Na Quarta-Feira de Cinzas, iniciamos o período quaresmal na Igreja, ocasião em que nos preparamos para celebrar o mistério central de nossa fé, a Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.
A riqueza deste tempo litúrgico proporciona-nos um percurso que alimenta a oração, a penitência e o jejum, bem como, a interiorização, o aprimoramento nos esforços de conversão e santificação.
“O Tempo da Quaresma visa preparar a celebração da Páscoa; a Liturgia quaresmal, com efeito, dispõe para a celebração do mistério pascal tanto os catecúmenos, pelos diversos graus de iniciação cristã, como os fiéis, pela comemoração do Batismo e pela penitência”. (SC 109 / IGMR 27)
Trata-se de um período em que muitas pessoas assumem posturas externas de remissão, de mortificação e correm o risco de confundir a ocasião entre uma “tristeza necessária” versus uma “alegria em preparar-se para a Páscoa”.
Por isso, “a Quaresma tem sido encarada mais sob o aspecto negativo, quando sua nota fundamental é a de ser um tempo de alegre preparação para a Páscoa, como é o Advento para o Natal, pois além das obras de mortificação e renúncia, o que se exige nesse período é sempre uma abertura maior para com a Palavra de Deus e um zelo mais intenso na participação do culto divino e no exercício de uma caridade fervente e ativa, que exige conversão da mente e do coração, segundo o termo grego empregado no Evangelho: metanóia (cf. Mc 1,15) em todos os domínios da vida”. (ADOLF, 2019)
Na construção de sua espiritualidade, cada membro da comunidade eclesial tem a oportunidade de mergulhar na riqueza das orações, dos cantos, das leituras e dos prefácios, dos momentos de silêncio. Tal dinâmica celebrativa proporciona e alcança uma participação ativa, mais consciente e frutuosa da comunidade. Atentar-se sobre a profundidade das orações, da coleta, sobre as oferendas e depois da comunhão, bem como, a força das palavras dos prefácios deste tempo, consiste beber de uma fonte puríssima e que coloca os participantes da ação litúrgica em passos edificantes.
Este caminho quaresmal se enriquece com a escuta diária e dominical da Palavra de Deus. Os textos previstos para este ano B serão: Primeiro Domingo: Mc 1,12-15 – A tentação de Jesus; Segundo Domingo: Mc 9,1-9 – A Transfiguração; Terceiro Domingo: Jo 2,13-25 – Mercadores do Templo; Quarto Domingo: Jo 3,14-21 – Jesus vida e luz; Quinto Domingo: Jo 12,20-33 – Morte e Glorificação de Jesus.
O horizonte que se abre para cada um é a celebração da Páscoa, ou seja, queremos viver este tempo com esta clareza de que o destino deste percurso é a Ressurreição.
O prefácio da quaresma I nos orienta: “Todos os anos concedeis a vossos fiéis a graça de se prepararem para celebrar os sacramentos pascais, na alegria de um coração purificado, para que dedicando-se mais intensamente à oração e às obras de caridade e celebrando os mistérios pelos quais renasceram, alcancem a plenitude da filiação divina”.
Viver este tempo, enfim, como prática da caridade e da reflexão social. Assim, a Igreja proporciona, através do tema da Campanha da Fraternidade: Fraternidade e Amizade Social e do lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8), uma ocasião também de crescer no exercício prático da fé, celebrando a comunhão eclesial.
Por fim, a quaresma é uma ocasião dos exercícios de piedade, como a via-sacra e tantas outras formas que enriquecem nossas comunidades eclesiais.
Vivamos este tempo, com a riqueza do olhar e do encontro com o Ressuscitado, nosso maior objetivo.
Pe. Kleber Rodrigues da Silva