Diocese de Taubaté vive dia histórico em sua XVIII Assembléia de Pastoral

O sábado amanheceu chuvoso. Uma garoa fina caia insistente e persistiu por toda a manhã. Os primeiros inscritos chegavam e iam conferir seus nomes na lista de presença e receber seu crachá e uma pasta com o material para a reunião. Antes das 7h30 min., porém, a equipe de acolhida e de apoio já estava a postos para receber os participantes da XVIII Assembléia Diocesana de Pastoral da Diocese de Taubaté.

Após passar pelo ritual de recepção, cada participante da Assembléia era convidado para tomar um cafezinho na quadra de esportes, organizado por uma equipe da paróquia anfitriã. Terminado o café, seguindo pontualmente a programação do encontro, no Salão Paroquial da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Aparecida, em Taubaté, teve início a Celebração de Abertura da Assembléia. O momento de oração foi preparado pela Comissão Diocesana de Liturgia. Recebida a benção do bispo diocesano, Dom Wilson LuisAngotti Filho, foi composta a Mesa Diretora da Assembléia Diocesana. Compunham a Mesa Diretora o Presidente da Assembléia, Dom Wilson; o Vigário Geral, Cônego Elair Fonseca Ferreira; o Coordenador Diocesano de Pastoral, Padre Leandro Alves de Souza; o Coordenador da Pastoral Presbiteral, Cônego Paulo Cesar Nunes de Oliveira; o Presidente do Conselho Diocesano de Leigos, Alexandre Baylão e o Secretário Executivo do Regional Sul 1, Padre Nelson Rosselli Filho, o qual atuou como Assessor Pastoral.

Composta a Mesa Diretora, a XVIII Assembléia Diocesana de Pastoral foi oficialmente aberta com palavras motivadoras de Dom Wilson Angotti. Em seu pronunciamento, o bispo insistiu na importância de se evidenciar certas urgências na ação evangelizadora. Dom Wilson afirmou que existe uma verdadeira urgência em formar o cristão na fé para que se torne verdadeiro discípulo missionário de Jesus Cristo.
Padre Leandro Alves fez a leitura do Regimento Interno da Assembléia, o qual foi aprovado por unanimidade pelos seus membros. Padre Nelson Rosselli, então, fez as suas observações sobre o andamento do processo pelo qual está sendo elaborado o novo Plano de Pastoral Diocesano.

Depois de breve instrução feita pelo Coordenador de Pastoral, os participantes da Assembléia foram divididos em grupos para discutirem a síntese da análise da realidade social e da pastoral feitas durante as assembléias acontecidas nos decanatos da diocese. Vale recordar que as assembléias dos decanatos concluíram um processo de ver a realidade nas cidades que compõem a Diocese de Taubaté. Antes disso, aconteceram assembléias nas comunidades, seguida de assembléias paroquiais. Nos grupos, foram debatidos os problemas e suas justificativas para, em seguida, serem escolhidos um problema social e um problema eclesial relevante. Cada grupo deveria ainda, propor uma ação pastoral concreta para cada problema elencado.

Concluída essa etapa dos trabalhos, os 15 grupos se juntaram em três equipes para fazer um mini plenário. Nessa etapa, forma apresentados os resultados dos trabalhos nos grupos menores e votado um único problema e sua respectiva proposta de ação. Os mini plenários representaram uma primeira “peneirada” objetivando-se a eleição de uma prioridade pastoral a ser adotada por toda a diocese em seu Plano de Pastoral.

Como não só de pão vive o homem, mas também dele precisa e porque “saco vazio não para em pé”, concluídos os mini plenários, todos foram para a quadra de esportes onde foi servido o almoço.
Passada uma hora e meia, os trabalhos da Assembléia foram retomados com um Plenário conduzido pelo Coordenador da Assembléia, Padre Leandro Alves. Essa etapa representou uma segunda “peneirada”, quando se deu votação escolhendo das seis, três propostas vindas dos três mini plenários. A grande maioria escolheu a família como prioridade na ação pastoral na Diocese de Taubaté e a urgência: Igreja, casa da iniciação à vida cristã.

Três outros assuntos fecharam a pauta da programação da Assembléia. Dom Wilson apresentou a composição da equipe responsável pela elaboração do novo Plano Diocesano de Pastoral, para o quadriênio 2015 a 2019. Ela será composta pelo Coordenador Diocesano de Pastoral, Padre Leandro Alves, e mais três outros padres, José Adalberto Vanzella, Roger Matheus dos Santos e Celso Luis Longo. Padre Vanzella deu algumas orientações para a elaboração de um Plano Paroquial de Pastoral, próxima etapa a ser realizada nas paróquias, depois de publicado o Plano Diocesano de Pastoral. Padre Leandro Alves fechou os assuntos em pauta apresentando o Calendário Diocesano de Pastoral para 2016, dando ênfase para as celebrações do Ano Jubilar da Misericórdia, decretado pelo Papa Francisco, que será aberto oficialmente na Diocese, no dia 12 de dezembro, às 16h, com celebração da abertura da Porta Santa na Catedral São Francisco das Chagas.
A XVIII Assembléia Diocesana de Pastoral foi encerrada com as palavras finais de seu presidente, Dom Wilson Angotti. Antes, porém, da dispersão dos participantes, durante a celebração do envio na oração de encerramento, todos se uniram numa corrente de mãos dadas e assim, receberam a bênção do bispo diocesano.

Assembleia Diocesana coroa processo participativo e de comunhão

A elaboração do novo Plano Diocesano de Pastoral começou a ser realizada em novembro do ano passado. Na XVII Assembleia Diocesana acontecida no dia 22 de novembro de 2014, presidida por Dom Carmo João Rhoden, então bispo diocesano de Taubaté, foi aprovado um projeto que promoveria uma ampla consulta realizando assembléias nos vários níveis eclesiais.

Deste modo, primeiro aconteceu a pré-assembleia diocesana, no dia 21 de fevereiro desse ano, ainda sob a presidência de Dom Carmo, quando foi apresentado um relatório feito por uma equipe do COPS (Colegiado dos Organismos e Pastorais Sociais), mostrando a realidade socioeconômica, política e pastoral da diocese. Nos meses de abril e maio foram realizadas as assembléias nas comunidades. Depois, em julho e agosto vieram as assembleias paroquiais e, em setembro e outubro, seguiram-se as assembléias nos decanatos.

Padre Leandro Alves de Souza, Coordenador Diocesano de Pastoral, que esteve a frente de todos os trabalhos desde o seu início, informou que das 49 paróquias da diocese, 42 enviaram relatórios de suas assembleias. Em entrevista para o site diocesano DT7 e para O Lábaro, Padre Leandro falouda impressão positiva que teve relativo a metodologia de participação empregada. Para ele, o alto índice de paróquias que realizaram suas assembléias mostra que boa parte da diocese se envolveu no processo. “Foi um tempo de fato de reflexão, tempo de pensar a realidade social e eclesial de nossas paróquias e comunidades e estamos aqui hoje justamente para ver a partir desses elementos qual resposta pastoral daremos que é na verdade e será a proposta pastoral para o nosso novo plano diocesano”, declarou o Coordenador Diocesano de Pastoral.

Participando ativamente do processo que culminou na XVIII Assembleia, Pamela Karina dos Santos, 24 anos, atuou nela como auxiliar da secretaria. Pamela é teóloga, coordenadora diocesana da Pastoral da Juventude e secretaria do CNLB/Taubaté. Fez parte da equipe do CNLB que preparou o material para ver a realidade, levantamento social e pastoral. Para Pamela, o processo participativo utilizado na elaboração do novo Plano de Pastoral, levou as pessoas a tomar consciência da importância de sua contribuição na ação evangelizadora como parte ativa e atuante da Igreja. O método ajuda a construir uma eclesiologia de comunhão. “A gente conseguiu estar nas bases. Todas as discussões, todas as assembléias comunitárias, até chegar aqui (na Assembleia) e ver realmente tudo o que foi discutido, tudo o que foi planejado, tudo o que foi conversado em todas as assembleias, chegou até aqui e agora, a partir dessa realidade vista e debatida, será pensado um plano diocesano de pastoral e não um plano qualquer, muito teórico e totalmente fora da realidade”, afiançou a jovem teóloga.

Outra agente de pastoral experiente, Ana Regina de Oliveira Gama, coordenadora diocesana da Pastoral da Saúde, concorda que o método participativo foi de suma importância quer na elaboração do Plano, como na sua execução futura. Para Ana Regina foi fundamental escutar as várias sugestões e opiniões, olhar para as vivências a fim de se construir um Plano sem imposição de cima para baixo. “Não podemos impor um Plano, porque um Plano construído em conjunto tem mais chances de ser aplicado”, disse a agente. Ana Regina também participou do processo desde o seu principio. Por isso, ela pode afirmar que esse é “um Plano que vem sendo construído dentro das necessidades, das realidades das nossas comunidades, então, ele tem muito mais chances de dar certo, com certeza”.

Dom Wilson Angotti

O Plano Diocesano de Pastoral para o quadriênio 2015 – 2019, usando o método participativo, começou a ser elaborado sob o pastoreio de Dom Carmo João Rhoden. Ele presidiu o processo até sua metade. Em junho desse ano, a Diocese de Taubaté ganhou um novo bispo, Dom Wilson Angotti. Quando ele chegou, o processo estava em execução e aconteciam as assembléias comunitárias. Coube a Dom Wilson agora, presidir a Assembleia que concluiu o processo de consulta e encomendar a redação do novo plano.

O Lábaro perguntou a alguns participantes da Assembleia o que isso mudaria no processo, que influencias a mudança no governo pastoral da diocese traria tanto para a elaboração como para a execução desse plano.

Um dos entrevistados foi o Cônego Paulo César de Oliveira, pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida e Presidente da Pastoral dos Presbíteros. Ele abriu sua comunidade para receber a Assembleia e organizou as equipes de serviço e apoio para o encontro. Para o Cônego Paulo, “todo o trabalho desenvolvido para essa Assembléia de Evangelização e Pastoral não partiu do bispo, mas do desejo dos leigos e dos padres da nossa diocese e, para dar continuidade a tudo isso o bispo veio para somar àquilo que já estava sendo feito e preparado pelas nossas paróquias e pelos leigos engajados nas pastorais e movimentos da nossa diocese”, disse.

Questionado sobre o assunto, o próprio bispo, Dom Wilson afirmou que a Igreja, por ser dinâmica, ela sempre consegue manter uma continuidade em sua ação evangelizadora. Aquilo que começou com Dom Carmo, ele deu continuidade e concluirá agora, com a aprovação do Plano Diocesano e a sua execução. De acordo com o bispo, a Igreja vai sempre planejando e realizando suas ações, apesar das mudanças no seu comando. “Passamos os padres, passamos os bispos, passam os papas e a missão continua, e isso que é bonito, isso que é grandioso na Igreja; porque a missão não é nossa, particularmente, pessoalmente, a missão é da Igreja e ela vai realizando, século após século, esse seu serviço de anúncio do evangelho”, testemunhou Dom Wilson.

Já Pamela Karina acha que o novo bispo vai exigir mais dos párocos, o que para ela é uma coisa muito positiva. Pois, “a gente precisa que o pároco esteja preparado para assumir e para agüentar as responsabilidades que isso implica”, afirmou. Pamela espera sobretudo, que Dom Wilson incentive os párocos a abraçar sem medo o protagonismo do laicato promovendo um trabalho de comunhão.

Drogas, violência, juventude e família

Na pré-Assembleia, realizada em fevereiro desse ano, um relatório elaborado pela CNLB, analisando a realidade social da nossa diocese apontou como um dos maiores problemas o processo de drogadição da sociedade. As drogas e a violência são um dos problemas sociais que mais afetam nossos jovens. O tema foi recorrente nas assembléias comunitárias e apareceu com força nas assembléias dos decanatos. Dos 7 decanatos, 6 escolheram esse tema como assunto prioritário a ser tratado no Plano de Pastoral. Contudo, a XVIII Assembleia elegeu a família como prioridade na ação evangelizadora e pastoral.

Padre Cipriano Alexandre de Oliveira, 34 anos, 11 meses de padre, Assessor Setor da Juventude, apostava que a questão da drogadição e a violência seria votada como prioridade. “Apareceu nas assembléias comunitárias, nas paroquiais, nos decanatos, aqui na primeira reunião apareceu e agora, na votação final, não apareceu” disse o padre. Para ele a Assembleia deixa uma lacuna que esbarra diretamente nos jovens, pois o tráfico e o uso de drogas éuma problemática social que precisa ser enfrentada por todos. “Mas, como foi votada a família, creio que será possível trabalhar esse problema também, pois é um problema tão gritante e não apareceu como uma prioridade, como uma urgência no nosso plano”, lamentou Pe. Cipriano.

Atuando também no Setor Juventude da Diocese de Taubaté, Paulo Salvati, 24, coordena o grupo de jovens “Fé Jovem”. Como o Pe. Cipriano, Paulo também acredita ser possível enfrentar o problema das drogas na juventude, trabalhando a realidade familiar. A dogradição e a violência afetam toda a realidade social, assim como a própria Igreja. Por isso, “se a Igreja não abraçar essa causa, não acolher a família, não acolher o jovem, a gente não vai ter atividades efetivas quanto a isso”, afirmou o jovem.

O Plano de Pastoral

Foi na Assembleia Diocesana realizada no dia 22 de novembro de 2014 que se decidiu usar o método participativo na elaboração do Plano de Pastoral da Diocese. Esse é o modo de se construir uma Igreja nos moldes definidos pelo Concílio Vaticano II, uma Igreja de participação e comunhão. Para que isso aconteça é preciso que se promova um trabalho que considere a participação em todos os níveis. Assim sendo, foram promovidos, no período de um ano, debates e consultas nos vários níveis eclesiais por meio de assembleias comunitárias, paroquiais e nos decanatos.

A elaboração e a redação do Plano, no entanto, não concluem o processo. Agora, será preciso elaborar o Plano de Pastoral Paroquial. Esse deverá utilizar a mesma metodologia de planejamento pastoral participativo, valorizando a participação das lideranças paroquiais nesse processo. O Plano de Pastoral Diocesano dará as pistas gerais a serem aplicadas por todos na ação evangelizadora e de pastoral. Contudo, cada paróquia tem a sua realidade própria e, por isso, terá liberdade de pensar e executar a atividade que corresponda à sua particularidade.

A XVIII Assembleia Diocesana de Pastoral elegeu três prioridades de ação pastoral para toda a Diocese. Padre Leandro Alves, porém, fez questão de ressaltar que essas prioridades não são exclusivas nem excluem outras iniciativas pastorais. “E agora as paróquias terão esse tempo, após a assembléia, de planejar paroquialmente aquilo que elas vão colocar em prática a partir dessas três prioridades; claro que, prioridade não significa que será a única ação, também porque, as paróquias têm outras ações a serem observadas; mas, em conjunto nós vamos focalizar essas três ações que foram escolhidas aqui (na Assembleia) pela diocese, para que as paróquias também possam priorizá-las na execução do seu plano de pastoral”, informou o padre.

Para auxiliar nessa atividade, o Plano Diocesano de Pastoral oferecerá um formulário para planejar os meios e modos de alcançar objetivo pastoral. No planejamento paroquial deverão ser indicados os responsáveis por cada atividade a ser realizada. Elementos essenciais a serem identificados e nomeados no planejamento serão os destinatários da atividade pastoral e onde será o local de sua realização. Ainda será preciso definir o tempo de duração da atividade, evitando-se que terminem sem serem concluídas ou sua repetição. Por fim, o planejamento deverá prever os custos que cada atividade precisará investir para sua realização.

Elogiando a metodologia e o processo adotado, Dom Wilson Angotti chama a atenção para o fato que a elaboração e a redação do Plano de Pastoral não concluem ainda, o trabalho realizado até aqui. “Agora, definida as prioridades pastorais nós teremos um outro compromisso, não encerramos um compromisso de Igreja, caminhamos até aqui, e o ponto de chegada que é a escolha das diretrizes pastorais, se torna ponto de partida para que possamos iniciar processo de planejamento nas paróquias, elaborando o Plano Paroquial de Pastoral a partir do Plano Diocesano”, disse o bispo de Taubaté.

Fonte: O Lábaro – dezembro/2015

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