É republicano. Não é republicano. Passamos esses dias conturbados na política ouvindo essa afirmação e sua correspondente negativa. Democrático e não democrático. Outra afirmativa e outra negativa que foram usadas à exaustão conforme o discurso da situação ou da oposição.
República quer dizer coisa pública e democracia significa o governo do povo. Em ambas as definições o elemento povo é definidor. Agora me pergunto a partir de quando o povo é considerado pelos nossos políticos? Logo me vem à lembrança: nas eleições e no momento de convocá-lo em defesa de si quando os fatos se manifestam contrários aos próprios interesses.
Fora esses momentos onde está o povo ou o público na hora de dividir o arrecadado com os impostos e que devia servir ao bem público? Em nome de quem se governa da fato? De um partido? E quando se vê, na hora da composição de um governo, esse loteamento de cargos e funções, percebemos que a preocupação é fazer o que é melhor para o povo ou atender interesses de políticos e seus partidos?
Políticos e partidos devem servir as necessidades do povo que deveriam representar. Eles não são eleitos para buscar o poder pelo poder nele se conservando indefinidamente. Tampouco para se locupletarem, enriquecendo-se a si mesmos, aos seus parentes e afins.
O que devemos pensar ao ver políticos e partidos que ontem estavam apoiando um governo, acusado de incapaz, agora estão compondo um novo governo formado por aqueles que tiraram o primeiro? Fisiologismo. Compromete-se o destino da nação aos interesses mesquinhos de partidos inexpressivos, sem ideologia e sem propostas políticas.
A propósito, o fundo partidário que financia os partidos políticos no Brasil, com dinheiro saido dos impostos, tornou a criação de um partido algo rentável. Nem é preciso ter uma proposta política tampouco político eleito. O partido que recebeu menos esse ano levou mais de 42 mil reais do fundo. A soma total do dinheiro público que foi para os partidos é de mais de R$ 800 milhoes este ano.
Essa política em nada lembra uma república. A não ser que se fale daquelas casas que reune estudantes, muitas vezes formada por uma rapaziada cuidando cada um de si e ninguém preocupado com a casa comum. E se pensarmos que a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo, na clássica definição de Abraham Lincoln, então, o que vemos lá em Brasilia, não nos representa.
Pe. Silvio Dias
pesilvio@hotmail.com
Fonte: Jornal O Lábaro – edição de maio/2016