Para quê um Jubileu?

A prática de celebrar um Ano Jubilar como um tempo especial de celebração tem raízes bíblicas. A Igreja do primeiro milênio desconhece tal prática. Foi somente no ano 1.300 que essa prática foi assumida eclesialmente pelo Papa Bonifácio VIII.

O Jubileu é sempre cristocêntrico: celebra em momentos pontuais do tempo o grande fato ocorrido na plenitude dos tempos, a Encarnação do Filho Eterno, o Verbo de Deus, que se chama Jesus.

Entretanto, as raízes escriturísticas do Jubileu, que continuam sendo fundamentais na sua vivência na Igreja, mostram que há uma motivação de base para sua compreensão que não podemos esquecer: nós necessitamos de pausas na vida.

Por óbvio que pareça afirmá-lo, é importante pensar sobre isso em um mundo marcado (até na religião!) pela frenética rotina de sermos solicitados a todo instante. Todos somos, em alguma medida, conscientes ou não, vítimas da ansiedade que vem acompanhada do medo cruel de solidão. Engenhosamente, somos mantidos ocupados e, curiosamente, distraídos. Quando conseguimos descansar, sentimo-nos culpados por isso, porque, como semearam em nossas mentes, há alguém estudando e trabalhando enquanto dormimos. O resultado, sabemos, é que adoecemos: somos, possivelmente, bem sucedidos, mas adoecidos, sobretudo, emocionalmente.

Diante de tudo isso, a importância sagrada das pausas deve ser relembrada. Elas nos proporcionam não somente a recordação indispensável de que não somos onipotentes (e, por isso, parar é até mesmo um ato de fé e de humildade!), mas também nos mostram que somente parando é que podemos fazer algo muito importante e que ninguém pode fazer por nós: olharmos para dentro de nós mesmos em busca de autoconhecimento e de maturidade, o que, em nossa vida cristã, leva-nos à santidade, à configuração com Jesus.

Que a celebração do Jubileu também nos ajude a vencermos a ditadura da rapidez, de sermos solicitados e frenéticos, curando-nos da síndrome de indispensáveis e super poderosos, afinal, como nos pergunta Jesus, “de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se ele perder a si mesmo?”…

 

Pe. Celso Longo

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