Um santo que passou por aqui

Podemos afirmar sem medo de errar que o primeiro santo brasileiro, Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, tem raízes bem consistentes com a diocese de Taubaté.

Nascido em Guaratinguetá-SP, em 10 de maio 1739 – e essa honra não se pode furtar à cidade das garças –, jovem ainda, Antônio Galvão foi enviado pela família para estudar com os padres jesuítas na Bahia.

Por ocasião da perseguição do Marquês de Pombal aos padres da Companhia de Jesus, em 1757 seu pai ordenou que ele voltasse para sua cidade natal, temendo pela sua segurança. Pode-se imaginar a preocupação da família com um filho de apenas dezoito anos no centro de um furacão, que foi o conflito entre a coroa portuguesa e a religião católica no Brasil.

De volta ao Vale do Paraíba, o rapaz, já com a ideia de se tornar um religioso, com forte tendência a abraçar a ordem dos franciscanos por influência do seu pai, o capitão-mor Antônio Galvão de França, que era membro da Ordem Terceira Franciscana, procurou o convento de Santa Clara de Taubaté, dos Frades Menores Franciscanos, precursores dos atuais moradores daquela casa, os frades capuchinhos.

Em Taubaté fez a sua matrícula para o seminário. E como já possuía o currículo completo do ensino fundamental e médio (considerando a nomenclatura atual), foi aceito para o ingresso no noviciado daquela ordem religiosa. O noviciado constitui um período de experiência (nos franciscanos era de 2 anos na ocasião) e formação religiosa no carisma da ordem, antes que o vocacionado se decida pelos seus votos definitivos de pobreza, obediência e castidade que o tornam um religioso de fato e de direito. O jovem Galvão, então admitido com o nome de Frei antes do seu nome de batismo, foi encaminhado para o convento de São Boaventura, no  Rio de Janeiro, para esses anos decisivos em sua carreira. Esta é a primeira referência biográfica do primeiro santo brasileiro com a cidade de Taubaté.

A segunda ligação de Santo Antônio Galvão com a cidade reporta a um dos milagres atribuídos ao santo em que se assegura o seu dom de estar em dois lugares ao mesmo tempo (bilocação), aceito pela Santa Sé como um dos seus atributos.

Trata-se de um caso de um morador da cidade de Taubaté, no tempo em que Frei Galvão ainda era vivo, que em seu leito de morte, ao ser indagado se gostaria de confessar para melhor se preparar para sua partida, afirmou que já havia se confessado com Frei Galvão. Seus familiares estranharam porque o frade não estava em Taubaté na ocasião. Como seu caso era grave e a família insistia em sua confissão, o doente tirou de debaixo do travesseiro um lenço que pertencia ao franciscano – e que ele havia esquecido ali –  comprovando que ele estivera no seu quarto, e que as afirmações do doente eram verdadeiras.

Há, ainda uma terceira referência à passagem de Santo Antônio de Sant   Anna Galvão pela diocese de Taubaté quando em 1804 foi nomeado “Visitador do Convento de Taubaté e de Itu”.

Existem, ainda, vários desenhos feitos por ele, de lugares por onde passou, entre os quais um do Convento Santa Clara de Taubaté, publicado no livro Frei Galvão para Crianças, de Tom Maia.

Santo Antônio de Sant’Anna Galvão faleceu em 22 de dezembro de 1822 e foi canonizado pelo papa Bento XVI em 11 de maio de 2007.

Henrique Faria

(Fonte: Amanda Monteiro em almanaqueurupês.com)

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