60 anos do falecimento de Monsenhor Ignácio Gióia

No dia 7 de setembro de 1961, ainda na madrugada, começava a se espalhar pela cidade de São Luiz do Paraitinga a notícia do falecimento de Monsenhor Ignácio Gióia. Nas primeiras horas do dia, a cidade comovida começava suas homenagens ao seu querido Pároco.

Monsenhor Ignácio Gióia (acervo da Escola Estadual Monsenhor Ignácio Gióia)

Ignácio Gióia nasceu em Castelluccio Inferiore, Província de Potenza, região de Basilicata na Itália Meridional, filho de Nicolau Gióia e Luísa Taranto. Sua avó materna era a Marquesa de Crucoli.

Na família de 9 irmãos, dois deles decidiram ser padres. O jovem Ignácio Gióia chegou a cursar Medicina, mas o chamado para a vocação sacerdotal falou mais alto no coração do italiano que entrou para o seminário, estudou em Nápoles e foi ordenado padre em Catanzaro, na Calábria, no dia 25 de setembro de 1899.

Em 1900 o padre Ignácio Gióia veio como missionário para o Brasil, recebido como Coadjutor na Paróquia de Descalvado e dois anos depois, em 1902, assumiu a recém-criada paróquia de Jaguari. Em 1905 veio para Queluz e, em 1908, passou a fazer parte do clero da recém-criada Diocese de Taubaté.

Dom Epaminondas Nunes D’Ávila e Silva, primeiro bispo de Taubaté, nomeou o padre Ignácio Gióia como Pároco de São Luiz do Paraitinga em 12 de julho de 1912 e ele permaneceria nesta condição até sua morte em 1961, portanto, longos 49 anos de paroquiato. No ano de 1933 recebeu da Santa Sé o título de Monsenhor.

O legado de Monsenhor Ignácio Gióia em São Luiz do Paraitinga transcende o tempo porque por sua iniciativa foi reconstruída a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que em 2021 completou 100 anos de sua reinauguração. Seu espírito empreendedor também permitiu a mais completa reforma feita na Igreja Matriz desde sua construção em 1840, com colocação dos pisos, altares de mármore, corredores laterais, mesa da comunhão, púlpito e toda a fachada do templo.

A Casa Paroquial da cidade também foi adquirida por Monsenhor Gióia e é a casa dos Párocos até hoje, ao lado da Igreja do Rosário. Na cidade foi um dos idealizadores da construção da Vila de São Vicente de Paulo, casa que abriga idosos e que é, dentre tantos outros, um dos grandes legados do padre italiano para São Luiz do Paraitinga.

Em todas as iniciativas havia sempre a colaboração de luizenses importantes, assim como de toda a comunidade, que amava muito o padre italiano, que mesmo depois de muitos anos no Brasil, falava muito pouco o português, mas mantinha um relacionamento de profundo respeito com todos, da cidade ou da zona rural. Nos lugares mais distantes da Paróquia, montado a cavalo, visitava todas as comunidades, orientava quanto a doenças e normas de higiene, recomendava cuidados com a alimentação e especial zelo pelas crianças. Era um educador e um agente de saúde do município.

Monsenhor Ignácio Gióia na missa do Jubileu de Ouro de ordenação sacerdotal (acervo da Paróquia São Luís de Tolosa)

O amor por São Luiz traduzia-se no absoluto desapego por bens de sua família que havia herdado, pois tudo foi colocado a serviço de seus empreendimentos na cidade. Ao final da vida, idoso e doente, não tinha dinheiro nem para cuidar de si mesmo, nem mesmo para o pão do café da manhã da Casa Paroquial, doado generosamente por uma família luizense, do senhor Hugolino.

Com a saúde debilitada Monsenhor Gióia tinha padres coadjutores que cuidavam das atividades da Paróquia em seus últimos anos de vida. A Igreja do Rosário era onde conseguia celebrar, pela proximidade com a Casa Paroquial, ainda assim, sempre com auxílio de paroquianos, devido à dificuldade para se locomover.

Aos 87 anos de idade, Monsenhor Ignácio Gióia voltou para a Casa do Pai. Recebeu as devidas homenagens em seu sepultamento, considerado até hoje, um dos maiores na história da cidade, pelo número de pessoas, pela solenidade das exéquias, pela comoção dos luizenses e por reunir das mais altas autoridades até os mais simples dos paroquianos.

Seu nome se encontra na rua que leva para a Igreja do Rosário, que era a “menina dos olhos” do Monsenhor. A Escola Estadual que hoje recebe os alunos do Ensino Médio, tem Monsenhor Ignácio Gióia como seu patrono, bem como a Fanfarra e uma Banda que também homenageiam o sacerdote.

Seus restos mortais encontram-se aos pés do altar de Nossa Senhora do Rosário, na igreja centenária. Sua memória ainda ecoa na voz dos mais antigos luizenses que tiveram a alegria de conhecê-lo e seu legado está presente nos registros da história que chegam às novas gerações.

São Luiz do Paraitinga rende sua homenagem, entoa sua Ação de Graças por ter merecido este Pastor e agradece o privilégio de ter tão grande sacerdote sepultado em nosso chão. A história de Monsenhor Ignácio Gióia e seu santo sacerdócio ressoarão ao longo de décadas no coração dos luizenses. Demos Graças a Deus por isso!

 

Daniel Messias dos Santos, historiador luizense

 

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