Refugiados, imigração, crise de humanidade

Estamos vivenciando a maior de todas as crises mundiais de humanidade na questão dos refugiados. De onde vêm e pra onde vão? Esta pergunta é singularmente significativa, porque quem deixa sua pátria mãe não tem outro desejo senão de conseguir melhores chances de vida, fugindo de conflitos bélicos, desastres ambientais ou em busca de condições mais dignas de vida, seja na Europa, nas Américas ou em qualquer outro lugar no planeta.

O deslocamento geográfico dessas pessoas às vezes se transforma num verdadeiro pesadelo, tanto na travessia quanto na chegada ao país de destino. A Organização Internacional das Migrações anunciou que desde o começo do ano mais de duas mil pessoas morreram afogadas no Mediterrâneo (ONU Organização das Nações Unidas).

No Brasil e outros países, a recente chegada de imigrantes haitianos, senegaleses, paquistaneses, bengalis, ganeses, entre outros, desperta um clima de alarmismo e crescente xenofobia. Segundo a UE (União Europeia), o fluxo de pessoas desesperadas que parte da Síria e do norte da África, na tentativa de alcançar a Europa, já é muito maior que o registrado no mesmo período do ano passado e que milhares de pessoas estão usando uma rota perigosa através dos Bálcãs para chegar à Alemanha e a outros países do norte da União Europeia. Sobreviventes frequentemente relatam violência e abusos cometidos por traficantes de pessoas. Muitos imigrantes pagam milhares de dólares aos criminosos, e também é comum que sejam alvos de roubos.

O maior grupo de imigrantes é de sírios fugindo da violenta guerra civil em curso no país. Afegãos e eritreus vêm em seguida, tentando escapar da pobreza e de violações aos direitos humanos. Os grupos originários da Nigéria e do Kosovo também são grandes – pobres e marginalizados integrantes do povo romà (cigano) são boa parte dos imigrantes vindos do último país.

E nós, Igreja de Jesus Cristo, o que devemos fazer? Devemos seguir o ensinamento de São João Paulo II que disse, “Aquele mínimo de proteção à dignidade de todo ser humano, garantido pelo direito internacional humanitário, é com muita frequência violado em nome de exigências militares ou políticas, jamais deveriam prevalecer sobre o valor da pessoa humana. Sente-se hoje a necessidade de encontrar um novo consenso sobre o principio humanitário e de consolidar os fundamentos, a fim de impedir o repetir-se de atrocidades e abusos (Discurso durante a audiência geral, 11 de agosto de 1999, in Losservatore Romano, ed. português, 14 de agosto de 1999 p. 12).

Isto é um delito contra Deus e contra a própria humanidade e por isso a comunidade internacional deve intervir para que isto deixe de acontecer no mundo. E se isto aconteceu no passado agora, com mais força, retorna a nossa casa e não podemos fechar os olhos e fingir que o problema não é nosso. O problema dos refugiados é de todos nós. O que vai acontecer? Não sabemos. O amanhã nos dirá. Deus nos ajude para que conscientes, ajudemos a ajudar quem precisa. Outras preocupações como religião, educação, emprego para esses refugiados, virão numa segunda etapa.

Pe. José Batista da Rosa
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, Campos do Jordão

Fonte: O Lábaro – outubro/2015

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