Após escuta de comunidades, paróquias e decanatos, nos empenhamos a identificar e analisar a realidade social e eclesial de nossa Diocese. Isso foi parte de um processo participativo que durou mais de um ano e culminou na realização da assembleia diocesana de pastoral, realizada no dia 21 de novembro próximo passado. Nessa oportunidade, mais de duzentas pessoas representando todos os segmentos da Diocese, estiveram reunidas para fazer escolhas e indicar prioridades pastorais.
Essa prática de decisões conjunta não é novidade na Igreja, mas caracteriza séculos de tradição. Registro disso nós já temos nos Atos dos Apóstolos quando, diante de um impasse surgido acerca dos compromissos que os pagãos convertidos ao cristianismo deveriam assumir, os apóstolos reuniram-se com as principais lideranças da comunidade e, inspirados pelo Espírito Santo, tomaram as decisões que definiram os rumos da igreja nascente (cf. At 15). O mesmo pode ser constatado, ao longo de toda a história da Igreja, pela realização de inúmeros concílios, sínodos, assembleias, conferências, conselhos, etc que comprovam a prática das decisões colegiadas, das quais os bispos são promotores e guardiães. Ao realizarmos nossa assembleia pastoral nós participamos desta prática eclesial.
Nossas escolhas pastorais não se constituem como opções isoladas ou independentes do conjunto da Igreja, considerando os âmbitos: regional, nacional ou universal. Somos uma parcela do Povo de Deus que tem opções referenciais. Podemos constatar isso através de expressões recorrentes em nosso meio e que nos reportam a importantes eventos de decisões comuns, entre os quais destaco: o Concílio Vaticano II, os Sínodos, em especial o último sobre a família, as Conferências do Episcopado Latino Americano, as diretrizes pastorais estabelecidas pelas assembleias da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), etc. Esses grandes eventos eclesiais nos legaram importantes indicadores que marcam nossa ação evangelizadora e podem ser identificados por expressões que ficaram gravadas em nossa memória, tais como: Igreja somos todos nós; a Igreja é discípula missionária, vive em comunhão e participação, parte sempre de Cristo, deve ser profética e misericordiosa, samaritana, fez opção preferencial pelos pobres, pelos jovens, pelos construtores da sociedade pluralista, indica-nos urgências pastorais, etc.
Se nosso olhar se volta para Cristo, identificamos nele todas essas disposições e atenções. O que é novidade: o estado permanente de missão?,a opção pelos pobres?, constituir comunidades?, ser igreja em saída? O que é novo? Ao fazer opções não nos cabe inventar nada de novo, mas, diante dos desafios que se apresentam, partindo de Cristo, procurar as respostas pastorais mais adequadas ao momento que vivemos. Em nossa assembleia evidenciou-se nitidamentea necessária atenção à família, aos jovens envolvidos e vítimas das drogas e da violência e ao processo de iniciação cristã.
Em relação à família vamos nos dedicar a promover valores humanos e cristãos a partir da evangelização bíblica. Teremos que nos dirigir, missionariamente, àquelas famílias que atualmente ainda não atingimos. Ter redobrado empenho a fim de oferecer um consistente processo de iniciação à vida cristã, favorecendo o encontro com Cristo, que se dá na família e na comunidade, através da Palavra de Deus e da Eucaristia, a fim de que aconteça a experiência de discipulado.
Caberá agora a cada paróquia, orientada e sob a responsabilidade do pároco, reunir o Conselho Paroquial de Pastoral e, a partir destas diretrizes diocesanas, organizar o plano paroquialde pastoral. Para isso, sigam o modelo fornecido ao final da assembleia diocesana ou busquem orientação junto ao secretariado diocesano de pastoral. Todos os institutos religiosos, movimentos, organismos, entidades e associações presentes nesta Igreja Diocesana orientem-se e planejem suas ações servindo-se destas diretrizes que serão, oportuna e detalhadamente, publicadas. Que o Espírito Santo conduza e torne fecundos todos os nossos esforços pastorais conjuntamente assumidos.
Dom Wilson Angotti
Bispo da Diocese de Taubaté
Fonte: O Lábaro – dezembro/2015
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