A Campanha da Fraternidade completa, em 2024, 60 anos de realização, idealizada em 1964 por Dom Eugênio Sales, na época Arcebispo da Arquidiocese de Natal (RN), teve com Dom Helder Câmara, então secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o grande esforço pastoral em torná-la nacional, sendo assumida por toda Igreja no Brasil.
O atual coordenador do Setor de Campanhas da CNBB, padre Jean Poul, falou em entrevista à Rádio Vaticano enfatizando que a Campanha da Fraternidade, nesse período de 60 anos, como o maior projeto de pastoral de conjunto da Igreja no Brasil.
“A campanha da Fraternidade, há 60 anos, é um projeto nacional de conversão pessoal, comunitária e social, que a Igreja no Brasil propõe a todos os homens e mulheres de boa vontade durante o tempo da quaresma. A Campanha da Fraternidade é, sem dúvida, o maior projeto de pastoral de conjunto da Igreja no Brasil. A Campanha da Fraternidade chega com a sua reflexão, com o seu cartaz, com o seu hino, com o texto base, com a via-sacra e com os muitos subsídios que são hoje produzidos às mais longínquas comunidades Cristãs do Brasil, aonde nenhum outro projeto da CNBB chega, a Campanha da Fraternidade alcança. Além disso, o seu gesto concreto, na Coleta Nacional da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos, consegue ajudar inúmeras iniciativas, inúmeros projetos sociais relacionados ao tema da Campanha da Fraternidade daquele ano em todo o Brasil, a sua coleta chega ao grande número de projetos para tornar realidade aquilo que propomos na Campanha da Fraternidade.”
Em 2024, o tema da Campanha da Fraternidade é “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23, 8). Padre Jean explicou que o tema deste ano acolhe o ensinamento do Papa Francisco apresentado em sua encíclica “Fratelli tutti” e reforça a necessidade de analisar a realidade atual brasileira.
“A importância de abordar esse tema se dá a partir de duas direções, a primeira direção é a análise da realidade que nós vivemos no Brasil, uma realidade de crescente divisão, polarização, ódio, violência e tantas outras coisas que nos desafiam a repropor o ideal Cristão da Fraternidade e da Amizade Social; e em outra direção é acolher o ensinamento do Papa Francisco na sua Carta Encíclica ‘Fratelli tutti’ onde ele já propôs ao mundo este ideal, então nós somamos estes dois desafios e queremos na nossa realidade brasileira acolher o ensinamento do papa mais uma vez porque ele é o ideal para a nossa realidade brasileira hoje.”
O Papa Francisco recebeu a atual presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em audiência, no dia 11 de janeiro de 2024. Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), contou que o Papa ficou impressionado com o tema “Fraternidade e Amizade Social” e também com a arte do cartaz da campanha. “A arte fala de comunhão, fraternidade e de se encontrar ao redor da mesa. Isso o impressionou e ele incentivou a continuar assim”, relatou Dom Jaime.
A atual presidência da CNBB esteve em Roma de 08 a 12 de janeiro de 2024, cumprindo uma série de visitas aos dicastérios. Dom Jaime falou que a mensagem que fica do Papa para a Igreja no Brasil e o povo brasileiro é de promover a fraternidade. “Trouxemos a ele o texto-base da Campanha da Fraternidade deste ano”, disse.
Ao caracterizar a Igreja do Brasil como uma Igreja que busca promover a comunhão e a fraternidade foi apresentado ao Papa o texto base da CF 2024 que trata da Fraternidade Social. “Ele ficou muito impressionado seja com a temática, porque é reflexo da Encíclica Fratelli tutti, resgatando e tentando promover a vida comunitária, e nestes tempos que estamos vivendo consequências de um esgarçamento do tecido social, a temática vem de encontro a um caminho de comunidade, reconciliação para a sociedade brasileira”, afirmou Dom Jaime.
O texto base da Campanha da Fraternidade 2024 apresenta três perspectivas para o caminho quaresmal.
“Primeiro, VER as situações de inimizades que geram divisões, violência e destroem a dignidade dos filhos e filhas de Deus. Segundo, deixar-nos ILUMINAR pelo Evangelho que nos une como família e resgata o sentido das relações humanas baseados no respeito e na reciprocidade do bem comum. Terceiro, AGIR conforme a proposta quaresmal em que nos esforçamos para uma mudança, não só pessoal, mas “alargando a tenda” (cf. Is 54,2), para transformações comunitárias e sociais, em busca de uma sociedade mais amiga, justa, fraterna e solidária”, lê-se no Texto Base página 6.
A Campanha da Fraternidade é um importante convite à solidariedade, como gesto concreto, todos os anos no Domingo de Ramos ocorre a Coleta da Solidariedade, toda oferta e doações deste dia em todas as comunidades do Brasil são destinadas a projetos de cunho social ligados ao tema da Campanha. Dos recursos, 60% ficam na própria diocese e é gerido com o objetivo de apoiar iniciativas e projetos locais. Os outros 40% compõem o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), que é administrado pelo Departamento Social da CNBB, sob a orientação do Conselho Gestor da CNBB.
Com informações do Vatican News e CNBB
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