No dia 20 de fevereiro de 2020, o Seminário Diocesano Santo Antônio, da Diocese de Taubaté completa cento e dez anos de fundação. Nesse dia, em especial, elevamos a Deus nossa ação de graças por essa história iniciada por Dom Epaminondas, primeiro bispo Diocesano, e construída com a dedicação de tantos Colaboradores que atuaram diretamente no Seminário, tantos que por ali passaram e pelos que ali hoje estudam, como também por tantos benfeitores do passado e do presente. Agradeçamos a Deus por tudo e por todos.
Dado que esta edição do Lábaro traz muitos aspectos da história do seminário, limito-me aqui a apresentar um pouco sobre o papel do seminário e a formação que deve ministrar. A palavra “seminário” significa “sementeira”. Trata-se do lugar onde são preparados espiritual e culturalmente os candidatos ao sacerdócio. A formação ministrada tem por objetivo preparar presbíteros (padres), que vivendo o espírito do Evangelho, sejam capazes de o anunciar, de santificar e guiar o povo e especialmente os cristãos católicos. Em vista tal objetivo, se oferece aos seminaristas formação espiritual, litúrgica, missionária, doutrinal e pastoral em ordem às virtudes evangélicas e à vida fraterna. O seminário tem por objetivo preparar discípulos de Cristo para que possam, assemelhando-se ao Senhor, dedicar a vida a serviço do Povo de Deus.
O Senhor chama aqueles que Ele quer (cf. Mc 3,13). Os critérios do chamado permanecem um mistério do plano de Deus, pois não são aqueles que aos nossos olhos podem parecer os melhores ou mais aptos que são sempre chamados. Certamente, aqueles que ingressam no seminário tiveram alguma experiência de fé e de vivência comunitária que lhes despertou a intenção de consagrar a vida a serviço de Deus e da Igreja. Essa experiência não é algo que se dê de modo extraordinário, nem se verifique de maneira objetiva; trata-se de uma vivência subjetiva e pessoal. Por isso, faz-se necessário o acompanhamento de um orientador espiritual e da pastoral vocacional que ajudarão no processo de discernimento da pessoa, a fim de que ela possa identificar quais são as motivações válidas que movem seu querer, distinguindo-as daquelas que poderiam ter outras origens menos nobres ou simplesmente ser decorrentes de condicionamentos pessoais.
Caberá à Igreja admitir os candidatos ao sacerdócio, prepará-los e reconhecer neles as qualidades que considera indispensáveis para exercerem o serviço que lhes será confiado. Esse processo é realizado durante os anos de seminário. Concomitantemente se dão os estudos de filosofia, durante três anos e teologia, durante quatro anos. Ao longo desse período, no seminário, como comunidade formativa, os candidatos vão sendo acompanhados e orientados para seu amadurecimento e preparação em vista do ministério que almejam exercer. Durante esses anos os seminaristas são orientados pelo padre reitor que convive diariamente com os formandos e mais proximamente os acompanha. Desse processo formativo participa também o padre responsável pela orientação espiritual e o padre que orienta a experiência pastoral. Em nossa Diocese, esses formadores compõem o Conselho dos Formadores que juntamente com o Vigário Geral, o Coordenador da Pastoral Vocacional e o Bispo acompanham todo o processo formativo, considerando a caminhada de cada um dos seminaristas. Além disso, cada um dos seminaristas é direcionado a um padre incumbido da direção espiritual e um outro com quem realizam o estágio pastoral. O projeto formativo do seminário deve oferecer aos seminaristas um verdadeiro processo formativo integral: humano, espiritual, intelectual e pastoral, centrado em Jesus Cristo, o Bom Pastor. Por fim, caberá ao Bispo, tendo ouvido os formadores e o Conselho de Presbíteros da Diocese, portanto, em nome da Igreja, reconhecer quem é chamado e objetivamente é considerado apto a exercer o ministério que lhe será confiado.
A grandeza dos presbíteros que servirão nossa Igreja dependerá da reta intenção de cada seminarista, da experiência de proximidade de Deus e intensidade de vida comunitária que eles forem capazes de cultivar como discípulo de Cristo e do trabalho daqueles que são diretamente envolvidos no processo formativo. Nisso consiste o trabalho formativo e a meta do seminário. Na atuação dos ministros ordenados poderemos conhecer a consistência pessoal e cristã daqueles que se dispuseram a servir à Igreja e ao mundo configurando suas vidas à de Nosso Senhor. Poderemos então conhecer a qualidade da semente e como foi feito seu cultivo.
A Igreja, que necessita de presbíteros fraternos, orantes e dedicados servidores. A messe é grande, mas os operários são poucos. Peçamos, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe (cf. Lc 10,2). Rezemos sempre pelas vocações, pois Deus responde à comunidade que pede. Colaboremos com nosso seminário tanto materialmente como colocando à disposição da Igreja as habilidades e capacitação pessoal que cada um dispõe e que podem contribuir para um consistente processo formativo. Portanto, rezar e trabalhar pelas vocações é missão de todos nós.
Dom Wilson Angotti
Fonte: O Lábaro edição janeiro e fevereiro de 2020