Cidade do Vaticano (RV) – “Se a Igreja não recebe o fogo do Espírito Santo ou não o deixa entrar em si, torna-se uma Igreja fria ou somente morna, incapaz de dar vida, porque é feita de cristãos frios e mornos”.
Inspirado nas palavras de Jesus narradas em Lucas: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso”, o Papa Francisco dedicou a sua alocução – que precede a oração mariana do Angelus – à ação do Espírito Santo na vida da Igreja e em nossa vida: “um fogo que começa no coração, e não na mente”, frisou.
O fogo do qual fala Jesus no Evangelho – explica o Papa – é o fogo do Espírito Santo, “presença viva e atuante em nós desde o dia do Batismo. Ele – o fogo – é uma força criadora que purifica e renova, queima toda miséria humana, todo egoísmo, todo pecado, nos transforma a partir de dentro, nos regenera e nos torna capazes de amar”:
“Jesus deseja que o Espírito Santo irrompa como fogo no nosso coração, porque somente partindo do coração, que o incêndio do amor divino poderá propagar-se e fazer progredir o Reino de Deus. Não parte da cabeça, parte do coração. E por isto Jesus quer que o fogo entre em nosso coração. Se nos abrirmos completamente à ação deste fogo que é o Espírito Santo, Ele nos dará a audácia e o fervor para anunciar a todos Jesus e a sua consoladora mensagem de misericórdia e de salvação, navegando em mar aberto, sem medo. Mas o fogo começa no coração”.
O Papa recorda, que para cumprir a sua missão no mundo, “a Igreja tem necessidade da ajuda do Espírito Santo, para não deixar-se frear pelo medo e pelo cálculo, para não habituar-se a caminhar dentro de fronteiras seguras”. Francisco adverte que “estes dois comportamentos, levam a Igreja a ser uma Igreja funcional, que não arrisca nunca”:
“Pelo contrário, a coragem apostólica que o Espírito Santo acende em nós como um fogo, nos ajuda a superar os muros e as barreiras, nos faz criativos e nos impele a colocarmo-nos em movimento para caminhar também por caminhos inexplorados ou desconfortáveis, oferecendo esperança a quantos encontramos”.
Precisamente com este fogo do Espírito Santo – disse o Santo Padre – “somos chamados a nos tornar sempre mais comunidade de pessoas guiadas e transformadas, cheias de compreensão, pessoas de coração dilatado e de rosto alegre”. E acrescenta:
“Mais do que nunca existe a necessidade, mais do que nunca hoje existe a necessidade de sacerdotes, de consagrados e de fiéis leigos, com o olhar atento do apóstolo, para mover-se e parar diante das dificuldades e das pobrezas materiais e espirituais, caracterizando assim o caminho da evangelização e da missão com o ritmo curador da proximidade. Há precisamente o fogo do Espírito Santo que nos leva a nos fazer “próximos” dos outros: das pessoas que sofrem, dos necessitados; de tantas misérias humanas, de tantos problemas; dos refugiados, daqueles que sofrem. Aquele fogo que vem do coração. Fogo”.
Francisco recordou então dos “numerosos sacerdotes e religiosos que, em todo o mundo, se dedicam ao anúncio do Evangelho com grande amor e fidelidade, não raro a custo da própria vida”, e advertiu que se a Igreja não se abre ao fogo do Espírito, torna-se fria:
“O exemplar testemunho deles nos recorda que a Igreja não tem necessidade de burocratas e de diligentes funcionários, mas de missionários apaixonados, imbuídos pelo ardor de levar a todos a consoladora palavra de Jesus e a sua graça.
Este é o fogo do Espírito Santo. Se a Igreja não recebe este fogo ou não o deixa entrar em si, torna-se uma Igreja fria ou somente morna, incapaz de dar vida, porque é feita de cristãos frios e mornos. Nos fará bem hoje, tomar cinco minutos e nos perguntar: “Mas, como está o meu coração? É frio? É morno? É capaz de receber este fogo?”. Tomemos cinco minutos para isto. Nos fará bem a todos.
Ao final de sua alocução, o Santo Padre recordou o exemplo “de São Maximiliano Kolbe, mártir da caridade, cuja festa recorre hoje: que ele nos ensine a viver o fogo do amor de Deus e pelo próximo”. (JE)
Eis a alocução do Santo Padre na íntegra:
“O Evangelho deste domingo faz parte dos ensinamentos de Jesus dirigidos aos discípulos durante a sua subida à Jerusalém, onde lhe espera a morte na cruz. Para indicar o objetivo de sua missão, Ele se serve de três imagens: o fogo, o batismo e a divisão. Hoje quero falar da primeira imagem: o fogo.
Jesus a expressa com estas palavras: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso”. O fogo do qual Jesus fala é o fogo do Espírito Santo, presença viva e atuante em nós desde o dia do Batismo. Ele – o fogo – é uma força criadora que purifica e renova, queima toda miséria humana, todo egoísmo, todo pecado, nos transforma a partir de dentro, nos regenera e nos torna capazes de amar. Jesus deseja que o Espírito Santo irrompa como fogo no nosso coração, porque somente partindo do coração que o incêndio do amor divino poderá propagar-se e fazer progredir o Reino de Deus. Não parte da cabeça, parte do coração. E por isto Jesus quer que o fogo entre em nosso coração. Se nos abrirmos completamente à ação deste fogo que é o Espírito Santo, Ele nos dará a audácia e o fervor para anunciar a todos Jesus e a sua consoladora mensagem de misericórdia e de salvação, navegando em mar aberto, sem medo. Mas o fogo começa no coração.
No cumprimento de sua missão no mundo, a Igreja – isto é, todos nós Igreja – tem necessidade de ajuda do Espírito Santo para não deixar-se frear pelo medo e pelo cálculo, para não habituar-se a caminhar dentro de fronteiras seguras. Estes dois comportamentos levam a Igreja a ser uma Igreja funcional, que não arrisca nunca. Pelo contrário, a coragem apostólica que o Espírito Santo acende em nós como um fogo nos ajuda a superar os muros e as barreiras, nos faz criativos e nos impele a colocarmo-nos em movimento para caminhar também por caminhos inexplorados ou desconfortáveis, oferecendo esperança a quantos encontramos. Com este fogo do Espírito Santo somos chamados a nos tornar sempre mais comunidade de pessoas guiadas e transformadas, cheias de compreensão, pessoas de coração dilatado e de rosto alegre. Mais do que nunca existe a necessidade, mais do que nunca existe a necessidade de sacerdotes, de consagrados e de fieis leigos, com o olhar atento do apostolado, para mover-se e parar diante das dificuldades e das pobrezas materiais e espirituais, caracterizando assim o caminho da evangelização e da missão com o ritmo curador da proximidade.Há precisamente o fogo do Espírito Santo que nos leva a nos fazer “próximos” dos outros: das pessoas que sofrem, dos necessitados; de tantas misérias humanas, de tantos problemas; dos refugiados, daqueles que sofrem. Aquele fogo que vem do coração. Fogo.
Neste momento, penso também com admiração sobretudo aos numerosos sacerdotes e religiosos que, em todo o mundo, se dedicam ao anúncio do Evangelho com grande amor e fidelidade, não raro a custo da própria vida. O exemplar testemunho deles nos recorda que a Igreja não tem necessidade de burocratas e de diligentes funcionários, mas de missionários apaixonados, imbuídos pelo ardor de levar a todos a consoladora palavra de Jesus e a sua graça.Este é o fogo do Espírito Santo. Se a Igreja não recebe este fogo ou não o deixa entrar em si, torna-se uma Igreja fria ou somente morna, incapaz de dar vida, porque é feita de cristãos frios e mornos. Nos fará bem hoje, tomar cinco minutos e nos perguntar: “Mas, como está o meu coração? É frio? É morno? É capaz de receber este fogo?”. Tomemos cinco minutos para isto. Nos fará bem a todos.
E peçamos a Virgem Maria para rezar conosco e por nós ao Pai celeste, para que derrame sobre todos os fieis o Espírito Santo, fogo divino que aquece os corações e nos ajude a ser solidários com as alegrias e os sofrimentos dos nossos irmãos. Nos sustente no nosso caminho o exemplo de São Maximiliano Kolbe, mártir da caridade, cuja festa recorre hoje: que ele nos ensine a viver o fogo do amor de Deus e pelo próximo”.
(JE)
Fonte: Rádio Vaticano
Foto: ANSA