O Brasil mostra a sua cara

No dia seguinte a abertura da copa do mundo, li nos jornais e assisti nos noticiários televisivos que, enquanto a presidente Dilma era hostilizada no estádio por uma multidão em verde e amarelo, nas ruas, os tais de “black bloc” e outros que protestavam contra o evento eram atacados por cidadãos trajando as mesmas cores. No estádio, vaias e palavrões dirigidos a presidente e aos cartolas da FIFA. Nas ruas, manifestantes eram alvejados por ovos e sacos com água, além da repressão policial. Aliás, muita gente aplaudia a ação da polícia e até apontava os baderneiros.

Interessante. Durante meses e até o momento dessas manifestações do povo, os dois lados diziam exprimir a vontade popular. Enquanto o governo, em rede nacional, tentava contemporizar defendendo os gastos com a copa, os manifestantes contrários gritavam dizendo defender os direitos do povo. Cada um, a seu modo, dizia representar a sociedade brasileira. Um, movimentando o aparelho estatal para financiar as obras e capitalizar dividendos eleitorais. O outro, parando cidades todo dia com greves e piquetes.

Quando, porém, a festa de fato começou, o povo verde amarelo rejeitou tanto um como outro. Mostrou-se insatisfeito tanto com o governo quanto com aqueles que vivem aporrinhando o cotidiano com constantes protestos, impedindo a passagem e o direito de ir e vir, depredando patrimônio público e os bens de cidadãos que deram o duro para conquista-lo.

Naquele dia 12 de junho, o Brasil mostrou a sua cara. E ela se fechou para dar bronca no governo e na FIFA como também nos baderneiros. Na verdade o recado já tinha sido dado em junho de 2013, quando as manifestações eram civilizadas, o povo era mesmo o povo e dizia, em cartazes ou na voz, aos que se fizeram donos da opinião (políticos, jornalistas e intelectuais neologistas): “vocês não me representam”.

Fica o recado para esses e também para outros que pretendem ser a boca do povo. O Brasil sabe falar por si mesmo. Quer copa, quer políticos honestos, quer educação e saúde de alto padrão! Como também quer diversão, estádios, esportes e cultura de boa qualidade. Quer ir e vir quando quiser. Não quer baderna, não quer quebradeiras, não quer a tirania de quem defende a democracia.

Pe. Silvio Dias
pesilvio@hotmail.com

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