ANO SANTO JUBILAR 2025 – PEREGRINOS DE ESPERANÇA

É de conhecimento geral que, no próximo ano (2025), celebraremos o Jubileu Ordinário, realizado a cada 25 anos. Este Ano Santo vem ao encontro de nossa vida cristã, fortalecendo-nos na caminhada que devemos trilhar. Ele se apresenta como um oásis em meio ao deserto de nossa existência. Vale destacar que, por “deserto”, não nos referimos apenas às dificuldades e desafios da vida, mas também aos momentos de profunda intimidade com Deus.

Diante disso, é importante retomarmos as origens do Jubileu para compreendermos seu verdadeiro significado no contexto cristão. No livro do Levítico, vemos como o Senhor instituiu o Ano Jubilar para o povo de Israel: um período em que a terra deveria repousar (nenhuma semente deveria ser plantada), as dívidas deveriam ser perdoadas, as terras restituídas (pois o Senhor concedeu uma terra ao povo eleito) e os escravos libertos. Esse jubileu era celebrado a cada 50 anos, iniciando-se no Dia da Expiação (Yom Kippur), uma celebração anual de pedido de perdão pelos pecados de Israel que, neste contexto jubilar, assumia um caráter ainda mais solene e festivo (cf. Lv 25, 8-17). Mais do que um evento concreto, considerando as circunstâncias vividas pelo povo do Oriente Médio há mais de 2.000 anos, o jubileu era um sinal de esperança, apontando para uma realidade superior ao cotidiano da vida.

No Novo Testamento, o sentido do Jubileu é ressignificado. Jesus ultrapassa a dimensão meramente litúrgica do jubileu e lhe confere uma perspectiva ético-social. Isso se evidencia em Lc 4, 18-19, quando, ao proclamar Is 61, 1-2, Jesus se apresenta como o arauto do “ano da graça do Senhor”. Esse ano tem como sinais a libertação dos cativos e oprimidos, a cura dos cegos e a evangelização dos pobres. Trata-se do Jubileu perfeito, que não se limita a um evento quinquenal, mas que se estende ao longo dos séculos, sendo celebrado em espírito e verdade pelos cristãos (cf. Jo 4, 23).

No contexto cristão, o primeiro Jubileu foi promulgado pelo Papa Bonifácio VIII em 1300, recebendo também o nome de “Ano Santo”. A periodicidade dessa celebração foi alterada ao longo do tempo: inicialmente estipulada para ocorrer a cada 100 anos, foi reduzida para 50 anos em 1343 pelo Papa Clemente VI e, posteriormente, para 25 anos em 1470 pelo Papa Paulo II, a fim de que mais pessoas pudessem participar das graças oferecidas nesse período. Além disso, jubileus extraordinários foram celebrados ao longo dos séculos, como o Ano da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco em 2015. Tradicionalmente, essas celebrações incluem peregrinações às Basílicas de São Pedro e São Paulo, em Roma. Posteriormente, foram acrescentados os sinais da Porta Santa e as indulgências plenárias.

Com este novo Jubileu, o Papa Francisco busca renovar a esperança cristã, abalada pelos momentos difíceis vivenciados durante a pandemia (cf. Spes non confundit, n.1). Por isso, o lema escolhido para este ano é a passagem de Rm 5,5: “Spes non confundit — a esperança não engana”. O Jubileu também tem como objetivos aprofundar a espiritualidade do peregrino, promovendo conversão pessoal, oração e intimidade com Deus; fortalecer a comunhão e a sinodalidade; e exercer e fomentar a misericórdia.

A programação contará com peregrinações às Portas Santas ao longo de todo o ano e celebrações específicas, como o Jubileu dos Artistas (16 a 18 de fevereiro), Jubileu dos Trabalhadores (01 a 04 de maio) e o Jubileu das Igrejas Orientais (28 de junho). O calendário será inaugurado com a abertura das Portas Santas, seguindo a ordem: 24/12/2024 — Porta Santa da Basílica de São Pedro; 26/12/2024 — Porta Santa na Prisão de Rebibbia; 29/12/2024 — Porta Santa da Basílica de São João de Latrão; 01/01/2025 — Porta Santa da Basílica de Santa Maria Maior; 05/01/2025 — Porta Santa da Basílica de São Paulo Fora dos Muros. O encerramento se dará pelo fechamento dessas mesmas portas, na ordem inversa a de abertura.

 

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Sem. Wellington Giovane Santos

 

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