Faz tempo que eu venho pensando sobre isto. Por um lado é que eu não “cresci” por dentro. Ainda me sinto bem “jovem” e, talvez erroneamente – porque há muito jovem maduro e equilibrado apesar da pouca idade – eu extravaso esta minha “juventude” interior com brincadeiras, piadinhas, malícias até o que decepciona uns e escandaliza outros. Tenho pago caro, muito caro este “estereótipo” que criei para mim.
O Salmo 138 diz que Ele me conhece mesmo antes de ter criado todo o universo, e como sei que é Jesus quem chama quem Ele quer, e Ele me chamou (vou fazer trinta anos de padre no final deste ano) eu fico meio que, tranquilo, porque afinal de contas, eu tenho procurado dar o máximo de mim para fazer jus a este chamado e tenho procurado usar o meu jeito de ser pra me aproximar ao máximo das pessoas, e mostrar-lhes o amor de Jesus, inclusive para os jovens.
Os jovens tem sido o alvo de toda a preocupação ou priorização da Igreja neste Ano da Fé, principalmente no Brasil. A Campanha da Fraternidade versou sobre este tema, o Papa vem para se encontrar com os jovens no Brasil nesta próxima jornada de Julho, no Rio e todo o trabalho bonito que o Setor Juventude desenvolve em nossa diocese, sob o comando bonito e eficiente do nosso querido irmão Padre Cleber Sanches, scj.
Estando monsenhor Eugênio em férias neste seu “ano sabático”, eu fiquei como administrador temporário do Santuário de Santa Teresinha e em conversa com meus “pares” lá, tomamos a iniciativa de celebrar toda última quinta-feira dos meses de 2013, até a Jornada de Julho, uma missa solene e especial, às 22 h, no santuário, convidando padres especiais, que atraem os fiéis e são por eles queridos, entre tantos e entre outros, para virem “agitar” nossa juventude naquela paróquia.
Temos lá alguns grupos de jovens fantásticos: o J.A.C. (Jovens amigos do Cursilho), o São Marcos, o JUST, os coroinhas e outros que circulam por lá. Aparentemente Santa Teresinha parece uma comunidade tradicional e “das antigas’, mas vivendo lá, a gente se depara com jovens maravilhosos que dão um ânimo aquele quase centenário templo. Eles organizaram tudo e vieram em Janeiro, o próprio padre Cleber, scj; em Fevereiro, o padre Luiz Gustavo, da Missão Sede Santos, em Março, como a última quinta-feira coincidiu com a Quinta-Feira Santa, fomos nós mesmos, os padres do santuário que presidimos com os jovens, a cerimônia do Lava-Pés e as posteriores vigílias e orações. Em Abril veio padre Rodrigo Natal. Em Maio veio padre Joãozinho Almeida. Foi maravilhosa a celebração. Na penumbra, com todos os jovens “apinhados” em torno do Altar, Padre Joãozinho celebrou com eles a festa do Corpus Christi. Foi uma benção.
Ainda teremos a última missa, antes da jornada em 28/6… estamos preparando uma grande surpresa para toda aquela juventude de idade e de coração. Como prova da alegria de Jesus com esta promoção de nossos jovens, houve uma alteração, de última hora, no roteiro da Cruz da Jornada e do ícone de Nossa Senhora, e, assim que eles chegaram na base aérea do Exército, ao invés de irem aos presídios, padre Cleber nos trouxe a cruz e o ícone para o Santuário de Santa Teresinha, e lá ficou conosco por umas boas horas.
Nosso vigário-paroquial presidiu uma celebração belíssima onde aqueles mesmos jovens puderam cantar e louvar os símbolos do amor de Cristo e da Igreja para com eles. Foi emocionante. O Jornal “O Lábaro” noticiou este evento e ele está marcado em nosso coração. Porém, quando a gente chega, todos os dias para abrir aquele mesmo santuário e vemos “um monte” de jovens, tomados pelo álcool, pelas drogas, mormente pelo “crack” ali, deitados nas escadarias do santuário e não temos como falar com eles ou fazê-los sentir-se parte desta Igreja que os ama e que os quer sadios e santos a nos ajudar a viver este seguimento da Cruz de Cristo, como fez Maria (por isso que o ícone da Mãe acompanha a Cruz do Filho) nós ficamos extremamente decepcionados e tristes.
A tristeza e a ansiedade são maiores naqueles jovens que se reúnem em nosso centro de pastoral e não conseguem fazer quase nada para aqueles outros que estão por ali…. entre eles, inclusive um sobrinho meu, de trinta e poucos anos que deixou mulher e filhos e se foi para “este mundo”. Vejo o sofrimento de meu irmão ao vê-lo sair…. às vezes ele volta, abrimos as portas e coração, meu irmão vibra e “o pega no colo”, mas o apelo do mundo é maior do que o amor da família sofrida e desta Igreja que nunca será completa ou plena enquanto um desses jovens ainda não estiver conosco.
Isto me lembra a história do jovem rico, que se aplica aqui: é preciso que estes jovens caídos à beira do caminho (como na parábola do “bom samaritano”) se deixem ajudar e ouçam o que Jesus disse e diz: “vai, desfaze-se de tudo isto que está te fazendo sofrer, vem e segue-me”… Era preciso que eles voltassem, como voltou o “filho pródigo”…. e nós que estamos na “casa do Pai”, somos como os irmãos mais velhos que precisamos convencê-los a voltar e entrarmos com eles, definitivamente para o banquete do Pai, que dá o Seu próprio Filho para ser o nosso banquete de amor e de eternidade. Confesso que não tenho sido capaz… tomara que o Papa Francisco venha e nos ensine, com sua simpatia e fidelidade, a os trazer de volta e, juntos, possamos “reconstruir” a Igreja de Jesus.
Eu preciso que minha “juventude” interior fosse, agora, madura e fiel e fizesse todos estes jovens, pelo menos estes que estão ao redor de Santa Teresinha, a “eterna jovem nas mãos do Senhor” também amadurecer, crescer e se plenificar no mandamento do Amor, que “não passa nunca”, que não deixa envelhecer… que plenifica… que dá o céu! Amém!
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Pe. Fred
Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Rosário – Santuário Santa Teresinha e Capelão do Colégio Idesa