabe que ele pode levar a microcefalia, uma má-formação do cérebro de bebês. Em alguns casos, o bebê ainda em gestação, pode desenvolver outras doenças e morrer. Casos de morte da criança antes e mesmo após o parto já foram registrados.
Problema sério, é que a contaminação por zika pode passar despercebida, quando a pessoa infectada não apresenta sintomas da doença. Esse fato é o maior obstáculo para se determinar exatamente a extensão da circulação do vírus.
Certo é que as pesquisas sobre o zika vírus e as doenças que pode provocar avançam em vários países, Brasil inclusive, acontecendo grande troca de informações entre os pesquisadores desses países.
Chikungunya
O Aedes aegypti também esteve no centro de um surto de febre chikungunya ocorrido no país no ano passado, quando este vírus chegou ao Brasil e se espalhou com a ajuda do mosquito. Os principais sintomas são febre, dor nas articulações e manchas na pele. Normalmente esses sintomas desaparecem em duas a três semanas, mas, conseqüências podem ser sentidas por mais de um ano. Em recente reportagem a Folha de São Paulo (16/3/2016), citou pesquisa que indica doenças crônicas desenvolvidas a partir do contágio. “Embora o risco de morte por chikungunya seja menor, em comparação com a dengue, a possibilidade de a doença se tornar crônica em uma parcela dos pacientes é motivo de grande preocupação, segundo especialista”, informa a reportagem.
Um mal que pode estar ligado ao vírus chikungunya é a artrite crônica. A reportagem da Folha identifica ainda fortes dores, dificuldade de movimento e deformações nas articulações dos pés, mãos, tornozelos e joelhos como seqüelas da doença. Citando um reumatologista experiente, a reportagem afirma que a “chikungunya não é uma doença tão benigna como as pessoas pensam. A cada epidemia, ela aparece se tornar mais severa”, alerta o especialista.
Diocese de Taubaté mobilizada contra a dengue, a zika e a chikungunya
A Diocese de Taubaté está engajada na luta contra o Aedes Aegypti e na prevenção das doenças que ele transmite: a dengue, a zika e a chikungunya. Além da participação do Setor de Comunicação da diocese, que já tem feito intensa propaganda das ações positivas no combate aos focos do mosquito, agora a Pastoral da Saúde e Movimento Mãe peregrina unem forças na campanha “Todos pela vida!” para conscientizar a população dos métodos para prevenir as doenças que tem o Aedes Aegypti como vetor.
De acordo com Ana Regina de Oliveira Gama, coordenadora da Pastoral da Saúde, “a educação em saúde é o nosso principal foco,valendo-se dos ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo segundo evangelho de João, 10,10, ‘Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância’, a Pastoral da Saúde e o Movimento Mãe Rainha vêm atuar fomentando práticas e hábitos saudáveis de vida, buscando melhor qualidade de vida para a comunidade”, disse.
Essa campanha da Diocese de Taubaté lembra outra, a Campanha da Fraternidade deste ano que tem por tema “Casa Comum: Nossa Responsabilidade”. O fato da Dengue, da Chikungunya e do Zika Vírus estarem se proliferando em nosso meio atesta que nos esquecemos de cuidar da “casa comum” que Deus nos deu e agindo assim percebemos que colocamos em risco a vida do planeta, a começar da nossa!
Vamos nos unir, esta é a luta em comum! Somente unindo forças, venceremos esta luta!
Fontes de pesquisa:
ioc.fiocruz.br
cve.saude.sp.gov.br
pt.wikipedia.org
g1.globo.com
Jornal Folha de São Paulo
Com colaboração da Prefeitura Municipal de Taubaté
Fonte: O Lábaro