UM SÍNODO SOBRE A SINODALIDADE

O sínodo Entre 1962-1965, em três sessões, realizou-se o Concílio Vaticano II; este teve como uma das principais intuições enfatizar a missão e a postura dialogal da Igreja com o mundo atual. Em conformidade com o espírito conciliar e com o intuito de reforçar o autêntico espírito de colegialidade entre o Papa e todo o Colégio Episcopal, por meio da carta “Apostolica Solicitudo”, de 15 de setembro de 1965, o Papa Paulo VI instituiu o Sínodo dos Bispos para toda a Igreja. Ordinariamente, o sínodo dos bispos ocorre a cada cinco anos, com o intuito de refletir diferentes temáticas referentes à vida e à missão da Igreja. Com o mesmo propósito, o Papa Francisco, mantendo fidelidade àquilo que o Espírito Santo suscitou na Igreja, convocou para outubro de 2023 um sínodo sobre a sinodalidade. Com a intenção de fazer com que o sínodo dos bispos seja um exercício de sinodalidade para toda a Igreja, o Santo Padre convoca-nos todos a participar desse processo. Nas palavras do Papa Francisco “o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio”. Com esta sinalização, o Papa convoca toda a Igreja a participar do sínodo que tem por tema: “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão”. O processo sinodal será iniciado solenemente nos dias 9 e 10 de outubro de 2021, em Roma, e a 17 de outubro seguinte em cada uma das Igrejas Particulares, ou seja, nas Dioceses.

O que é sinodalidade? A palavra “sínodo” vem do grego syn que significa “mesmo” e hodós, que significa “caminho”. No latim, sinodus significa “reunião” ou “assembleia”. Sínodo é, pois, uma assembleia que tem por objetivo definir caminhos comuns. Por consequência, sinodalidade é a disposição em se trilhar um caminho não individual ou personalista, mas um caminho que se faz de maneira comum. Na Igreja, a sinodalidade é expressão concreta da colegialidade e da comunhão que devem caracterizar a Igreja de Cristo. O Concílio Vaticano II evidenciou a Igreja como mistério de comunhão. Comunhão com Deus e dos Irmãos entre si, que constituem o Povo de Deus, o Corpo Místico de Cristo. Esse espírito de comunhão colegial foi evidenciado pelo Concílio Vaticano II, mas não é algo novo, é próprio da Igreja. Já no início do cristianismo, os Apóstolos se reuniram em Jerusalém para resolver uma questão que havia surgido e que gerava conflito e divisão na Igreja (cf. Atos 15). A decisão foi tomada em reunião dos Apóstolos, naquilo que ficou conhecido como “Concílio de Jerusalém”; um exemplo concreto de comunhão, de colegialidade, de sinodalidade. Em cada época, mantendo fidelidade ao Evangelho e à Tradição da Igreja, procura-se responder aos desafios e às questões do momento. O Concílio de Trento (séc. XVI), dadas as circunstâncias históricas daquele momento, teve que enfatizar a função da autoridade hierárquica. Já as circunstâncias do século XX levaram o Concílio do Vaticano II a evidenciar na Igreja o espírito dialogal, de comunhão e serviço. Se o Concílio de Trento procurou enfatizar aspectos institucionais da Igreja, o Vaticano II evidenciou a evangélica missão da Igreja a serviço da humanidade. Ao se enfatizar um aspecto não se nega outro que nos é próprio; só se busca o que melhor responde às necessidades de cada época. Em nossa Igreja Diocesana, várias são as instâncias que expressam sinodalidade, como por exemplo, no âmbito das Paróquias: os Conselhos Paroquiais de Pastoral (CPPs), os Conselhos de Administração e Economia (CAEPs), e cada uma das equipes de coordenação; no âmbito Diocesano temos: o Colégio dos Consultores, o Cons. de Presbíteros, o Cons. Diocesano de Pastoral, as Assembleias Pastorais, o Conselho de Administração e Economia (CAED), o Cons. dos Formadores (seminário), a Equipe Diocesana de Coordenação Pastoral (EDCP), a Equipe Administrativa Executiva (EAE), etc.

A participação na fase diocesana Para o Sínodo convocado para 2023, o Santo Padre tem como intenção ampliar o processo participativo. Além de ouvir os Bispos do mundo todo ele também pretende ouvir os outros fiéis e, na medida do possível, até os mais afastados e os descrentes. O sínodo deverá acontecer em três fases: 1ª a da Igreja Diocesana; 2ª a das Conferências Episcopais e Continentes; 3ª por fim no âmbito universal da Igreja. De imediato é solicitada nossa manifestação no processo de consulta nas Igrejas Particulares (Dioceses). Serão ouvidos o Clero, os Consagrados e os fiéis Leigos. Pessoas mais afastadas e até sem vínculo eclesial poderão se manifestar por meio de canais de escuta nas paróquias ou mesmo por meios digitais. A pergunta fundamental é: Uma Igreja Sinodal, ao anunciar o Evangelho, “caminha em conjunto”. Como é que este “caminho em conjunto” acontece hoje em nossa Diocese? Que passos o Espírito Santo nos convida a dar para caminharmos juntos? Esta questão fundamental se desdobrará em outras perguntas específicas, que serão apresentadas oportunamente. Em nossa Diocese, no mês de outubro ocorrerá a consulta ao Clero; nos meses de novembro e dezembro consulta às Paróquias e aos Religiosos nelas situados, sendo elaboradas as respectivas sínteses. Em janeiro de 2022 serão elaboradas as sínteses por Foranias e em fevereiro a síntese Diocesana. Dia 12 de março teremos o Encontro Pré Sinodal Diocesano, que reunirá os mesmos participantes de nossa última Assembleia de Pastoral, realizada ao final de 2019. Até o dia 20 de março enviaremos a síntese Diocesana para a CNBB. Convido todos a participar deste processo que nos faz crescer em comunhão e nos exercita nos caminhos da sinodalidade.

Dom Wilson Angotti
Bispo Diocesano

 

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