O Documento 53 da CNBB, Orientações pastorais sobre a Renovação Carismática Católica, publicado pelo Episcopado brasileiro, no ano de 1994, aos membros da RCC, para ser refletido e aprofundado. O texto pretende ser um ponto de referência para um diálogo dos pastores com fiéis que se identificam com a espiritualidade do movimento carismático.
A reflexão do Documento parte de uma meditação sobre o Espírito Santo no mistério e na vida da Igreja. O Mistério da Igreja surge na história pela missão do Filho e do Espírito. O Espírito Santo é o intercessor que nos introduz na vida da Trindade, para realização do projeto de Deus.
O cristão, pelo batismo, é introduzido na vida trinitária, partilhando da sua riqueza na Igreja. O Documento aponta que “o Espírito ensina, santifica e conduz o povo de Deus através da pregação e acolhida da Palavra, da celebração dos sacramentos e da orientação dos pastores” (nº 13). Também distribui dons especiais (cf. 1Cor 12,11). Estes dons são sempre para a edificação da Igreja (cf. 1Cor 14). Visto que não é a experiência dos dons carismáticos que leva a perfeição cristã, mas o amor que deve perpassar todas as nossas ações.
Na segunda parte do Documento temos as orientações pastorais. Na relação da Igreja Particular com a RCC, é apresentado cinco critérios de discernimento (cf. AA nº 30): o primado da vocação à santidade; professar a fé católica, no seu conteúdo integral; participação na ação apostólica da Igreja; o serviço da dignidade integral da pessoa humana.
Sobre a questão da Leitura e Interpretação da Bíblia é preciso estar atentos para não cair em dois perigos: o fundamentalismo e o intimismo. Para isso é importante a formação doutrinal, bíblica e litúrgica dos membros da RCC. Também que se estimule a prática da Lectio Divina, como fonte de encontro com Deus e os irmãos.
Na Liturgia, especialmente na Eucaristia, celebre-se a realidade fundamental da Páscoa do Senhor. Na ação litúrgica devem encontrar espaço todas as realidade da vida cotidiana do cristão (cf. João Paulo II, Diretrizes aos Bispos do Brasil).
Quanto às dimensões da vivência da fé, o Documento orienta que a fé não pode ser reduzida a uma busca de exigência intimas e de respostas às necessidades imediatas. Evite-se alimentar um clima de exaltação da emoção, que enfatiza apenas a dimensão subjetiva da fé. Recomenda-se que os membros dos grupos de oração participem de projetos de promoção humana e social, a luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, que é um dom do Espírito Santo à Igreja.
O Documento lembra que o Espírito Santo unifica a Igreja na comunhão e no ministério. Os carismas devem ser recebidos com gratidão, entretanto não se deve ter a presunção de possuí-los (cf. LG nº 12). Assim, haja muito discernimento na identificação dos dons carismáticos. O juízo sobre sua autenticidade e seu exercício cabe aos pastores da Igreja. A eles, em especial, cabe não extinguir o Espírito, mas provar as coisas para ficar com que é bom para a vida da Igreja.
A Renovação Carismática Católica da Diocese de Taubaté tem buscado aprofundar com a liderança do movimento estas orientações dadas pela CNBB, através do Documento 53. Seja um porto de partida para uma nova etapa, em que a RCC há de buscar maior maturidade eclesial, em favor da evangelização e dos frutos esperados.
Pe. Luiz Gustavo Sampaio Moreira, mss
Assistente Diocesano da Renovação Carismática Católica
Fonte: Jornal O Lábaro – edição setembro/2016