No dia 19 de novembro, em cerimônia no Vaticano, o Papa Francisco criou 17 novos cardeais, entre eles, Dom Sérgio da Rocha, Arcebispo de Brasília e Presidente da CNBB. O colégio cardinalício agora está integrado por 228 membros. O Brasil passa a ter 11 cardeais, sendo cinco eleitores, os que tem menos de 80 anos e que podem participar da escolha do novo Papa.
O cardeal é membro do sacro colégio, é quem elege o papa e o auxilia no governo da Igreja (Cân.349). Os cardeais são considerados os conselheiros mais íntimos do Papa, com responsabilidade pelo bem-estar da Igreja no mundo todo, mas sua principal razão de ser na era moderna é eleger um novo papa. A escolha de um cardeal sempre expressa a universalidade da Igreja e de sua missão evangelizadora. A inclusão dos cardeais na diocese de Roma manifesta a inseparável relação entre a Sé de Pedro e a Igreja particular. Dom Sérgio Rocha sendo escolhido como cardeal reforçou o reconhecimento da Igreja no Brasil. Ser cardeal é servir, é ser referência para a Igreja, especialmente para o Papa numa localidade.
Dom Sérgio Rocha se destacou pelo seu serviço, testemunho, capacidade de diálogo e competência. Enquanto cardeal, Dom Sérgio terá oportunidade de ampliar os serviços prestados à comunidade. O Papa Francisco, assim como Dom Sérgio, defende uma Igreja mais perto do povo. O Papa tem escolhido um colégio de cardeais mais comprometido com a justiça social. Dom Sérgio tem uma presença junto à população das periferias de Brasília. Tem um estilo missionário, se comunica bem com movimentos sociais da periferia. Frente a CNBB desde 2015, ele vem imprimindo uma administração mais descentralizada, procurando fortalecer as ações pastorais. Incrementa a missionariedade dos leigos na evangelização.
Quando soube de sua nomeação para cardeal disse não ver o título como uma honraria, mas como uma “responsabilidade de expandir o serviço prestado às populações”. Continua Dom Sérgio, “significa, acima de tudo, ser um servidor da Igreja. Não se pode entender o cardinalato como uma espécie de honraria ou de privilégio – claro que é uma graça, que é um dom de Deus através da Igreja -, mas é um serviço a ser prestado de maneira humilde, generosa, na comunhão com o Santo Padre”.
Ter o Papa Francisco escolhido um cardeal brasileiro significa que ele confia no trabalho evangelizador da Igreja no Brasil. Isso faz com que nossas experiências sejam compartilhadas pelo mundo. O Papa Francisco espera uma união entre os cardeais e a comunidade, nesse sentido são muitas as iniciativas do clero brasileiro que podem ser compartilhadas.
Dom Sérgio como cardeal é uma forma de propiciar um diálogo entre a Igreja Católica e a sociedade. Suas palavras quando foi eleito presidente da CNBB imprimem, de certa forma, o caráter que dará ao seu cardinalato: “Na Igreja não há rupturas e sim, continuidade. Minha intenção é levar minha contribuição pessoal para ajudar a Igreja no que for preciso. Somos todos servidores da população”.
Prof. José Pereira da Silva
Fonte: Jornal O Lábaro – dezembro/2016
Foto: EBC