Conversão ecológica

Recentemente o Papa Francisco escreveu criticando nossos hábitos de consumo. Isso você pode ler na Carta Encíclica, “Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum”. No número 21 da encíclica, o Papa adverte que nossos hábitos de consumo têm efeitos colaterais perniciosos para a ecologia, agravando a sua crise. De fato, o consumo massivo deriva em maior acúmulo de lixo descartado. Mas, antes desse problema, existe a exploração da natureza que sustenta a indústria produtora dos bens de consumo.

Quando da Campanha da Fraternidade de 211, que abordou o problema da poluição, tive a oportunidade de tratar desse assunto. Por isso, gostaria de reproduzir aqui, trechos do artigo que escrevi sobre os efeitos do consumo para a natureza.

Afirmei, no artigo, que “não bastará acusarmos as grandes empresas, o governo e os poderosos pelos males que afligem ao nosso planeta e ameaçam a vida nele hospedada. Será preciso mudar nossos hábitos consumistas e nossa mentalidade na convivência com os outros, sejam os semelhantes, seja a natureza”. Depois, citando o Texto Base da campanha: “nessa campanha nos perguntamos se os donos da economia estariam dispostos a abrir mão de seus lucros para preservar o planeta.

Devemos ainda questionar se estaríamos, cada um de nós, prontos a renunciar a avanços tecnológicos e a um maior conforto refreando a febre consumista, deixando de produzir maior quantidade de lixo e outros subprodutos poluidores”.

Como o Papa hoje, na Laudato Si, no meu artigo de 2011 advertia que “é inegável a contribuição das novas tecnologias na melhoria da vida. Precisamos torná-las de fato, acessíveis a todos. Por outro lado, cada pessoa precisa controlar o impulso de consumir e acumular, de modo irresponsável e prejudicial ao meio ambiente. O mercado funciona segundo um mecanismo binário implacável: a lei da oferta e procura. Se não consumirmos mais produtos que poluem em demasia, ou que se originam de desmatamento e de indústrias poluidoras, os gananciosos capitalistas, denunciados no Texto Base, não mais oferecerão seus produtos. Será um modo de impedirmos a destruição da natureza, simplesmente mudando nosso hábito de consumo”.

O que o Papa Francisco propõe é uma conversão. Precisamos abandonar o consumo desenfreado e aprender a reciclar. Em vez de acumular, precisamos partilhar, para que todos tenham o suficiente para viver. Do contrário, não existirá mais a casa, isto é, o planeta, para dela cuidarmos.

Pe. Silvio Dias
pesilvio@hotmail.com

Fonte: Jornal O Lábaro – agosto de 2015

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