A maternidade e a formação da família

A família é a primeira e fundamental instituição no desenvolvimento do ser humano, responsável pela saúde física e pela organização dos aspectos sociais, afetivo-emocionais e psíquicos da pessoa. Sua boa organização, estrutura e afeto são essenciais para o bom desenvolvimento dos filhos.

A função materna é primordial para o bom desenvolvimento da pessoa humana. Nessa função está incluída a boa relação de vínculo, ou seja, um vínculo mãe-criança em que o cuidado, a proteção, o carinho e o amor estejam presentes, atuação esta, essencial para o desenvolvimento saudável. A qualidade desta interação tem reflexos na constituição e construção da pessoa, influenciando e determinando suas condutas e seu sistema de valores emocionais, sociais, morais e éticos.

A relação e as influências têm início na gestação, os sentimentos da mãe com relação ao bebê são de grande importância. Quando a criança é desejada e querida, esse afeto é transmitido ao bebê, e os benefícios desse sentimento são assimilados positivamente no desenvolvimento. Assim também, os sentimentos nocivos da rejeição que repercutem na maneira como a pessoa se compreende e se posiciona nas relações humanas, muitas vezes, não se sentido capaz ou merecedora de ser amada.

Após o nascimento, a interação da relação mãe-criança deve contemplar o amor de doação, de entrega e cuidado por parte da mãe. A criança aprende pelo que sente das relações que estabelecem com ela, muito mais do que lhe é dito, isso significa que nada adianta dizer à criança algo que destoe do que ela percebe e sente. Podemos exemplificar, se uma mãe diz que ama seu filho, mas quase não se preocupa com ele, negligenciando nos cuidados e zelo pelo seu bem estar, o que o filho sente com as atitudes da mãe não coincidem com suas palavras. Isso gera um desconforto grande na criança e traz conseqüências negativas na formação de sua dinâmica e estrutura psicológica.

Uma mãe “suficientemente boa”, como se referem vários autores na área de psicologia, supre as principais necessidades para que a criança se transforme em um adulto consciente de suas responsabilidades e com bom equilíbrio sócio-emocional. Mas quando ocorre a privação do abastecimento destas necessidades, ou quando são negligenciadas, já na adolescência são percebidas desordens emocionais e dificuldades nos relacionamentos sociais e problemas de conduta, posicionamento este que provoca muitas vezes desgastes na família e prováveis problemas de ordem social.

Não podemos generalizar, pois existem alguns quadros de desordem emocional que não são reflexos de uma “falta” de estrutura familiar, mas sim, de quadros de transtornos de ordem genética, orgânica ou de personalidade. Mas, a maioria dos quadros de “problemas” emocionais tem sua raiz na história familiar, que quando percebidos, tratados e/ou elaborados pela pessoa, são passiveis de superação promovendo uma organização interna que permite que ela consiga compreender sua história de vida e como esta influência lhe trouxe interpretações distorcidas de sua realidade nas relações que estabeleceu até o momento em sua vida, que lhe causaram momentos de sofrimento e infelicidade.

Cuidemos de nosso bem estar emocional para que possamos conseguir cuidar e zelar por aqueles que geramos e amamos, assim, proporcionando a eles e a nós mesmos a alegria de formar vínculos saudáveis e uma vida mais feliz e completa em suas necessidades.

Laura Fogaça Saud
Psicóloga

Fonte: Jornal O Lábaro – edição maio/2016

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