Transfigurados pelo amor do Bom Jesus

No mês de agosto a Igreja celebra a festa da Transfiguração do Senhor. Nesse dia, em paróquias e comunidades que O tem como patrono, é celebrada a festa do “Bom Jesus”. Em nossa Diocese temos, em Tremembé, a basílica do Senhor Bom Jesus que, de longa data, se destaca pelo grande número de fiéis que lá se reúne para celebrar o Padroeiro da Cidade. Segundo informação dada pela própria Paróquia, o registro que autorizou a bênção de uma imagem do Bom Jesus, para a Cidade, é encontrado, em livro de 1663, na Câmara Eclesiástica do Rio de Janeiro. Em 1974 o Papa Paulo VI, conferiu o título de basílica à igreja matriz, onde tantos fiéis, atraídos pelo Bom Jesus, são também por Ele ‘transfigurados’.

Esse adjetivo junto ao nome de Jesus expressa nosso reconhecimento de que Deus é bom! É bom porque nos criou por amor. Bom porque, nos amando, veio ao nosso encontro e assumiu a condição humana. É próprio de quem ama ir ao encontro do ser amado! É bom porque viveu por nós e porque por nós deu a vida. Jesus mesmo declara: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo. 15,13). Ele deu a vida por nós. Para recordar isso, a imagem do Bom Jesus é a imagem do Cristo que sofre a paixão.

Próprio da festa celebrada é lido o evangelho da transfiguração (Mc. 9,2-10). Retirado com Pedro, Tiago e João, Jesus se transfigura diante deles, antecipando-lhes, por esse sinal, o que seria sua glória. Esse episódio da vida de Jesus se deu logo após o reconhecimento, por parte de Pedro, de que Jesus era o messias, Filho de Deus, e ao anúncio que, imediatamente, Jesus fez de que deveria ir a Jerusalém, onde seria morto e ressuscitaria. A transfiguração é um sinal que o Bom Jesus dá aos discípulos com a intenção de que eles não se escandalizassem nem desanimassem diante do sofrimento provocado pela paixão e morte do Senhor. É o Bom Jesus que prepara os discípulos, demonstrando por esse sinal, que a vida supera a morte e que a glória que se manifestaria pela ressurreição triunfaria sobre o sofrimento e a humilhação da cruz.

Apesar desse ensinamento tão sólido de nossa fé, há quem se diga cristão, mas não suporta as dificuldades e os sofrimentos que são inevitáveis à nossa condição humana. No momento da dificuldade há aqueles que, por desespero ou fraqueza da fé, se justificam dizendo: “Nessas horas a gente procura de tudo!”. Mas quem tem Deus tem tudo! Há também aqueles que vão a busca de promessas que Jesus jamais fez a seus discípulos. Procuram por facilidades junto a quem promete que todos os problemas serão superados, que toda doença será curada, que todo empreendimento terá pleno êxito… Como pode alguém ou alguma igreja cristã, em nome de Jesus, prometer coisas que Jesus mesmo jamais prometeu a quem se dispõe a segui-Lo? Ao contrário, alertando quem o queria seguir, Jesus dizia: “Se alguém quer me seguir renuncie a si mesmo (não busque a própria vontade ou só o que lhe interessa), tome sua cruz (assuma a vontade do Pai celeste) e siga-me” (Mc. 8,34). Ou ainda: Você quer ser meu discípulo? Pense bem, pois “as raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt. 8,20). O que aprendemos do Bom Jesus é que seus discípulos, tal como Ele, não serão livres das dificuldades, mas poderão ter a certeza de que, em todas as situações, por mais difíceis que sejam, poderão contar sempre com seu amor que nos ampara e salva, livrando da morte e destinando-nos à gloria eterna da comunhão consigo.

Somos transfigurados pelo Bom Jesus quando, sentindo-nos amados por Ele, aprendemos a não buscar nossa vontade ou a nós mesmos, mas, a exemplo dEle, nos entregamos confiantes nas mãos do Pai. Atualmente, para nós, a reflexão da Palavra de Deus, a oração, a frequência aos sacramentos e a participação na igreja, nos animam frente as dificuldades que temos que enfrentar da mesma forma como a transfiguração de Jesus serviu para animar os discípulos diante do escândalo do sofrimento e da cruz. Nos momentos mais difíceis da vida, façamos a experiência de nos entregar confiantes nas mãos de Nosso Senhor, pois Deus é bom! Jesus é bom e quem nEle confia jamais fica desamparado.

Dom Wilson Angotti
Bispo Diocesano de Taubaté

Fonte: Jornal O Lábaro – agosto de 2015

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