o dia 21 de setembro deste ano, o Côn. Francisco Carlos Euzébio, mais conhecido como Padre Chiquinho, celebrou 25 anos de ministério presbiteral. Mesmo passado algum tempo, o nosso jornal não poderia deixar de retratar esse acontecimento tão significativo. Aos 56 anos de idade, Pe. Chiquinho atua como vigário na Paróquia Nossa Senhora D’Ajuda, em Caçapava, onde mora com a mãe Dona Antoninha. Nascido em Taubaté, devoto de São Francisco e corintiano, ele é apaixonado por futebol e por fotografia. Neste bate-papo ele fala sobre sua vocação e como foi celebrar o jubileu de prata sacerdotal.
O LÁBARO: Como surgiu a sua vocação?
Pe. Chiquinho: Desde pequeno, sempre quando eu ia para a casa da minha vó lá no Pinheirinho (Quiririm), minha vó tomava conta da Igreja. Na época o pároco era o Pe. Lauro, e ele que me ajudou a discernir a minha vocação. Depois tive contato com o Pe. Fred, ainda como seminarista; e depois com o Pe. Vanzellaa, que muito me motivou a entrar para o para o seminário. Eu pensava: “se ele pode ser padre, eu também vou ser” (risos). Entrei no seminário em 1984. Era para eu ter entrado em 83, mas por causa da morte de meu pai, que ainda estava recente, e eu era filho único, acabei entrando só em 84.
O LÁBARO: E a sua família, como acolheu a sua decisão?
Pe. Chiquinho: no início a minha mãe ficou preocupada, pelo fato de eu ter de ficar longe. Éramos só e eu e minha irmã, e eu era o arrimo de minha família, o homem da casa. Mas depois de um ano amadurecendo a minha vocação, minha mãe foi entendendo e aceitando. Como no seminário diocesano, aos finais de semana, dava para fazer pastoral e ir em casa, então não ficamos muito distante. A preocupação dela era eu ter de ir para um lugar longe, mas a gente sempre esteve juntos. Também o padre José Carlos, que fez a minha entrevista, tinha família no Quiririm e era muito amigo de minha família. Ele deu bastante apoio nesse processo.
O LÁBARO: Que lembranças o senhor tem do tempo de seminário?
Pe. Chiquinho: Foi um tempo de novidades, de muita esperança, de fazer amigos. Alguns eu já conhecia, como o Pe. Vanzella. Entrei no seminário já adulto, com 20 anos. Antes disso trabalhei na mecânica pesada, na calderaria. Foi um tempo de amadurecimento, de espiritualidade. Nos três primeiros anos tive algumas dificuldades, mas com os estudos no Colégio Idesa, na convivência com os outros, eu fui superando. Depois veio a Filosofia, tudo novo. Mas é acolhendo o novo que a gente vai se aprimorando. O que foi mais marcante para mim nesse tempo foi a experiência de Deus, sobretudo nos trabalhos pastorais. Também foi um momento muito forte e significativo quando fui aprovado para o diaconato.
O LÁBARO: Como vivenciou o momento de sua ordenação? Algum detalhe que gostaria de destacar?
Pe. Chiquinho: Cada momento foi muito significativo. Quando entrei no último ano foi aumentando a expectativa e também uma fortaleza, aquela vontade de ser padre, mesmo ainda com um pouco de medo, é claro. Mas o apoio dos padres foi muito importante. Um fato forte mesmo foi a aceitação e acolhida do presbitério. Também por poder ter sido ordenado no lugar onde vivi a minha infância, no Quiririm. Foi lá que eu também comecei a participar da Igreja no grupo de jovem. Embora muitos diziam que eu não iria chegar [ao sacerdócio], porque eu gostava de jogar bola, estar com todo mundo, as coisas foram fluindo pela graça de Deus.
O LÁBARO: Olhando esses 25 anos de sacerdócio, que avaliação o senhor faz? Quais foram os desafios e alegrias mais significativos?
Pe. Chiquinho: Eu sempre me propus a colaborar em tudo. Participei da primeira Assembleia Diocesana e pude acompanhar toda a transformação da Diocese. Peguei o finalzinho do episcopado de Dom Couto, depois o Dom Antônio, veio o Dom Carmo, e, agora, o Dom Wilson. Então a gente passou por esses períodos de mudança, cada bispo com seu estilo. Estes 25 anos foi toda uma história de ver a nossa diocese crescer, mas também com os seus desafios. Outro fato marcante que eu tive, na época do Pe. Donizetti, ele me convidou para iniciar a Pastoral do Menor na diocese. Recordo que estava na rua fazendo pastoral ali perto da Rodoviária Velha, a gente dava aula para os menores de rua, e a polícia sempre aparecia para pegar os meninos e leva-los para a delegacia. Eu falava: “Ou vai todo mundo ou não vai ninguém”. Daí os policiais diziam: “Então vai todo mundo”. Colocavam a gente no camburão e levava para a delegacia. Como o delegado era muito amigo do Pe. Donizetti, já ligava para ele e liberava todo mundo. Era uma pastoral muito diferente, nos dava alegria em ajudar aquelas crianças porque viviam uma realidade de muita tristeza. Foi também muito gratificante o trabalho nas Paróquia por onde passei. Então foram alguns desafios que a gente enfrentou com alegria, e também tristeza em alguns momentos, mas foi muito gratificante.
O LÁBARO: Com que sentimento o senhor chega ao Jubileu de Prata sacerdotal? Quais as suas motivações e convicções?
Pe. Chiquinho: Quando chega, a gente nem percebe, né?! (risos). Aí a gente pensa: “Poxa, já são 25 anos!”… Parece que foi ontem, né?! É só gratidão! Minha motivação é o trabalho na paróquia, celebrar com o povo, atender as pessoas e dar a elas assistência espiritual. A grande convicção que se mantêm viva em meu coração é o amor por Jesus e pela Eucaristia. As experiências nos amadurecem e fortalecem a nossa caminhada. São Francisco, por quem tenho muita devoção, é um exemplo inspirador para mim. Me ensina que é preciso estar em constante mudança e se doar de coração.
O LÁBARO: E a celebração dos 25 anos?
Pe. Chiquinho: Eu queria uma coisa bem simples. Mas foi bonito ver o envolvimento das pessoas na preparação e a alegria dos que vieram celebrar comigo: as pessoas das paróquias onde trabalhei, os padres… Então foi um momento de reviver cada passo da minha ordenação em 94 e também quando cheguei no seminário. Lembro da imagem do Monsenhor Irineu me acolhendo no seminário no ano de 84. Não tem como não se emocionar. Foi uma alegria imensa. Só tenho o que agradecer.
Por Pe. Jaime Lemes, msj
Fonte: Jornal O Lábaro edição novembro de 2019