Uma Reflexão Pastoral Sobre a 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil

Introdução

Ela aconteceu, como, todos sabem, e puderam constatar, através da mídia, em Aparecida, junto à Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, e junto às suas estruturas físicas, preparadas para eventos como este ou semelhantes.

Estendeu-se de 30 de abril a 09 de maio de 2014. Foi longa? Foi. O problema é como reduzir sua duração, sem prejudicar sua eficiência.

Ela transcorreu de modo agradável, fraterno e de acordo com a programação. Foi bem planejada e muito bem dirigida. O Secretário Geral é, de fato, competente, perspicaz e muito atento. As celebrações no seu conjunto agradaram bastante: boas mensagens e a parte musical bem adequada ao tempo litúrgico e ao evento. O alojamento estava a contento de todos, até dos mais exigentes. A Assembleia, repito, agradou. Senões, além de poucos, foram compreensíveis e, por isso, até quase todos admissíveis. Os custos dos participantes foram rateados entre todos. Assim, os de mais perto, colaboraram com os de mais longe.

Conteúdo

As reflexões, entre outras, sobre a liturgia, foram ótimas. Chamaram a atenção, ao central na celebração, mas também ao modo de realizá-la: evitar o show e as excentricidades. Valeu a pena ouvi-las para levá-las a sério, também na execução dos cânticos e no uso dos instrumentos, às vezes, tão exagerado. A celebração quer ser culto e não show.

O tema central (Comunidade de comunidades – uma nova Paróquia). Este, além de já ter sido apresentado na 51ª Assembleia, foi retomado, depois de melhorado pelas colaborações que chegaram à CNBB – como fora pedido.

O texto foi trabalhado tão seriamente que sofreu quatro novas versões. Valorizou-se devidamente a Palavra de Deus e seu uso no culto eclesial. O linguajar foi mais adequado à capacidade de intelecução do povo, além de enriquecido teológica, bíblica e pastoralmente. O Documento que virá será bastante bom. Infelizmente, pouco ajudará se não for estudado, conhecido, aprofundado e assumido pelas comunidades.

Requer-se conversão pastoral. Isto pressupõe conversão a Cristo, o que não é um acontecimento tão automático. Chamo especial atenção aos capítulos, quinto e sexto do Documento, sujeitos e tarefas de conversão, bem como, para as proposições pastorais. Tornou-se um Documento bem enxugado, mas muito rico e bastante prático.

Compete, agora, às Dioceses e Paróquias, com suas comunidades assumir o estudo deste texto e viabilizá-lo: pastorais, movimentos e todas as forças vivas da paróquia. O desafio maior está, agora, na conversão pessoal, no encontro com o Cristo, para que haja conversão pastoral e missionária. Precisamos de discípulos/missionários. Estes não se supõem, mas se formam. Não haverá Nova Evangelização sem constante conversão, alimentada pela Palavra, a Eucaristia e a participação eclesial. O mundo hodierno tem uma invejável capacidade de bitolação e de imposição de sua cosmovisão.

Espero que as paróquias adquiram logo o Documento e através de cursos de formação e de retiros, o tornem conhecido e assumido. Isso não acontece sem generosidades, ou seja, sem amor a Cristo e ao Reino, demonstrados existencial e visivelmente.

Tema prioritário: Cristãos leigos (as) na Igreja e na sociedade: “Sal da terra e luz do mundo” (cf. Mt 5,13-14). A última versão recebida foi de um lado bastante enxugada; e de outro, enriquecida. Servirá como material de estudo para ser, então, ainda, melhorado e enriquecido, de modo especial, pelo aporte dos leigos e leigas.

A matéria proposta deseja ver a Igreja no mundo e o mundo na Igreja. Propõe uma Igreja toda missionária (em saída) que perceba o mundo como realidade entre esperanças e angústias. O laicato é, para nossa alegria, devidamente valorizado teológica e existencialmente. São reconhecidos os carismas e ministérios específicos na Igreja, e a complementariedade dos mesmos. Penso que a caminhada da Igreja seja, de fato, inspirada e alimentada pela ação do Espírito Santo. E a participação de seus membros, também? A resposta depende de cada qual…

Conclusão

Não apresentei toda a riqueza do evento, mas apenas o que mais poderia interessar a todos. Aliás, seria inviável. Peço, no entanto, ao Senhor da Messe, que ilumine a todos os operários da mesma, na vivência da missão especifica. Possa Maria – a Mãe da Nova Evangelização – ser sempre a grande referência e motivação deste modo de ser Igreja. Deus abençoe a todos!

In Domino.

Dom Carmo João Rhoden, SCJ – Bispo de Taubaté

FONTE: Texto publicado no Jornal O Lábaro – junho/2014.

×